Principal líder do grupo dissidente do MDB que deu sustentação à campanha vitoriosa de Ronaldo Caiado (DEM) para o governo do Estado, o prefeito Adib Elias poderá disputar o comando do MDB com o deputado federal e atual presidente da legenda, Daniel Vilela, na convenção marcada para fevereiro próximo.
Adib Elias, que já presidiu o partido, está sendo estimulado a concorrer à presidência pelos emedebistas – prefeitos, vereadores e deputados estaduais – para garantir a presença da agremiação na base de sustentação do governo Caiado.
Daniel Vilela, que concorreu ao Palácio das Esmeraldas e ficou em segundo lugar nas urnas, diz que o MDB deverá assumir posição oposicionista à gestão de Ronaldo Caiado, o que contraria os dissidentes emedebistas que seguem a orientação do governador eleito.
De imediato, Caiado poderá ter apoio da bancada do MDB na Assembleia Legislativa, já que os deputados reeleitos Bruno Peixoto, Paulo Cezar Martins e Humberto Aidar não dão sinais de que pretendem fazer oposição ao governo Caiado. O MDB não conseguiu eleger nenhum deputado federal.
Nailton Oliveira, ex-prefeito de Bom Jardim de Goiás e ex-presidente da executiva estadual do MDB, articula movimento no partido para lançar a candidatura de Adib Elias à presidência do partido. “Adib Elias tem história do MDB, liderou a dissidência em favor de Caiado como autêntico oposicionista aos governos de Marconi Perillo e José Eliton. Tem legitimidade em disputar a presidência do partido”, diz Nailton Oliveira.
EXPULSÃO
Em entrevista ao Jornal Opção Online, Adib Elias afirmou que não aceitará, de forma alguma, ser expulso do MDB e garante que, se preciso, irá enfrentar disputa interna no partido contra o atual presidente, o deputado federal Daniel Vilela.
Adib é alvo do conselho de ética do partido por ter deixado de apoiar Daniel na disputa ao governo de Goiás para fechar aliança com Ronaldo Caiado, governador eleito no último domingo pelo DEM. “Não aceito ser expulso do MDB e também não vou colocar o dedo na ferida daqueles que disputaram eleição. O que pretendo fazer, agora, é reconstruir o partido. Se verdadeiramente parte do partido não quiser que isso aconteça, aí vamos estudar o caminho de uma disputa interna”, afirmou.
Na entrevista, Adib Elias também fez críticas à atual condução da sigla e lamentou a perda de representatividade emedebista nas últimas eleições. “O MDB já chegou a eleger nove deputados, e, agora, são três. Já teve ampla bancada para federal, agora não tem nenhum deputado. A situação não é boa. O partido nunca teve menos de 35% na eleição ao governo e agora teve 15%”, criticou.
Apesar das críticas, Adib diz que respeita Daniel Vilela e o ex-governador Maguito Vilela e reforça que não gostaria de enfrentar o grupo em uma eventual eleição intrapartidária. “Nada tenho de pessoal contra Daniel e Maguito. Os respeito. A nossa divergência é de natureza política, pois sempre entendi que o MDB deveria caminhar com Ronaldo Caiado desde a primeira hora”.
Sobre a participação do MDB no futuro governo de Caiado, Adib diz que 80% da sigla esteve com o democrata no pleito e que ele saberá montar sua equipe, tendo em vista aqueles que caminharam com ele na campanha. “Caiado é grato ao MDB pelo apoio que recebeu para a eleição ao Senado em 2014. Agora, da mesma forma, agradece o apoio expressivo que recebeu de lideranças do MDB à campanha ao governo do Estado”.
NA OPOSIÇÃO
O deputado federal e presidente estadual do MDB, Daniel Vilela, convocou reunião da executiva do partido para esta terça-feira para avaliar o resultado das eleições e estabelecer metas de ação para 2019, quando haverá eleição para renovação do diretório estadual.
Em entrevista logo após a divulgação dos resultados das eleições de domingo, Daniel Vilela disse que o MDB não deve aderir ao governo Caiado com a ocupação de cargos e que o papel do partido é fazer uma “oposição construtiva”.
Em declarações à colina Giro, de O Popular, o ex-governador e ex-prefeito Maguito Vilela afirmou que o MDB não tem outro caminho a não ser fazer oposição ao governo Caiado. “O MDB vai ser oposição. O partido não pode participar do governo, até porque as nossas propostas apresentadas na campanha eleitoral são diferentes das do governador eleito”.
Segundo Maguito, o MDB fez uma campanha propositiva e foi escolhido pelo eleitorado como oposição em Goiás e precisa cumprir essa vontade da população. “O MDB vai fazer uma oposição responsável e construtiva, de alto nível”.
Maguito, que é pai de Daniel Vilela, que ficou em segundo lugar na disputa ao Palácio das Esmeraldas, com 16,14% dos votos válidos, “sai da eleição maior do que entrou” e que a disputa desse ano serviu para dar uma “reoxigenada e renovada” nos quadros emedebistas. “É um processo que precisa continuar”