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Iris Rezende Machado, que há 62 anos escreve a mais sólida história de amor, comprometimento e consideração de um político pelo seu povo, morreu ontem, aos 87 anos de idade, em São Paulo-SP, onde se encontrava internado tratando as consequências de um AVC hemorrágico, sofrido no último dia 6 de agosto. A notícia que chocou os goianos encerra a mais vitoriosa história de um político brasileiro, marcada por realizações, respeito à coisa pública e comprometimento com a vida, principalmente, dos mais vulneráveis. Iris iniciou sua carreira política como vereador de Goiânia, eleito em 1958, e se consolidou como um dos maiores políticos que o Estado de Goiás já conheceu. O primeiro mandato como prefeito da capital lhe foi confiado pela população goianiense ainda em 1965. Antes tinha sido eleito deputado estadual, em 1962, e ocupado a presidência da Assembleia Legislativa de Goiás. À frente do executivo municipal, com uma cidade com pouco mais de 200 mil habitantes à época, Iris iniciou ali a construção da capital fundada por Pedro Ludovico e nunca mais parou de construir Goiânia. O homem que criou os mutirões ocupou praticamente todos os cargos públicos eletivos. Foi vereador, deputado estadual, prefeito por quatro mandatos, governador por dois mandatos, senador, ministro da Justiça e ministro da Agricultura. Cassado em 1969 por força do Ato Institucional nº 5, editado um ano antes pelo presidente militar Arthur da Costa e Silva, Iris teve seus direitos políticos suspensos por 10 anos, mas voltou em 1982, após a anistia, para vencer as eleições daquele ano para governador do Estado, numa das mais emocionantes campanhas eleitorais já vistas em Goiás. Iris parte para a eternidade celebrado por tudo que conseguiu fazer nesses 62 anos de vida pública, sobretudo pelos cenários adversos que enfrentou ao longo dessa caminhada. Sua dedicação e responsabilidade na condução das políticas e ações que garantiram o desenvolvimento de Goiás, de Goiânia e a melhoria das condições de vida do seu povo o legitimam como merecedor de todas as honrarias e reverências.
Fio Direto
Gestor Nota 1000
O sucesso do quarto mandato de Iris Rezende como prefeito de Goiânia o consolidou como exímio gestor, acostumado a levantar gestões quebradas e de maior tocador de obras de que se tem notícias na política goiana. Depois de assumir uma gestão comprometida por rombos que beiravam R$ 1 bilhão, déficit mensal de R$ 31 milhões e outros graves problemas administrativos, o decano emedebista deu mais um show de competência administrativa. Reequilibrou as contas públicas e lançou o maior volume de obras e investimentos que a capital já experimentou em toda sua história.
Político das massas
Iris Rezende parte dessa vida como o maior de todos os goianos, uma celebridade das massas. O homem que dedicou a vida a cuidar do seu povo e a construir Goiânia deixa um legado sem precedentes, que alcançou e alcançará gerações. Iris é uma história, sobretudo de amor e carinho de um político pelo seu povo, que o tempo não vai parar de contar.
Unanimidade
Iris venceu e perdeu eleições e isso nunca foi condição para que o político perdesse seu carisma e o respeito de aliados e adversários. O povo goiano sempre teve uma relação de amor e carinho com Iris Rezende, o que ele explicava como sendo “uma coisa de Deus”. Iris reconhecia a todos como amigos, como velhos conhecidos. Andava no meio do povo como se andasse entre companheiros de jornada. É querido porque sempre cuidou das pessoas, sem distinção.
Luta pela democracia
Como político, Iris Rezende foi um dos principais protagonistas da redemocratização do país. Em 1984, o então governador de Goiás comandou o primeiro grande comício pelas Diretas Já no Brasil. Cerca de 500 mil pessoas foram à Praça Cívica e adjacências, no centro de Goiânia, ouvir Iris Rezende, Tancredo Neves e Ulysses Guimarães bradando pela volta do voto direto para presidente da República, suspenso pelo golpe de 1964. Iniciou aqui, sob o comando de Iris, o movimento que culminou com a eleição de Tancredo Neves no colégio eleitoral em 1985.
Um democrata
Iris Rezende tinha na democracia um ideal de vida. Segundo ele, "a democracia, além de servir para evitar os efeitos nefastos do autoritarismo sobre as pessoas e a sociedade, é também um sistema que obriga políticos e gestores a aperfeiçoarem suas ideias e propostas ao máximo, para que elas efetivamente cumpram o propósito de nos fazer avançar enquanto sociedade".
A amizade que uniu Iris a Ronaldo Caiado
A proximidade entre Iris Rezende e Ronaldo Caiado se consolidou desde as eleições de 2014, quando ambos formaram a chapa majoritária para o Governo de Goiás. Iris foi o candidato a governador e Caiado foi eleito naquele ano ao Senado. De lá pra cá, o emedebista e o democrata estiveram cada vez mais unidos e se tratavam como grandes amigos.
Nos dois primeiros anos de Caiado à frente do Governo de Goiás e nos dois anos finais da gestão Iris Rezende na Prefeitura de Goiânia, as parcerias administrativas entre os dois gestores se intensificaram. Foram várias as oportunidades em que Iris e Caiado se encontraram e, nas entrevistas, Iris sempre enalteceu a amizade entre os dois. "Um grande amigo que a vida pública me deu", disse várias vezes se referindo a Caiado.
Nas várias homenagens prestadas ao ex-prefeito Iris Rezende antes do encerramento da sua vida pública, Ronaldo Caiado fez questão de enaltecer as virtudes do amigo. Segundo Caiado, Iris é um líder que se portou sempre com coragem, mesmo nos momentos mais delicados da vida política nacional. “Nunca se acovardou; nunca deixou de estar junto da população. A vida inteira defendeu Goiás com altivez”, lembrou.
Linha cruzada
Iris Rezende sempre foi um entusiasta da imprensa livre. A 13 dias de deixar a prefeitura de Goiânia, o emedebista divulgou carta de agradecimento aos jornalistas e à imprensa dizendo que não teria sido possível o sucesso de sua trajetória política sem o trabalho livre dos profissionais de comunicação e seus veículos.
“Eu tenho absoluta clareza, nesse sentido, de que não teria sido possível minha trajetória de realizações em prol do Brasil, de Goiás e de Goiânia, sem a colaboração de vocês e daqueles que os antecederam. Ao fazerem seu trabalho de acompanhamento e cobrança, foram vocês que me obrigaram a não me contentar com pouco, a aperfeiçoar minhas ideias e a buscar extrair sempre o máximo da política em benefício da população”, confessou.
