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Número reduzido no Legislativo em Goiás

Neste Dia Internacional da Mulher (8 de Março) e nos 90 anos (24 de fevereiro de 1932) de conquista do voto feminino no Brasil, é reduzida a participar delas nas esferas de poder em Goiás: nenhuma senadora, duas deputadas federais e duas estaduais e 33 prefeitas.

Mesmo sendo a maioria dos eleitores brasileiros – 52,50%, apenas 15% dos parlamentares, no Congresso Nacional, por exemplo, são mulheres. No restante do continente, essa taxa – também baixa - é de 31%.

De acordo com dados de uma organização que reúne os parlamentos dos países ligados à ONU, o Brasil ocupa a posição 142 no ranking de mulheres no Congresso Nacional. Países onde as mulheres, historicamente, têm os direitos limitados, como Arábia Saudita, já ocupam posições melhores que Brasil na representatividade feminina na política.

A jornalista Lúcia Vânia também possui uma trajetória de quebra de paradigmas. Foi primeira-dama do Estado, elegeu-se cinco vezes para a Câmara Federal e conquistou dois mandatos consecutivos para o Senado da República. Ocupou também a secretaria nacional de Assistência Social do governo Fernando Henrique Cardoso. Em Goiás, ela foi secretária de Desenvolvimento Social do governo Ronaldo Caiado.

Em Goiás
Entre os representantes de Goiás a discrepância é notável. Os três senadores atuais são homens. Dos 17 deputados federais, apenas duas são mulheres: Flávia Morais (PDT) e Magda Mofatto (PL). E, entre os 41 deputados estaduais, apenas duas são mulheres: Adriana Accorsi (PT) e Lêda Borges (PSDB).

E quando o assunto são cidades goianas, a situação continua desigual: dos 246 municípios, apenas 33 elegeram mulheres como prefeitas em 2020.

Dos 35 vereadores de Goiânia, apenas cinco são mulheres: Luciula do Recanto (PSD), Sabrina Garcêz (PSD), Gabriela Rodart (DC), Léia Klébia (PSC) e Aava Santiago (PSDB).

Em Aparecida de Goiânia, apenas duas mulheres se elegeram: Valéria Pettersen (MDB) e Camila Rosa (PSD). E, em Anápolis, dos 23 vereadores, apenas cinco são mulheres: Andreia Rezende (SD), Thaís Souza (PP), Seliane da SOS (MDB), Trícia Barreto (MDB) e Cleide Hilário (Republicanos).

Desde a conquista do sufrágio feminino brasileiro, há 90 anos, apenas 30 mulheres se tornaram deputadas em Goiás. Em Goiânia, esse número cai para 25 cadeiras na Câmara Municipal. No estado, o pioneirismo feminino carrega o nome de Berenice Artiaga, eleita em 1951. Na capital, Ana Braga, Julieta Fleury e Maria José de Oliveira, deram o start na emancipação política das mulheres, em 1947, ainda na primeira legislatura. Braga, com apenas 24 anos, ao ser empossada, proferiu o primeiro discurso sobre a importância da mulher na política.

Em Goiânia, as primeiras vereadoras legislaram ao lado de 14 homens. Com a chegada delas à Câmara Municipal, foi preciso desenvolver naquela época, antes da posse, a construção de mais um banheiro, visto que na primeira legislatura havia apenas homens eleitos.

Hoje, as mulheres representam mais da metade do eleitorado brasileiro, entretanto, a participação feminina na política parlamentar é mínima. Atualmente, há na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) apenas duas deputadas em um universo de 41 cadeiras.

Já na Câmara de Goiânia, são cinco vereadoras para 35 vagas, sendo o número máximo de mulheres que já estiveram no legislativo da capital simultaneamente. Em 2003, no apogeu da Alego, 11 mulheres se tornaram deputadas, mas esse número não chega, sequer, em 25% das vagas do parlamento goiano.

A primeira deputada eleita, Berenice Artiaga,possui uma história particular, ancorada em uma tragédia para chegar ao poder em 1951, na 2ª Legislatura. Artiaga se reelegeu para a 3ª legislatura e, juntamente com Almerinda Arantes, foram as únicas na Alego em 1955. Na 4ª legislatura, Almerinda continuou como deputada e, mudando da Câmara de Goiânia para a Alego, chega Ana Braga, em 1959. Em 1963, o mandato ficou solitário, apenas com Almerinda sendo a única mulher. Então, após um hiato democrático de 20 anos, chega à Casa, Conceição Gayer e Cleuzita Assis, na 11ª legislatura em 1987.

Ana Braga assumiu o cargo em 1959 e ficou até 1963. Ela era professora, historiadora, advogada, jornalista e procuradora do Estado. Além disso, foi também a primeira vereadora de Goiânia, entre os anos de 1947-1951 e fundou a Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás. Ana Braga foi a favor da ditadura militar, por acreditar que apenas um poder militar poderia “endireitar” o país.

A parlamentar com mais mandato na Alego, é Isaura Lemos. Lemos ocupou cadeira na Casa por cinco legislaturas consecutivas, de 1999 a 2019. Isaura, ainda adolescente, se opunha à ditadura militar. Com 18 anos, ela trancou a faculdade em São Paulo e percorreu todo o país para entregar correspondências aos familiares das lideranças que lutavam contra o governo militar da época e que viviam na clandestinidade.

Após a retomada democrática, a partir de 1987, mais mulheres conseguiram chegar ao poder na Alego. Em 1995, em período de ascensão, Vanda Melo, Denise Carvalho, Onaide Santillo, Dária Alves, Nelci Spadoni e Mara Naves, bateram recorde como candidatas eleitas. Na 14ª legislatura (1999-2003), o resultado foi ainda melhor com Denise Carvalho, Onaide Santillo e Lila Spadoni reeleitas e com a chegada de Isaura Lemos, Lamis Cosac, Raquel Rodrigues e da então vereadora, Rose Cruvinel.

O ápice de mulheres no legislativo goiano foi entre os anos de 2003 e 2007. No total, 11 deputadas foram eleitas e, na Casa, chegaram novos nomes, como Mara Naves, Flávia Morais, Rachel Azeredo, Magda Mofatto, Cilene Guimarães, Laudeni Lemes e Carla Santillo, sobrinha de Onaide Santillo, também eleita.

Com o passar dos anos, a quantidade de eleitas diminuiu. Nas legislaturas seguintes, chegaram à Alego, 8, 3, 4 e 2 mulheres a cada eleição, configurando uma retração na participação feminina.

Histórias de ideais e lutas na Câmara Municipal de Goiânia

A Câmara Municipal de Goiânia carrega uma história de participação feminina em suas eleições, mesmo que ainda tímida. Logo na primeira legislatura, três mulheres chegaram ao poder. Ana Braga, Julieta Fleury, eleita pelo PSD e Maria José Oliveira. Maria nasceu em Catalão, foi reeleita para um segundo mandato e era oposição à Ana Braga, visto que Braga era da União Democrática Nacional (UDN), principal rival de seu partido. As causas femininas também faziam parte das bandeiras de Maria José.

Na 5ª legislatura, a pernambucana Silene de Andrade foi eleita pelo Partido Social Progressista (PSP). Nos registros da Câmara Municipal de Goiânia, Silene é destacada por ter sido uma vereadora competente e séria. Na 8ª legislatura, Goianita Segurado Bessa, da antiga capital de Goiás, Vila Boa, foi eleita pela Aliança Renovadora Nacional (Arena).

Na eleição seguinte, foi a vez de Neuza Luis Pereira, paulista, eleita pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Na 10ª legislatura, Maria Conceição Gayer, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), foi a primeira mulher a assumir a presidência da Câmara de Goiânia, mesmo que por pouco tempo (1º a 9 de fevereiro de 1983). Depois disso, ela se ausentou da cadeira e assumiu o cargo de delegada do Consumidor. A capixaba Maria Dagmar, do mesmo partido de Gayer, também estava presente nessa legislatura e foi eleita como a primeira secretária da Mesa Diretora.

A primeira comunista eleita como vereadora em Goiânia foi Denise Carvalho, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), em 1987. Três anos depois, ela disputou uma cadeira na Alego e foi a mais votada da capital. Seu trabalho relevante lhe rendeu uma reeleição como deputada.
Já a petista Marina Sant’anna participou da 11ª e 12ª legislatura, além de ter atuado dentro do diretório do partido. A principal bandeira era a luta pela Cultura.

Também em 1987, com três vereadoras eleitas, Rose Cruvinel obteve espaço na Câmara, sendo reeleita em 1992 e 1996. Sua atuação debruçou sobre a ocupação desordenada em Goiânia, resultando em diversos projetos nessa área. Olivia Vieira, também do PCdoB, assumiu a vaga de Denise, quando deixou a vereança para ser deputada. Sua luta foi em defesa da saúde.
Nos anos seguintes, a Câmara continuou com duas ou três parlamentares na Casa, até que na 18ª legislatura, em 2017, a Casa contou com número recorde de eleitas, mas ainda pequeno, sendo cinco vereadoras. Léia Klebia (PSC), Priscilla Tejota (PSD), Tatiana Lemos (PCdoB), Dra. Cristina (PSDB) e Sabrina Garcez (PSD), compunham o auge. Na 18º legislatura, o número se manteve, com Sabrina e Léia reeleitas, e a chegada de Aava Santiago (PSDB), Gabriela Rodart (DC) e Luciula do Recanto (PSD).

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