O médico ortopedista Alano Queiroz (Novo) quer uma vaga na Câmara Federal para realizar a defesa do liberalismo e de um sistema de saúde mais eficiente. Candidato pela segunda vez, o político diz ao "Diário da Manhã" que o partido Novo faz escolhas que o diferencia dos demais: por exemplo, o Novo devolveu ( é isso mesmo o que o leitor leu) o orçamento milionário a que tem direito para a União. A sigla - bem claro - não faz uso do Fundo Eleitoral. Sendo assim, cada candidato deve buscar recursos próprios e vaquinhas online para se estabelecer na disputa. "Nós do Novo devolvemos 90 milhões de reais neste ano em um ato simbólico em que participei, em Brasília", informa.
A legenda conseguiu destaque nas eleições de 2018, quando teve um candidato a presidente que marcou a disputa por defender a pauta dos liberais e empreendedores.
Ao "DM", o médico explica a ausência de João Amôedo no comando do partido e das eleições federais neste ano: "Liderança tem que ser algo natural e naturalmente o Amôedo foi a liderança do partido, sendo o quinto colocado em 2018. Ninguém previa isso. Não foi convidado para debate, sem tempo de tevê e chegar à frente de Henrique Meirelles, que era forte, ou Álvaro Dias? Mas na política quem tem mandato acaba tendo uma proeminência maior. E o Zema, governador de Minas, um dos estados mais ricos do Brasil, acaba naturalmente tendo um protagonismo mais amplo".
Neste sábado, 20, o candidato realiza o lançamento de sua candidatura. "Será no Bunker da Liberdade, rua S6, na quadra virando a T-63. Vamos receber as pessoas para adesivar. Um a um vai chegando e vamos tendo um diálogo mais pessoal".
Alano diz que pretende levar temas da saúde para o debate no Congresso, caso seja eleito. "Pretendo apresentar um projeto de lei para zerar a tributação de medicamentos", enfatiza. "Não estou inventando a roda. Já existe em outros países. Nos Estados Unidos é quase zero".
O médico propõe também a digitalização e modernização dos serviços de saúde. "Gastamos muito com má gestão e redundância de exames e procedimentos. Ninguém sabe do histórico do paciente. Precisamos digitalizar o prontuário", fala.
Outro tópico de defesa do médico é a regionalização da saúde. "Vamos defender pólos completos nas regiões do Estado", diz, em uma alusão à ampliação ao modelo iniciado pelo governador Ronaldo Caiado. "Precisamos ter núcleos de cirurgia eletiva, de urgência, políclinicas de especialidades em cada macroregião do Estado. Temos que ter pelo menos 22 policlínicas em Goiás". Para o médico, é preciso, de fato, interiorizar os serviços, o que naturalmente levará mais médicos para o interior do Brasil.
Liberal
Alano diferencia o liberalismo que defende das correntes minarquistas e libertárias. "Estes acham que o Estado deve sair até mesmo da saúde. Os liberais clássicos concebem a saúde como função do Estado. O SUS, do jeito que está arraigado hoje, causa muito mais mal se tirá-lo. Então precisamos aprimorá-lo", explica.
Para os empreendedores, Alano defende a decantada reforma tributária, que nunca saiu do papel. Otimista, o médico quer uma bancada forte que assuma a necessidade de mudança: "Vamos fazer a defesa do bolso da população. É a questão tributária. Chegando no Congresso, prioridade zero: reforma tributária! Estudei as reformas. O melhor modelo é o imposto único. Mas hoje, no Brasil, o melhor é o IVA ( Imposto sob Valor Agregado) mesmo. Pois precisamos de previsibilidade. Precisamos de um modelo que seja mais parecido com os países onde tem investidor querendo colocar dinheiro no Brasil. Afinal, quando ele tem um sistema que é mais parecido com o país de origem, vai sentir mais tranquilidade e previsibilidade jurídica de investir aqui".
Outra pauta defendida pelo candidato é a extinção do IPVA. "É um imposto que não tem mais razão de ser. Já pagamos IPI quando compramos, um dos mais caros do mundo. Já pagamos ICMS…Pagamos 50% do veículo em imposto…imposto de gasolina. E os estados estão cada vez mais terceirizando as rodovias, cobrando pedágio. Apesar de ser um imposto estadual, depende de uma revogação federal, junto aos deputados federais".
Campanha
Alano diz que estima gastos de R$ 400 mil na campanha. O custo barato em relação a previsões milionárias tem um motivo: "Não compramos lideranças de bairros, religiosa, prefeitos…A campanha em si será feita com esse valor e ainda sobrará recursos para impulsionar na rede".
Alano acredita na eleição de ao menos um federal. O Novo lançará 14 postulantes. "Temos uma chapa quase completa e equilibrada. Nossa meta é conseguir 180 mil votos, que garante com tranquilidade ao menos um federal".
O Novo pretende também eleger um deputado estadual. A sigla tem dez postulantes, que almejam 90 mil votos.
Acompanhado de Lenina Ribeiro, psicóloga e uma das candidatas para a Assembleia, Alano defende renovação com a apresentação de candidatos de qualidade, que possam resgatar a política do sequestro imoral que se encontra.
Ideologicamente, o grupo está próximo dos defensores da Lava Jato e das práticas de maior participação efetiva da população. Alano tem apoio de parte das associações médicas, integrantes da Unimed e de uma militância que leva a sério o liberalismo econômico.