Política

Márcio França se lança como pré-candidato ao governo de SP e critica Tarcísio de Freitas

DM Redação

Publicado em 27 de abril de 2025 às 11:20 | Atualizado há 19 horas

O ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), anunciou, durante a convenção de seu partido em São Paulo, sua pré-candidatura ao governo do estado nas eleições de 2026. Em seu discurso, França fez duras críticas ao atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem comparou à vilã Maria de Fátima, personagem da novela “Vale Tudo”, exibida pela TV Globo.

“Pré-candidato de verdade, você tem um período que é a partir do ano que vem. Mas o desejo de disputar a eleição eu tenho. Já comuniquei isso internamente a todo mundo do partido”, afirmou França, confirmando seu interesse na candidatura ao governo do estado.

França fez uma associação entre Tarcísio e o bolsonarismo, ressaltando as acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, que foram investigados por tentativa de golpe de Estado e ataques à democracia. Com uma série de críticas indiretas, o ministro alfinetou o governador paulista, destacando o que considera uma tentativa de Tarcísio de se distanciar de seu grupo político.

“Aqui para São Paulo, nós temos hoje um ovo da serpente sendo gestado, preparado”, afirmou. Ele ainda disse: “O Bolsonaro, com todos os defeitos, é autêntico, é um doido autêntico. Tudo o que ele pensa, ele fala. É melhor do que as pessoas falsas”, referindo-se a figuras políticas que, em sua visão, ocultam suas reais intenções.

Seguindo sua analogia, França comparou Tarcísio à personagem Maria de Fátima, interpretada por Bella Campos na novela “Vale Tudo”. “Sabe aquela moça da novela, a Maria de Fátima? Eu estava vendo ela ontem, ela lá torcendo para a namorada brigar com o namorado, mas dando a expressão que está ajudando. Ela vai empurrar quem ela for. Essa imagem de Fátima é um problema. Esse estilo, pessoa fingida. E aqui nós temos uma situação assim”, disse o ministro, sugerindo que o governador apresenta atitudes de falsidade política.

Márcio França foi vice-governador de São Paulo na gestão de Geraldo Alckmin (PSB), assumindo o governo em 2018, quando Alckmin renunciou para disputar a Presidência. Além disso, foi um dos articuladores, ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), da aliança que uniu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Alckmin, dois antigos rivais, para derrotar Bolsonaro em 2022.

Alckmin, que atualmente ocupa a Vice-Presidência da República, participou da convenção, mas não conversou com a imprensa. Em seu discurso, também condenou os ataques à democracia associados ao bolsonarismo. “Enquanto alguns planejavam assassinar seus adversários, o governo Lula é o governo do diálogo, da paz, da união de todos para fazer o Brasil avançar”, afirmou.

França defendeu que Alckmin continue na chapa de Lula em uma possível reeleição. “É difícil ele [Lula] encontrar um vice com a característica do Alckmin, que não dá entrevista, não fala, é superdiscreto”, comentou. “Eu acho muito difícil o Lula mexer nesse assunto. Eu acho que o presidente, sendo candidato à eleição, vai levar o Alckmin junto, até porque é uma garantia”, completou.

Em conversa com jornalistas antes de seu discurso, França afirmou que sua candidatura pretende reunir os partidos de esquerda, especialmente o PT. “A gente faz parte de um governo federal, hoje eu sou ministro, e estou aguardando o presidente Lula para ver como ele enxerga o quadro. Lula ainda está fazendo seus arranjos nacionais, mas tenho a impressão de que caminha para um acordo”, afirmou. O ministro também revelou que já conversou com Fernando Haddad sobre a candidatura, e o colega afirmou não ter interesse em concorrer novamente ao Palácio dos Bandeirantes.

A convenção do PSB foi realizada no plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e elegeu Caio França, filho de Márcio França, como presidente estadual do partido. Caio, de 36 anos, foi eleito por aclamação como parte de um projeto de rejuvenescimento da sigla, que também conta com Tabata Amaral (31) como presidente do PSB na capital paulista. A nível nacional, o partido deverá ser presidido pelo prefeito do Recife, João Campos, também de 31 anos.

O evento foi marcado por manifestações de apoio ao projeto “sem anistia”, uma referência ao PL que tramita na Câmara dos Deputados e busca impedir punições aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e na tentativa de golpe que está sendo investigada pelo STF.

Em declarações antes de subir ao palanque, França ponderou que ainda é cedo para prever o cenário eleitoral de 2026, considerando que Tarcísio pode optar por disputar a reeleição ao governo de São Paulo ou a Presidência da República. Apesar disso, o ministro acredita que uma pulverização de candidaturas à direita pode favorecer sua candidatura.

“No nosso campo [esquerda], não há tanta disputa como do outro lado. Se o governador disputar a eleição presidencial, aí fica uma salada de um monte de candidatos. E, mesmo que seja contra o governador, eu teria prazer em fazer uma discussão mais profunda com ele”, disse França.

Márcio França, que já foi prefeito de São Vicente e ocupou diversos cargos nas gestões do PSDB, também comentou a respeito da rivalidade com o atual governador. “Você conhecer São Paulo, ser de São Paulo, amar São Paulo, saber o que quer dizer MMDC — que é um absurdo um governador ter dificuldade de entender isso”, disse. MMDC é uma sigla que se refere aos estudantes mortos durante o protesto contra a ditadura de Getúlio Vargas em 1932.

França ainda criticou a administração de Tarcísio, afirmando que o governador não entregou resultados concretos. “O governador foi uma pessoa que falou muito de técnica, mas não entregou nenhum metrô, o Rodoanel continua sem ser concluído. Não houve uma novidade administrativa em São Paulo nos últimos dois, três anos. Ele é uma pessoa que pode ser um bom quadro, comandado por alguém”, afirmou.

França também questionou o desempenho de Tarcísio em áreas como segurança pública e infraestrutura. “O que você vê é isso, uma insegurança, um aumento nos índices de criminalidade, este feriado passado foi um desastre em todas as estradas, trânsito em tudo quanto é canto, e ele na Europa. Ele tem que ser questionado”, concluiu.

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