Pesquisa Serpes deve acelerar “efeito adesão” pró-Caiado
Redação
Publicado em 23 de agosto de 2022 às 13:52 | Atualizado há 3 anos
A pesquisa Serpes divulgada na noite de domingo, 21, trouxe dados que atestam a importância da prática política sempre permeada pelo conhecimento científico. Os dados criam uma situação de paralelismo entre patamares que devem ser cotejados matematicamente antes dos grupos armarem estratégias.
A solidificação da candidatura de Ronaldo Caiado se deve, principalmente, à aprovação do governo, que todas as demais pesquisas anteriores mostraram estar acima da casa dos 40% – patamar folgado para reeleição, segundo a Teoria Geral de Pesquisas Eleitorais.
Diante do acompanhamento destes números, mensuráveis quantitativamente e qualitativamente, apenas aventureiros e principiantes se dispõem a enfrentar candidatos cotados para reeleição. É como – no mundo corporativo – um refrigerante regional como “Jesus” encarar a “Coca Cola” com toda sua tradição e força de marketing e logística.
Invariavelmente, a campanha para estes pretendentes a “Jesus” se torna vitrine para o futuro ou uma experiência de vida. São raríssimos os casos de vitória de candidatos antagonistas a gestores bem avaliados. Existem casos no Brasil, nos anos 1990. De lá para cá, mais nenhuma vez ocorreu a inversão desta paralela.
Com 47,6% das intenções de votos – e quase 63% dos votos válidos –, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), segundo o último levantamento Serpes, projeta nas urnas valores semelhantes ao de aprovação.
Os dados da sondagem revelam um sistema sólido, em que o candidato à reeleição terá pela frente conforto em percorrer o estado, uma vez que disporá a partir de agora do efeito bandwagon – momento em que o líder passa a atrair lideranças com sua força centrípeta.
O mesmo ocorrerá com várias outras lideranças próximas e que disputam as eleições, diante do enorme favoritismo do governador nas urnas. O caso do prefeito de Aparecida de Goiânia, Vilmar Mariano, que terá agora mais nítida a necessidade de reflexão, será um caso de observação. Se continuar a acompanhar a candidatura de Gustavo Mendanha (Patriota), no momento sem perspectivas, ele coloca em risco seus projetos políticos e o próprio município, uma vez que segue um grupo sem perspectivas de vitória. Aderir ao projeto do governador, visando seu próprio futuro político e administrativo, seria o mais lógico.
Muralha
A muralha política construída pelo governador – e
agora sentida nas pesquisas – ocorreu por meio de estratégia comum: a busca de
apoios de prefeitos (212 no total, maior número já declarado em uma eleição no
Estado), de milhares de vereadores, deputados federais e estaduais e lideranças
municipais. Mais 12 partidos, que unidos computam vantajoso horário eleitoral.
O capital político é a base para a projeção popular.
Logo, o
‘efeito adesão’ não teria ocorrido se o gestor apresentasse uma gestão falha.
Do ponto de vista lógico, a condução da estrutura política de Ronaldo
Caiado agiu de forma algorítmica – formal e que busca, além de governabilidade,
situações que garantem potência na disputa, como imagens de vantagem numérica e
intelectual.
Mas a gestão do político do União Brasil foi
heurística. Ronaldo começou em 2019 com foco na dissolução de uma crise deixada
para afetar sua gestão.
Depois,
escolheu mudar o formato das ações sociais no Estado. E conduziu ações na área
de educação, segurança pública e saúde que foram diferentes das gestões
passadas e criaram um ambiente de novidade – que agradou o eleitorado.
Do ponto de vista social, por exemplo, através de programas inventivos (Aluguel Social, segurança alimentar, etc) soube aplacar a fome e desemprego derivado da pandemia. E no momento mais tenso da luta contra a covid-19, se posicionou diante da luta pela vida e defesa do discurso científico.
Como modelo heurístico, as ações de Caiado foram feitas sob o princípio de direito administrativo que inspira o poder discricionário – quando o gestor não é obrigado a agir de determinada forma, mas opta por seguir um modelo em que acredita.
As posturas diante da defesa do isolamento social, da vacina e da abertura de hospitais fizeram do governador um herói político, cuja realização está clara nos números da pesquisa.
Números mostram: goiano não federaliza suas disputas eleitorais
A um mês das eleições, o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, registra 19,7% das intenções de votos. Já o deputado federal Major Vitor Hugo (PL) marca 3,7% das menções estimuladas. Tais números significam grande dificuldade dos dois candidatos bolsonaristas furarem o bloqueio lógico do eleitorado goiano, que não costuma federalizar suas disputas.
Mais uma vez Goiás evita, desta forma, contaminar o processo com a disputa presidencial. Tanto Lula quanto Bolsonaro formam um conjunto de votos que, mesmo juntos, perderiam as eleições no confronto com a aprovação de Ronaldo Caiado.
Mistérios
A pesquisa Serpes, todavia, traz mistérios ainda não resolvidos. É o caso do desaparecimento dos votos do PT no Estado. Jamais a legenda teve tamanha dificuldade para emplacar uma candidatura – o ex-reitor da PUC-GO, Wolmir Amado, é figura extremamente conhecida. Ainda assim pontua menos do que as candidaturas de legendas de esquerda menos populares, como PSOL e UP – Cintia Dias (Psol) tem 2,2%, Professor Pantaleão (UP) 1,1% e Wolmir Amado (PT), 0,6%.
Analistas acreditam que parte dos votos de Mendanha ainda seja de antigos eleitores petistas, uma vez que o político de Aparecida começou a montagem de seu discurso ideológico montado em elogios e parcerias com o PT.
Com o avanço da campanha na reta final é possível que este votos migrem de volta para a legenda, colocando Wolmir Amado na casa dos 5%. Assim, ocorreria uma desidratação de Mendanha e consequente fortalecimento de Amado.