Um socialista quer o Paço Municipal
Diário da Manhã
Publicado em 1 de outubro de 2016 às 02:30 | Atualizado há 9 anosO professor universitário Flávio Sofiati (PSol) disputa pela primeira vez as eleições em Goiânia. Com formação em Ciências Sociais, mestrado e doutorado em Sociologia, o candidato a prefeito de Goiânia apresenta para a Capital uma coleção de propostas que visa instituir novas relações do poder público com a sociedade.
Sofiati propõe medidas de impacto, como o rompimento com o atual sistema de transporte, por meio da estatização do serviço público e o fim dos contratos com Organizações Sociais (OSs). O candidato defende ainda o desenvolvimento econômico por meio de ações de incentivo de pequenas e médias empresas e o fim do desrespeito ao Plano Diretor. O postulante do PSol tem como base política o socialismo, sem, contudo, perder comunicação com o segmento empresarial. Contudo, Sofiati denuncia o modelo de desenvolvimento e de expansão urbana da Capital como poluidor e legitimador das injustiças sociais.
Considerado um dos melhores debatedores dos problemas da Capital nestas eleições, Sofiati se apresenta como o candidato antagonista ao presidente Michel Temer, ao governador Marconi Perillo e ao prefeito Paulo Garcia.
Nos debates em que participa, o professor já ficou conhecido pelo bordão “primeiramente, fora Temer!”. O político critica ainda o modelo de gestão de Marconi Perillo, principalmente em referência ao modelo educacional e à gestão de OSs, considerados instrumentos neoliberais que reduzem a participação dos Estados e que corta vagas para concursos públicos.
Para Sofiati, o governo, ao usar tal expediente, comunica sua incompetência para administrar, pois opta em contratar outros gestores para fazer o serviço que a administração pública deveria fazer, já que foi eleita para gerir.
Sofiati critica ainda a moralidade dos gestores e a eficiência da atual administração. Diferente da maioria dos prefeitáveis, Flávio Sofiati buscará resolver o problema da segurança pública com a proposta de debater a desmilitarização da polícia. Para o candidato, a iluminação da cidade, a limpeza dos lotes urbanos, os parques em ordem, um transporte coletivo de qualidade e investimento em educação infantil são mais eficientes para reduzir a criminalidade na Capital.
Para a educação, Sofiati propõe ampliar e universalizar o atendimento a todas as crianças com idade escolar na rede municipal a partir da construção de novos Cmeis, realização de concurso público, além de fazer cumprir o piso salarial para os educadores. Com o objetivo de dar mais atenção à cultura, sua proposta é construir centros culturais nas regiões, com salas de cinema, teatro, biblioteca, palcos, estúdios, cursos de música, danças, atividades circenses e outras atividades culturais.
Na área da saúde, o candidato destaca que priorizará a atenção básica preventiva e acabará com as terceirizações. Também irá equipar e ampliar os Cais, Ciams e Caps e aumentará as equipes do programa Saúde da Família.
Em relação aos direitos humanos, que têm sido assunto de vários debates nessa reta final de campanha, Sofiati destinará um orçamento específico para as políticas de mulheres, juventude, LGBTs e igualdade racial. O candidato também propõe parcerias com as universidades para formulação de políticas públicas aos grupos indígenas e ciganos que frequentam e vivem em Goiânia.
Professor dedicado a compreender os problemas sociais
Flávio Sofiati é professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), na Faculdade de Ciências Sociais (FCS). Leciona diversas disciplinas, dentre elas sociologia da religião. É conhecido pelo temperamento tranquilo e sereno, apesar de crítico da realidade.
O político integra o PSol, legenda que surgiu após rompimento de parcela de políticos do PT com o governo de Lula. Durante as denúncias do mensalão, o grupo se dividiu. Um deles seguiu a ex-senadora e ex-ministra Marina Silva para o PV e depois para a Rede Sustentabilidade. Outro grupo optou por acompanhar políticos como a ex-senadora Heloísa Helena (hoje na Rede) e a ex-deputada federal Luciana Genro para o PSol.
Em Goiás, o PSol tem como militantes e políticos conhecidos os professores Pantaleão e Wesley, que disputou o governo de Goiás e que se notabilizou por questionar o governador Marconi Perillo nos debates, em 2014, muitas vezes tirando do sério o então candidato à reeleição.
Nos debates em que participa, o candidato ao Paço Municipal é crítico das posturas conservadoras. No debate da TV Record, por exemplo, Sofiati questionou a postura do PT em um eventual governo de Adriana Accorsi. Para o socialista, Accorsi, ao escolher um político evangélico de visão conservadora para ser o vice-candidato, abriu mão da defesa das minorias e grupos gays e correlatos.
Inicialmente, o PSol tentou formar uma chapa com a Rede. Mas como nenhuma das legendas abriu mão da cabeça, cada grupo seguiu trajetória própria na disputa de outubro.
A candidatura de Sofiati é baseada em movimentos sociais e núcleos de estudantes. O candidato do PSol saiu a campo com protestos e reuniões políticas desde os primeiros dias da disputa eleitoral.
Seu grupo político está distribuído em sindicatos, escolas, universidades e ambientes culturais. A campanha do candidato foi realizada com doações dos próprios participantes, discursos na rua e debates com os segmentos organizados.
*O Diário da Manhã ofereceu espaço a todos candidatos para que o eleitor possa conhecer suas plataformas políticas e propostas. O DM publicou os perfis de Iris Rezende, Delegado Waldir, Vanderlan Cardoso, Adriana Accorsi, Luiz Bittencourt, Giuseppe Vecci, Francisco Júnior, Djalma Araújo e Flávio Sofiati.