Organização Mundial de Saúde (OMS) realiza reunião nesta sexta-feira (24) com alguns dos principais líderes e presidentes para para criar uma nova aliança e o Brasil não participará. Parte do governo do país que historicamente liderou o assunto de acesso a medicamentos, não sabia do evento, em sinal de irrelevância que a diplomacia nacional ganhou.
O encontro liderado pelo presidente da França Emmanuel Macron, terá participação de presidentes e chefes de governo como o da Costa Rica e outros dois da América Latina. Além de Bil Gates e a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen.
O evento coordenado pela cúpula da OMS, marca um compromisso de que todo tratamento ou vacina criada será objeto de persistência internacional para que seja providenciada em todos os países. Para alcançar a distribuição de remédios e produção, deve ser anunciado um fundo de US$ 8 bilhões, além do fortalecimento dos sistemas públicos.
Em um discurso, Macron anunciou a criação do projeto que representa um incentivo para lutar contra o covid-19. De acordo com ele, foi decidido por alguns dos principais atores agir diretamente para criar uma parceria inédita.
Macron afirmou que a luta contra o covid-19 exige que a OMS apoie sistemas públicos de saúde, tratamentos e testes. Segundo ele, o projeto tem finalidade em acelerar a chegada de uma vacina para que não fique apenas onde foi criada.
A chanceler alemã Angela Merkel, afirmou que irá investir na produção da vacina e garantiu que será um bem comum para todos. No entanto, destacou que o mundo precisa se unir para obter êxito e que todos precisam de mais recursos para ampliar a produção.
Foi apontado por Von der Leyen que a vacina será um bem público universal e, segundo ela, irá estabelecer uma "coalizão mundial".
O seretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu que a política seja colocada de lado para combater a saúde, além de que o tratamento chegue a todos os lados para combater o vírus. Guterres apontou que o combate do covid-19 exigirá maior investimento da história.
A iniciativa acontece também para ocupar o vazio político deixado pelo G-20, que não permitiu alcançar um acordo sobre como enfrentar a pandemia. No último domingo (19), uma reunião de ministros da Saúde do grupo terminou sem um acordo depois que o governo americano suspendeu a declaração final que citava o reconhecimento ao papel da OMS.
A liderança da América Latina ficou com Carlos Alvarado, presidente da Costa Rica que pediu apoio da relação internacional afirmando que o mundo espera uma ação dos líderes.
O presidente do Conselho de Ministros da Itália Giuseppe Conte, afirmou estar do lado de quem perdeu a vida no combate contra a pandemia. "Juntos, vamos conseguir", declarou.
Ao discutir sobre o acesso a remédios, no início do século, o Brasil determinou um procedimento, aliado ao governo francês, para permitir acesso a medicamentos aos mais pobres. Agora, Paris assume a bandeira sem a participação de governo brasileiro.
OMS rebate Bolsonaro
A OMS rebateu as críticas do presidente Jair Bolsonaro contra o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Segundo diplomatas em Genebra, os comentários do presidente agravaram o má situação entre a agência e o governo brasileiro.
Em uma live, na noite da última quinta-feira (23), Bolsonaro tentou justificar porquê tem ignorado às recomendações da OMS afirmando que o diretor do órgão não é médico. "É a mesma coisa se o presidente da Caixa não fosse da área. Não tem cabimento", afirmou.
O diretor da OMS, é formado em biologia e tem mestrado em Imunologia de Doenças Infecciosas pela Universidade de Londres, doutorado em Filosofia pela Universidade de Nottingham e é considerado especialista em operações e liderança em respostas de emergência a epidemias. Além disso, Tedros atuou como Ministro da Saúde da Etiópia entre 2005 e 2012.
A OMS afirma que a agência tem parte dos melhores especialistas e sustenta que a força da OMS é contar com milhares de especialistas para auxiliar a direcionar o trabalho. A decisão de anunciar uma emergência global foi tomada a partir da recomendação de um grupo de cientistas, alguns dos maiores especialistas em emergências sanitárias.
Porém, os ataques também ocorrem por outras partes. Nesta semana, o chanceler Ernesto Araújo publicou um texto alertando sobre o risco de que um plano comunista usaria a situação para fortalecer entidades internacionais para influenciar o mundo. Entre as entidades estaria a OMS.
Chamou atenção da OMS a rejeição do governo em somar aos co-patrocinadores que reconhecia o papel central da agência de Saúde na resposta contra a pandemia A atitude foi tomada após uma pressão do governo americano para que seus aliados - Brasil, Hungria e Venezuela - se afastasse da iniciativa apresentada pela ONU.
Após a demissão de Luiz Henrique Mandetta, o diretor de operações da OMS, Michael Ryan, agradeceu o ex-ministro por seus serviços e continuou sobre a necessidade de que governos atuem com base em "evidências".
Além disso, o Brasil evitou contestar a suspensão de verba por parte dos americanos para a OMS, o que promete atingir dezenas de programas de saúde pelo mundo.
Os ataques brasileiros ocorreram no período em que a Organização Panamericana de Saúde fechou um acordo para enviar 10 milhões de testes para diagnóstico de covid-19, adquiridos pelo Ministério da Saúde do Brasil via Fundo Estratégico da agência.
*Com informações do UOL