Hospitais e secretarias de Saúde declaram inflação de aproximadamente 2.000% em produtos, em comparação aos preços aproveitados antes da pandemia do coronavírus. Unidades públicas e privadas de saúde temem uma redução na capacidade de atendimento a pacientes.
Além disso, outro problema enfrentado é que os produtos como Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), devem ser adquiridos em grande quantidade, devido o alto grau de contaminação. O aumento dos preços está pressionando estados e municípios a gastarem mais do que o orçamento previsto para a Saúde.
Segundo o presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems) do Amazonas, Januário Cunha Neto, é necessário decidir entre aguardar por preços menores, porém deixa de ter o serviço ou o bem à disposição, ou pagar o que o mercado está pedindo. "Estamos tentando ao máximo ter transparência e seguir recomendações dos órgãos de controle.", afirma.
O secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, afirma que o aumento dos preços é pela grande demanda e restrição da oferta. Segundo Longo, a centralização de produtos para a Saúde, em relação à China, deve ser resolvida após a pandemia. "Não se pode deixar insumos essenciais na mão de uma única potência econômica.", alega.
Além disso, o secretário cita o aumento dos preços de produtos indispensáveis, como as máscaras N-95 que custava em torno de R$ 3 e tem encontrado a R$ 19 para a compra. Segundo ele, os produtos chegam em valores de até seis vezes mais caros, e muitas vezes é necessário fazer importação.
Unidades de saúde privadas
Representantes do setor afirmam que a situação é igual para os hospitais particulares. Segundo o superintendente de Assistência e Suprimentos da Santa Casa de Maceió, Severino Moura, houve aumento de seis vezes mais nos preços de luvas que tinham em dezembro de 2019.
"Ou pagávamos o preço absurdo, ou deixaríamos os colaboradores sem proteção adequada", completa. No fim do mês de março, foi realizada uma grande compra via importação para tentar evitar o aumento. Portanto, mesmo assim, com preços maiores que os cobrados antes da pandemia.
Em Petrópolis, no Rio de Janeiro, segundo o diretor administrativo e financeiro do Hospital Nossa Senhora Aparecida, Alexandre Pessurno, o aumento atingiu também medicamentos essenciais para os hospitais. O omeprazol de frascos, que antes era encontrado a R$ 6,02 chegou a R$ 32,65.
Ele prevê problemas a médio prazo para manutenção das unidades de saúde que não estão mais comportando esses reajustes. Inclusive os que são direcionados ao sistema público de saúde. "É o nosso caso aqui, que tem 100% do atendimento voltado para o SUS", explica Pessurno.
Quem define os valores pagos pelo poder público por um serviço ou procedimento é a tabela SUS. O diretor lamenta pois essa tabela remunera R$ 56 por dia para um paciente de clínica média. Portanto, devem-se manter os profissionais, pagar medicamentos, conta de luz, de água, materiais. Segundo ele, um momento os serviços vão paralisar e entrar em colapso.
*Com informações do UOL