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Obesidade: Um agravante para a Covid-19 que atinge 60% da população brasileira

Apontado por especialistas como um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de um quadro mais severo de covid-19, a obesidade entre os jovens adultos mais que dobrou entre 2003 e 2019, passando de 12,2% da população para 26,8%. Atualmente, o cenário de isolamento social vem sendo indicado como um agravante para a doença, que atinge ao total 60% da população brasileira.

Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo realizado em conjunto com o Ministério da Saúde, ainda indica que 96 milhões de pessoas, ou seja, 60,3% da população adulta do Brasil apresenta um índice de massa corpórea (IMC) maior que 25 kg/m², sendo classificadas com excesso de peso.

O sobrepeso atinge mais as mulheres do que os homens, em que 62,6% estão obesas ou com excesso de peso, enquanto entre os homens o problema alcança 57,5%. Apesar disso, desde 2002 as prevalências de excesso de peso para adultos com mais de 20 anos têm aumentado em ambos os sexos.

Pandemia X Obesidade

A pandemia que tem modificado completamente os hábitos cotidianos da população, é vista como um fator para desencadear o sobrepeso. Segundo a coordenadora de Nutrição da Estácio, Viviane Lacerda, as alterações alimentares que ocorrem no dia a dia das pessoas estão diretamente ligadas ao contexto histórico em que vivemos.

De acordo com a nutricionista, alimentos industrializados, sedentarismo, estresse e a própria pandemia contribuem para o aumento de peso. “Atualmente, com o excesso de afazeres, muitas vezes não há tempo para cozinhar, dando prioridade a alimentos industrializados, que são de alto teor calórico e pouco nutritivos”, pontua.

A constatação é alarmante, uma vez que, a obesidade foi catalogada como Doença Crônica desde 2013, ou seja, é uma doença que não tem cura, precisa de acompanhamento, tratamento e mudanças de hábitos pelo resto da vida.

Mas, no cenário atual, Viviane Lacerda pontua que existem maneiras de manter uma alimentação equilibrada, mesmo que seja pelo delivery e que de vez enquando não há problemas em pedir alimentos mais calóricos, desde que isso não seja rotineiro.

“Quando estamos com fome, tendemos a querer alimentos com alto teor de sabor, que geralmente são calóricos e pouco nutritivos. Por isso, vale a pena fazer uma seleção prévia de locais que forneçam alimentação nutritiva. Ao fazer pedidos em aplicativos de delivery, ou em sites de buscas, filtre esse tipo de restaurante para fazer uma refeição saborosa e saudável, sem ficar tentado a pedir aquele big lanche”.

Para aqueles que desejam cozinhar sua própria refeição, a nutricionista indica alguns itens básicos que devem estar sempre na geladeira ou despensa e também os que devem ser evitados. “Priorize alimentos minimamente processados, ou seja, aqueles que não são fabricados na indústria, como arroz, feijão, carne, ovos, legumes, frutas, verduras e queijos”.

Outro ponto para se atentar é quando for fazer compras no supermercado, em que a profissional orienta que deve ser um momento usado a favor da saúde. Dessa forma, o consumidor deve se ater à relação de ingredientes presentes nos rótulos para entender o quão saudável, ou não, é aquele produto.

“A relação é apresentada na ordem decrescente: do ingrediente de maior volume para o menor. Quanto mais aditivos, conservantes e corantes o alimento tiver, pior será para a saúde”, pontua a coordenadora. “O ideal é consumir alimentos com baixa quantidade de açúcar e gorduras de melhor qualidade, como é o caso de óleos vegetais”, esclarece Viviane Lacerda.

Quarentena fortalece o sedentarismo

Segundo Viviane Lacerda, além de uma dieta pobre em vitaminas e fibras, o sedentarismo também agrava o quadro de sobrepeso. Esse outro fator, resulta não apenas da falta de exercícios físicos, como da diminuição de atividades do dia a dia, como andar mais a pé e subir escadas, que o avanço da tecnologia as tornou mais fáceis ou deixaram de existir e, que nesse momento, também foi agravado pelo isolamento social.

“Há outros fatores secundários e relevantes que exacerbam esse processo, como muitas horas na frente das telas (celular, computador, televisão), sono irregular e níveis altos de estresse”, esclarece.

O sedentarismo atinge cerca de 40% da população adulta brasileira, isso de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019. Após a pandemia as pessoas encontram obstáculos ainda maiores para manter a prática de atividades físicas, já que entre as restrições impostas para tentar frear a curva de contaminação do coronavírus, estão o fechamento de academias e limitação nas atividades coletivas ao ar livre. 

Os especialistas alertam que o sedentarismo proveniente deste período sem práticas esportivas pode causar consequências sérias, entre elas a dificuldade no controle da obesidade e consequentemente o agravamento de doenças crônicas. Isso porque a prática de atividade física tem entre seus benefícios o melhor controle do peso, da taxa de açúcar no sangue, da pressão arterial, força muscular, equilíbrio e flexibilidade, além de ser importante aliada no controle do estresse e da boa qualidade do sono.

A nutricionista aponta a importância de adotar hábitos de vida mais saudáveis. “Percebeu que está acima do peso, o primeiro passo é se conscientizar de que é preciso mudar, e que será um processo gradual que irá impactar positivamente na saúde”.

É o que também assegura um estudo da Federação Latino-Americana de Sociedades de Obesidade (FLASO) que aponta que perder de 3 a 5% do peso corporal pode reduzir os riscos das complicações pela Covid-19 em pacientes portadores de obesidade.

Mas, Viviane Lacerda enfatiza que esse processo de emagrecimento deve ser acompanhado por um especialista. “Tendo isso claro em mente, procure profissionais da saúde, como nutricionista, profissional de educação física e psicólogo – dependendo da situação – que são fundamentais para o sucesso da perda e estabilização de peso”. 

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