Fenômeno dos anos 2000, as próteses de silicone passaram por mudanças tecnológicas que as deixaram mais seguras, mas o implante ainda precisa de acompanhamento anual por um médico especializado. Segundo dados colhidos em 2019 da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica, são cerca de 211.287 procedimentos por ano.
Mas há controvérsias no procedimento que podem gerar dúvidas. Uma das mais pertinentes é a necessidade de troca da prótese, quando e em quais casos é indicada. O médico cirurgião plástico Fernando de Nápole revela que hoje a tecnologia é grande aliada nessa questão.
Quando as primeiras cirurgias para colocação de próteses mamárias foram realizadas, ainda na década de 60, os implantes eram muito mais suscetíveis ao desgaste do que ocorre hoje em dia, depois de anos de avanço nas técnicas e na fabricação do próprio silicone. Dessa forma, até o início dos anos 2000, quando houve grande procura pelo método, dizia-se que a troca deveria ser feita a cada 10 anos. Entretanto, atualmente a durabilidade de um implante varia em média de 15 a 25 anos e sua troca não é mais obrigatória, desde que não apresente problemas.
"É importante ter em mente que esses intervalos são estimativas com base no que se observa nos consultórios de cirurgia plástica hoje, e não uma regra absoluta. Afinal, cada organismo reage de uma forma diferente, podendo antecipar ou postergar a substituição", explica o médico Fernando de Nápole. As próteses mais recentes são feitas de gel coesivo, geralmente, não necessitam ser trocadas tão cedo.
O seu corpo muda com o tempo e isso reflete em como o seu organismo reage à sua prótese de mama. De acordo com o médico, as próteses devem ser trocadas "quando existir endurecimento da cicatriz que se forma ao redor da prótese, após a gestação, quando ocorre mudança nos seios, ruptura da prótese de silicone, endurecimento dos seios, prótese de mama visível ou palpável com dobras na superfície e dor persistente ou desconforto na mama".
Diante de todos esses sinais de possível irregularidade na sua prótese, alguns casos ficam mais evidentes. A influenciadora digital Gabriela Pugliesi é um exemplo. Em 2018, ela falou sobre o problema que enfrentava, e após dores intensas nas mamas ela procurou um médico e descobriu uma contratura do seu silicone. O problema, aliado ao tempo em que já havia feito a sua cirurgia, ocasionou na substituição. Por isso, é importante ter o acompanhamento contínuo com o cirurgião que você realizou a cirurgia de implante de prótese.
Escolha da prótese
Os implantes nacionais possuem certificação pela ANVISA, já os importados, possuem certificação local e dos órgãos internacionais, como o FDA. O médico salienta que "sob a óptica de um cirurgião plástico, a escolha da prótese mais segura deve envolver sua marca, material de fabricação e formato. Já sob a óptica do paciente, oriento que não escolham os implantes sozinhos. Discuta e argumente o máximo possível com o cirurgião da sua escolha". Ainda de acordo com cirurgião plástico, empresas que dão assistência a paciente e a equipe médica também merecem destaque.
Risco de rompimento
A ruptura da prótese pode ser intra-capsular (contida na capsula fibrosa) ou extra-capsular (com o silicone se espalhando para o tecido mamário). É preciso estar atenta, algumas situações são potencialmente mais danosas para mulheres com prótese de silicone. Segundo o cirurgião plástico Fernando de Nápole, naturalmente os implantes sofrem desgastes pela ação do tempo dentro do organismo, o que pode levar a essas rupturas inesperadas. "Contudo, o mais comum e observado por mim, são rupturas que ocorrem por algum defeito de fabricação no implante. A olho nu, não conseguimos perceber isso na hora da cirurgia", explica.
Além disso, o cirurgião explica que os acidentes de carro também podem ocasionar o esmagamento das mamas pelo cinto de segurança, além dos traumas contidos, como os que ocorrem com as lutadoras ou qualquer outro esporte de contato.
Troca da prótese
A partir de 2007, o modo de fabricação e o gel de silicone utilizado nas próteses, aumentaram a segurança dos implantes mamários. De acordo com Fernando, "atualmente, os implantes têm garantia de fábrica de 10 anos, mas não precisam mais ser trocados quando atingem esse período. Essa garantia cobre rupturas dos implantes ou sua "rejeição" (contratura capsular)".
"Muito se divulga que as próteses são vitalícias. É uma assertiva um pouco audaciosa, pois, ainda não sabemos como esses implantes se comportarão daqui algumas décadas", explica.
Cuidados
De acordo com o médico, o auto-exame e exames radiológicos de rotina são essenciais. Sinais de endurecimento ao palpar as mamas, revela o princípio de contratura capsular. Mudança abrupta de volume é um sinal de alerta para diversas patologias que acometem a mama e o implante. Além disso, sinais de vermelhidão nas mamas devem ser investigados e tratados.
"A ultrassonografia mamária deve ser feita anualmente, independente da faixa etária da paciente. A ressonância magnética com contraste é o padrão ouro para diagnósticos acometimentos mamários que não foram elucidados ou detectados pela ultrassonografia".
Consulte o seu médico e faça exames para saber a situação da prótese pelo menos uma vez por ano. "Seja por estética ou saúde, reforço a importância de se ter um médico ao seu lado, já que é preciso estar segura e confiante diante de uma escolha dessa magnitude. Deixo aqui uma dica primordial, sempre escolha médicos que utilizem materiais de boa qualidade, procedência e modernos, para que evitemos tais transtornos", finaliza o médico.
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