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Alta nos casos de meningite preocupa autoridades de saúde; entenda o que é a doença e como preveni-la

O recente aumento no número de casos e mortes por meningite na cidade de São Paulo deixou o país em alerta e fez com que governos estaduais despertassem a atenção da população na prevenção da doença para que esta não saia do controle.

Especialistas afirmam que a baixa adesão de vacina contra a doença na pandemia de Covid-19 agravou a vulnerabilidade dos paulistanos na transmissão da meningite. Há o risco de agravamento do cenário e é recomendado rigor no bloqueio dos casos para evitar uma epidemia.

Em Goiás, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) confirmou até outubro deste ano 108 casos e 17 mortes por meningite. Em 2021, o número foi de 111 casos e 10 óbitos.

Segundo o infectologista Luiz Felipe Silveira Sales, "em Goiás, temos a possibilidade real de acontecimento desse mesmo fenômeno [de São Paulo] em caso de manutenção de taxas vacinais insatisfatórias."

A superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, afirma que, para evitar surtos ou epidemias, é necessário se vacinar com as doses adequadas.

“Seguimos reforçando que a vacina é a única forma segura de proteger as crianças. Tomando as doses nos prazos adequados podemos evitar surtos e evitar essa doença e outras que já estão até erradicadas do território brasileiro, como a poliomielite, que causa a paralisia infantil e pode evoluir para o óbito em casos mais graves”, ressalta

Segundo Flúvia, a cobertura em Goiás está baixa, o que é motivo de preocupação para as autoridades.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

"A cobertura vacinal em crianças com menos de 1 ano está em 74,86%. Já em crianças e adolescentes de 11 a 14 anos, a cobertura da vacina contra a meningite está em 45,90%. Os pais precisam levar as crianças para serem imunizadas. Não podemos correr o risco de ter um surto em Goiás como o que já foi registrado em São Paulo. Até dia 8, estamos em campanha de multivacinação, com mais um Dia D, no sábado”, explica

Mas afinal, o que é a meningite e como prevenir esta doença que pode causar a morte? Goiás corre o mesmo risco de surto que ocorre em São Paulo? Além do infectologista Luiz Felipe Silveira Sales, o Diário da Manhã entrevistou também o neurologista Iron Filho, os profissionais tiraram dúvidas acerca da doença.

O infectologista explica que meningite é o "termo utilizado para indicar a inflamação das meninges, que constituem o tecido que “recobre” o sistema nervoso central, composto por encéfalo e medula espinhal."

A causa, segundo o médico, pode ser tanto por agentes infecciosos, como bactérias, vírus, fungos, protozoários, e não infecciosos, como fármacos, doenças auto-imunes ou câncer.

"As meningites de maior importância epidemiológica são as virais e as bacterianas", explica Luiz.

Existe uma diferença entre meningite viral e meningite bacteriana. Esta última, por exemplo, é a mais grave e exige internação imeditada, explica o médico.

"Em geral, as meningitescostumam cursar com febre, dor de cabeça, rigidez de nuca, crises convulsivas e alterações no nível de consciência (confusão mental, sonolência). Os quadros de meningite viral costumam ser mais leves e o tratamento é realizado apenas com hidratação e medicações sintomáticas. Os quadros de meningite bacteriana aguda são mais graves, com uma maior chance de complicações, exigindo internação e antibioticoterapia imediatas", explana.

Problemas no sistema nervoso central

O neurologista Iron Filho afirma que, como a meningite é a inflamação das meninges, que envolve tanto o cérebro quanto a medula, o sistema nervoso central (SNC) é comprometido.

Entretanto, segundo o médico, o comprometimento no SNC varia de faixa etária.

"O comprometimento do SNC varia com a idade, pois os agentes causadores variam com a idade. Crianças geralmente são mais acometidas por bactérias como Streptococcus pneumoniae e Neisseria meninigitidis que causam quadros típicos de meningite (febre, dor de cabeça, sonolência e náuseas), mas podem causar também quadros de surdez. Pacientes mais idosos podem ser acometidos por essas bactérias e também por Listeria. Geralmente a meningite tem quadro mais atípico, com mais sonolência, sintomas mais arrastados", explica.

Transmissão

O infectologista Luiz Felipe Sales afirma que "a maioria dos casos de meningite bacteriana aguda ocorre pela migração de bactérias que colonizam a orofaringe. Essas bactérias podem ser transmitidas de pessoa a pessoa pelo contato com secreções respiratórias."

Prevenção

A vacinação é a forma de prevenir alguns ttipos de meningites. Em alguns casos, o uso de antibióticos é recomendado.

"A principal forma de prevenção para as meningites bacterianas agudas, que respondem pelos casos mais graves, é a vacinação, disponível tanto pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), quanto em clínicas privadas. Em algumas situações específicas, podem ser indicados antibióticos preventivos para pessoas que tiveram contato com casos confirmados de meningite bacteriana", explica o médico.

Tratamento

De acordo com o neurologosta Iron Filho, há dois tipos de tratamentos para diferentes tipos da doença.

"O tratamento deve ser hospitalar e é baseado em antibiótico quando a causa for bacteriana (buscando cobertura para os agentes causadores mais comuns) e antiviral quando a suspeita for de vírus. Corticoide ajuda a reduzir o risco de sequelas em alguns casos. Quanto mais precoce for iniciado o tratamento menor o risco de complicações e sequelas", explica.

Importância da vacinação

O infectologista alerta a população de que a vacina é a principal recomendação, e que é necessária conscientização do caso.

"A principal recomendação para prevenir a doença é vacinação. Infelizmente as taxas tem caído nos últimos anos. A meningite é uma doença que pode e deve ser prevenida. Devemos nos conscientizar da importância de vacinar", finaliza.

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