Consumo excessivo de industrializados, carne vermelha, bebidas alcoólicas, obesidade, tabagismo e não praticar exercícios físicos são fatores de risco para o desenvolvimento do câncer colorretal. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), para 2024 são esperados mais de 45.000 casos da doença no Brasil. O tumor é o terceiro mais frequente entre os homens, logo após do câncer de próstata e de pulmão, e o segundo mais incidente nas mulheres, perdendo apenas para o câncer de mama. Só este ano, mais de 1000 casos devem ser diagnosticados no Estado de Goiás. Esse alerta para a população ganha um reforço neste mês, que marca a campanha Março Azul-marinho, voltada à prevenção da doença.
Para o médico oncologista da Oncoclinicas Goiás, Eduardo Sabino, a ocorrência do câncer colorretal está associada a uma combinação de fatores genéticos, ambientais e hábitos de vida. “É importante ressaltar que fatores como, por exemplo, falta de uma dieta equilibrada ou obesidade não atuam isoladamente. Além disso, pessoas sem fatores de risco aparentes ainda podem desenvolver o tumor, enquanto algumas com vários fatores de risco nunca o desenvolvem. Manter um estilo de vida saudável, realizar exames de rastreamento e adotar hábitos preventivos são medidas importantes na redução do risco de desenvolver a doença”, afirma.
O tumor colorretal se desenvolve no intestino grosso: no cólon ou em sua porção final, o reto. O principal tipo de tumor colorretal é o adenocarcinoma e, em 90% dos casos, se origina a partir de pólipos na região que, se não identificados e tratados, podem sofrer alterações ao longo dos anos, podendo se tornar câncer.
Sintomas que podem indicar câncer de intestino
Ainda de acordo com o oncologista, os sintomas do câncer colorretal podem variar, e algumas pessoas podem não apresentar sinais nos estágios iniciais. No entanto, os principais sintomas são:
1. Mudanças nos Hábitos Intestinais: alternância entre diarréia e constipação.
2. Sangramento Retal: sem causa aparente, com sangue vermelho vivo ou escuro, geralmente misturado com as fezes.
3. Desconforto Abdominal;
4. Perda de Peso sem motivo aparente;
5. Fraqueza e Fadiga;
6. Alterações na Forma das Fezes: fezes finas ou lápis, que podem indicar uma obstrução no cólon.
7. Anemia: pode se manifestar como fraqueza, palidez e falta de energia.
“É importante destacar que esses sintomas podem variar em intensidade e podem ser causados por diversas condições além do câncer colorretal. No entanto, se algum deles persistir ou piorar, é fundamental procurar a orientação de um médico para uma avaliação adequada”, reforça Sabino.
Rastreamento
O rastreamento é fundamental para detectar o câncer colorretal precocemente, quando é mais fácil de tratar. No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda iniciar o rastreio do câncer de cólon e reto da população adulta de risco habitual na faixa etária de 50 anos, porém, existe uma tendência entre as sociedades de oncologia, tanto a brasileira (SBOC) como a americana (ASCO) de recomendar que esse rastreio se inicie a partir dos 45 anos na população geral devido o aumento da incidência desse tumor em populações cada vez mais jovem.
O médico explica que a escolha do método para o diagnóstico da doença depende de fatores como idade, histórico familiar, presença de sintomas e outros, mas ressalta que os métodos mais utilizados são a colonoscopia e a pesquisa de sangue oculto nas fezes. “Ao identificar qualquer um dos sintomas, mesmo os menos comuns, é essencial consultar um médico o mais rápido possível. O acompanhamento médico e realização de exames de rotina para detecção precoce do tumor, aliados às novas frentes avançadas de tratamento da doença, são a chave para que os índices de incidência não levem também ao aumento das taxas de letalidade”, alerta o especialista.
Avanços no tratamento
Para a neoplasia, as opções de tratamento são cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia-alvo e imunoterapia. A cirurgia é ainda o principal método de tratamento para o câncer colorretal e dependendo do estágio e localização do tumor, pode envolver a remoção parcial ou total do cólon ou reto. Mas a conduta muda de acordo com o estágio da doença, por isso, é fundamental conversar com o médico para avaliar qual será o tratamento mais adequado.
Para Eduardo Sabino, o tratamento do câncer colorretal evoluiu significativamente nos últimos anos. “Avanços contínuos em pesquisas estão contribuindo para o desenvolvimento de novas opções de tratamento e abordagens mais personalizadas no tratamento desse tumor. Os testes genéticos também podem ajudar a identificar mutações específicas que podem influenciar a conduta e prognóstico, permitindo tratamentos mais personalizados. Técnicas mais modernas permitem direcionar, por exemplo, a quimioterapia e radioterapia para as células cancerígenas com maior precisão, reduzindo os efeitos colaterais. Houve também grandes avanços nas técnicas cirúrgicas com cirurgias minimamente invasivas como a cirurgia videolaparoscópica e a robótica”, finaliza o oncologista da Oncoclínicas Goiás.