O Centro de Reprodução Humana da Universidade Federal de Goiás (UFG) é uma luz de esperança para casais de baixa renda que enfrentam o dilema da infertilidade. Acesso aos serviços do LabRep é facilitado por meio de uma parceria estreita com a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia. Os pacientes são encaminhados pela secretaria, garantindo que aqueles que mais necessitam recebam a assistência necessária para enfrentar os desafios da infertilidade.
Fundado em 1989, esse serviço é mais do que um programa de extensão acadêmica; é um ponto de encontro entre a ciência e o sonho de formar uma família.
Em entrevista ao DM, o Dr. Rodopiano Florêncio, professor aposentado do Laboratório de Reprodução Assistida do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG) e Diretor Científico da Humana Medicina Reprodutiva, em Goiânia. Um dos idealizadores do projeto no HC explicou como foi o desenvimento do LabRep. "Esse serviço assim de maneira geral nos hospitais federais para reprodução assistida, o que tem são tentativas de diminuir custo, e para esse tratamento somente alguns estados realizam como, São Paulo, Brasília, Minas Gerais, e o que nós fizemos aqui em Goiás. Esse foi um programa de reprodução assistida de baixo custo na época em 2002. Dr. Mário Approbato e nós, montamos um serviço de reprodução humana que depois acabou melhorando. Construímos um laboratório mais adequado para os pacientes."
Origens e Evolução
As raízes do Centro de Reprodução remontam a 1986, quando começou como um laboratório experimental com foco em experimentos com animais. Desde então, evoluiu significativamente, transformando-se em um ambulatório e laboratório de referência.
O período inicial de dez anos foi marcado por serviços de baixa complexidade, como inseminação artificial e coito programado. Além disso, o centro lançou as bases para suas atividades de ensino e pesquisa ao introduzir um Programa de Mestrado em Reprodução Assistida.
O Centro oferece uma ampla gama de serviços, desde técnicas avançadas como ICSI e fertilização in vitro até procedimentos como inseminação com sêmen doador e microcirurgia de trompas.
O uso de aparelhos cada vez mais moderno e atual ajuda a obter resultados positivos na implantação e nidação do embrião no útero, com chance maiores de sucesso na gestação. "O que nós podemos dizer em relação à Inteligência Artificial e tecnologias emergentes na evolução da Medicina reprodutiva? a inteligência artificial lógica, ela já tá mais avançada. Em áreas como medicina reprodutiva e já é utilizada em laboratórios de reprodução e incubadoras. Com bons resultados no desempenho da medicina de precisão."
A localização estratégica no prédio da Unidade de Pesquisa Clínica do Hospital das Clínicas da UFG garante uma infraestrutura moderna e equipamentos de última geração. Ultrassons para monitorização e coleta, uma incubadora Time Lapse para acompanhamento do desenvolvimento embrionário e uma Workstation que simula condições ideais para o desenvolvimento embrionário são algumas das ferramentas utilizadas para garantir o sucesso dos tratamentos.
Serviços Abrangentes de Reprodução Assistida
O diferencial do Laboratório de Reprodução Humana reside na sua capacidade de realizar procedimentos de alta complexidade, proporcionando aos casais opções variadas para enfrentar desafios de infertilidade. Entre os serviços oferecidos, destacam-se:
Fertilização in Vitro (FIV-ET): Um procedimento avançado que envolve a união de óvulos e espermatozoides em laboratório, seguido pela transferência do embrião resultante para o útero, oferecendo uma chance significativa de concepção.
Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides (ICSI): Uma técnica refinada em que um único espermatozoide é injetado diretamente no óvulo, aumentando as chances de fertilização em casos específicos de infertilidade masculina.
Inseminação Artificial: Procedimento que envolve a introdução de espermatozoides previamente preparados no útero, facilitando o encontro com o óvulo para fertilização.
Inseminação com Sêmen Doador: Uma opção para casais que necessitam de assistência adicional, permitindo o uso de sêmen doado para facilitar a fertilização.
Microcirurgia de Trompas: Intervenção cirúrgica especializada para correção de problemas nas trompas, contribuindo para a melhoria da fertilidade.
Coito Programado: Estratégia que envolve o monitoramento cuidadoso do ciclo menstrual da mulher para otimizar o momento da relação sexual e aumentar as chances de concepção.
Minilaparotomia: Procedimento cirúrgico minimamente invasivo realizado para investigar e tratar problemas relacionados à fertilidade.
Transformando Sonhos em Realidade
Com 35 anos de existência, o Centro de Reprodução Humana da UFG continua a desempenhar um papel vital na comunidade, oferecendo esperança e soluções para casais que buscam a realização de seu desejo de ter filhos. Sua trajetória é um testemunho da dedicação à excelência em saúde reprodutiva e um farol que ilumina o caminho para o futuro, onde cada história de sucesso é uma prova tangível de que os sonhos podem se tornar realidade.
Dr. Rodopiano explica que o maior desafio para o tratamento é a condição econômica do casal, "É os desafios mais comuns em relação a tratamento de fertilidade, eu diria que o principal ainda no país, é o fator econômico, nem todos conseguem ter acesso a esses tratamentos com segurança. É com tratamentos eficazes etc. Então existe isso, que quem tem mais condições no Brasil realmente tem resultados igual dos melhores do mundo em reprodução assistida e em tecnologia."
Em um esforço contínuo para proporcionar soluções abrangentes para casais que enfrentam desafios de infertilidade, o Laboratório de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), carinhosamente conhecido como LabRep, destaca-se não apenas pelos procedimentos de alta e média complexidade, mas também pela realização de exames especializados.
Serviços Avançados de Exames de Infertilidade
O LabRep vai além dos procedimentos de reprodução assistida, oferecendo exames precisos e especializados para avaliar tanto a saúde reprodutiva feminina quanto masculina. Entre os exames realizados estão:
Videolaparoscopia: Um procedimento minimamente invasivo que permite a visualização direta dos órgãos reprodutivos, auxiliando no diagnóstico de condições que podem afetar a fertilidade.
FSH (Hormônio Folículo Estimulante): Um exame crucial para avaliar a função ovariana nas mulheres, auxiliando na determinação da reserva ovariana e na identificação de possíveis problemas hormonais.
Espermograma: Uma análise detalhada das características do sêmen, incluindo contagem, motilidade e morfologia dos espermatozoides, fornecendo informações essenciais sobre a fertilidade masculina.
Espermocultura: Um exame que verifica a presença de infecções no sêmen, fornecendo insights importantes para o tratamento adequado de possíveis causas de infertilidade.
Swim-up: Um procedimento que avalia a qualidade do sêmen no momento da fecundação, permitindo uma análise mais precisa da viabilidade dos espermatozoides.
Esses exames especializados complementam os serviços de reprodução assistida oferecidos pelo laboratório, garantindo uma abordagem completa para casais que buscam superar a infertilidade.
Atendimento Grupo a Grupo
O LabRep adota uma abordagem estruturada em grupos para otimizar o atendimento. Em média, são atendidos de 20 a 40 casais em cada grupo, garantindo uma assistência personalizada e dedicada. A cada mês, um novo grupo tem a oportunidade de iniciar seu percurso em direção à realização do sonho da paternidade.
Parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia
No dia 9 de dezembro de 2002, o novo Centro de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás foi oficialmente inaugurado. Localizado no terceiro andar do prédio da Unidade de Pesquisa Clínica, o espaço foi apresentado pelo chefe do serviço, o ginecologista e obstetra Mário Approbato, acompanhado da equipe, do diretor geral do HC, José Garcia Neto, e do reitor da UFG, Edward Madureira Brasil, além de parlamentares.
Desde 2013, o Centro de Reprodução Humana do HC opera em um espaço maior, graças a verbas parlamentares que possibilitaram um salto de qualidade. No entanto, o coordenador destaca a insuficiência de recursos para melhorias, especialmente considerando o número de pessoas atendidas. Apesar dos procedimentos médicos e exames cobertos, os medicamentos ainda precisam ser adquiridos pelos pacientes, sendo que 95% deles são casais de baixa renda que dependem de parcerias com o Ministério Público Federal para obter os insumos necessários, como injeções e medicamentos orais.
Em um procedimento particular de fertilização in vitro, que inclui consultas, exames e insumos, o custo atinge R$ 25 mil por tentativa. No entanto, no centro da UFG, o casal gastará aproximadamente 20% desse valor, representando uma alternativa mais acessível.
O Brasil destaca-se internacionalmente no campo da reprodução assistida, conforme indicado no último relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio) publicado em 2020 pela Anvisa. Em 2019, a taxa média de Fertilização in Vitro (FIV) nos bancos de células e tecidos germinativos no país alcançou 76%, superando a média internacional. Nesse ano, 99.112 embriões foram congelados em 157 clínicas cadastradas pela Anvisa, incluindo o LabRep da UFG, representando um aumento de 11,6% em relação a 2018.
Ao longo de 25 anos, mais de 83 mil bebês brasileiros foram concebidos por meio de tratamentos de reprodução assistida, consolidando o Brasil como líder latino-americano nesse campo. O país se destaca por realizar o maior número de procedimentos, como FIV, inseminação artificial e transferência de embriões, ao longo dessas duas décadas e meia.
Casais homoafetivos também tem acesso ao serviço de reprodução humana
Com o avanço da tecnologia casais homoafetivos também tem acesso ao programa de reprodução assistida podem usufruir do tratamento para terem filhos biológicos através da ciência.
A triagem segue o mesmo parâmetro que para casais heterossexuais, no entanto dependem da escolha do doador de sêmen e da disponibilidade de uma barriga solidária. E neste caso a terceira pessoa que será envolvida no processo de reprodução humana terá que passar por toda bateria de exames programada.
Atualmente o Dr. Rodopiano se aposentou do LabRep e UFG, mas continua realizando pesquisas na área de reprodução humana assistida. Inclusive trabalha na clínica particular Humanas onde realiza um trabalho mais acessível que a rede privada de alto custo
Na nossa Clínica, a gente tem um projeto social que tenta facilitar a diminuir esse custo e acaba ajudando um pouco as pacientes que têm menor condição Econômica. "Na humana tem o projeto 'Integrar', que é mais acessível a casais com melhor condição de renda,", completa lamentando que nem todos os pacientes e casais possam realizar seus sonhos de terem filhos, "mas de maneira geral, nós podemos dizer que tem muitos pacientes que não conseguem ter acesso ao tratamento de reprodução no nosso país, infelizmente."