Debate sobre saúde trans gera polêmica no Brasil
Redação DM
Publicado em 21 de abril de 2025 às 09:26 | Atualizado há 3 horas
A decisão recente do Conselho Federal de Medicina (CFM) de vetar terapias hormonais para jovens transexuais tem gerado uma onda de críticas entre profissionais de saúde e associações médicas. Especialistas alertam que a medida pode prejudicar a saúde mental e emocional de adolescentes que se reconhecem em uma identidade de gênero diferente da que lhes foi atribuída ao nascer.
Impactos na saúde
A proibição das intervenções, que se estende a bloqueios puberais e terapias hormonais em jovens com menos de 18 anos, foi classificada como uma postura que ignora as necessidades desta população, que já enfrenta altos níveis de vulnerabilidade. Várias entidades médicas, incluindo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, expressaram preocupação em nota conjunta, ressaltando que essa decisão pode levar a um aumento no uso não supervisionado de hormônios.
As entidades destacam que é comum que jovens transexuais identifiquem sua verdadeira identidade de gênero na infância ou adolescência. A falta de acesso a cuidados adequados pode forçar esses indivíduos a buscar alternativas inseguras e prejudiciais.
Direito à saúde
Os especialistas também defendem que a terapia hormonal, quando realizada com acompanhamento de profissionais qualificados, contribui significativamente para a melhoria da qualidade de vida de pessoas trans, reduzindo sintomas de depressão e ansiedade. De acordo com a nota, “proibir este caminho não deve ser a solução proposta para melhorar o cuidado oferecido às pessoas transgênero”.
Além disso, o documento ressalta que estudos têm mostrado taxas de arrependimento muito baixas entre aqueles que iniciam a terapia hormonal ou se submetem a intervenções cirúrgicas, reforçando a necessidade de permitir que mais pesquisas sejam realizadas para entender melhor os efeitos dessas terapias a longo prazo.
Os críticos da decisão do CFM enfatizam a importância de considerar diretrizes internacionais que sugerem que o início da terapia hormonal deve ser uma opção viável a partir dos 16 anos, uma vez que há capacidade mental suficiente para compreender e consentir com o tratamento. A proposta de postergar intervenções cirúrgicas para maiores de idade por três anos também foi alvo de críticas, evidenciando a necessidade de uma abordagem mais sensível às realidades enfrentadas por pessoas trans.
As entidades de saúde, portanto, clamam por um diálogo mais aberto sobre o tema, que leve em consideração a individualidade e a complexidade das experiências de vida de jovens trans, além da necessidade de garantir seus direitos à saúde e bem-estar.