Saúde

Doação de órgãos: um gesto que salva vidas

Fernando Boeira Keller

Publicado em 29 de setembro de 2022 às 18:33 | Atualizado há 4 meses


Elivanya (canto esquerdo) e demais pessoas transplantadas durante ação em jogo do Atlético. (Foto: Reprodução)

Elivanya comenta que, por mais que seja difícil para a família do doador, é importante lembrar que a a doação pode salvar a vida de alguém. “Para quem esta esperando é uma nova chance. A doação é uma continuação da vida.”



“Um transplante fez a linha da minha vida continuar. Diga sim a doação de órgãos e avise sua família”, afirma Elivnya. (Foto: Reprodução)

“Sou eternamente grata, não só por mim, mas por outras pessoas que receberam um órgão. E que essa conscientização sobre doação entre na vida das pessoas para mostrar a importância de conversar com familiares e deixar claro sua vontade em vida em querer ajudar alguém mesmo depois da morte. Não é fácil perder alguém que se ama, mas imaginar que ela estará ajudando na vida de outra pessoa e uma ação linda, pois minha qualidade de vida mudou, minha alimentação, respiração, me sinto bem melhor. Sou grata a Deus e essas famílias. Que o setembro verde concientize mais a vida das pessoas e o amor ao próximo”, finaliza Elivanya, no intuito de promover o Setembro Verde, além de agradecer a equipe de profissionais que a ajudou neste processo.

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O mês de setembro chega ao fim e, com ele, a conscientização sobre a doação de órgãos, tecidos e células. A campanha, criada em 1997 pelo Ministério da Saúde, a batizou como “Setembro Verde”.

De acordo com o Ministério, o Brasil é referência mundial na área de transplantes, além de deter o maior sistema público de transplantes do mundo, cerca de 96% dos procedimentos no país são custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

No ranking dos países que fazem transplante no mundo, o Brasil aparece em segundo lugar, atrás dos Estados Unidos. Entretanto, a doação ainda é tratada como um tabu por aqui, isto devido a falta de informação e poucas discussões acerca do assunto.

A Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) divulgou que, em 2020, devido à pandemia, o número de doações sofreu um descréscimo, enquanto que a taxa de mortalidade por quem estava na fila de espera cresceu de 10% a 30%.

O professor de enfermagem da Estácio, Júlio César Nascimento, considera que a doação de órgão é uma respondabilidade social e afirma que ela ainda é vista como um tabu.

“A doação ainda é vista como tabu, por vezes, por falta de informação e pouca discussão sobre o assunto. Como a doação de órgãos está ligada diretamente com a morte, é um assunto pouco discutido nas relações familiares. Atrelado a falta de diálogo estão a crença religiosa, a espera de um milagre, a não compreensão do diagnóstico de morte encefálica e a crença na reversão do quadro, a não aceitação da manipulação do corpo, o medo da reação da família”, afirma.

Para isso, ele alega que é necessária a compreensão de que quando há o diagnóstico de morte encefálica, a pessoa “já passou por todas avaliações neurológicas para a confirmação e que é um processo completamente irreversível e que em pouco tempo haverá a falência de todo o organismo.”

A importância da doação

O professor considera a doação de órgãos uma responsabilidade social, visto que “um único doador pode salvar cerca de dez pessoas”. Ele cita que há dois tipos de doadores: o doador vivo e o doador falecido.

“O doador vivo que pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula ou parte dos pulmões, desde que tenha compatibilidade sanguínea com o receptor, e o doador falecido que são aqueles indivíduo com diagnóstico de morte encefálica. Este doador pode doar rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado, intestino, tecidos: córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, cartilagem, medula óssea, veias e artérias”, explica.

Quem pode doar?

Segundo Júlio, qualquer pessoa, adulto ou criança, com diagnóstico definido de morte cerebral pode ser doador de órgãos. Entretanto, pacientes com diagnóstico de tumores malignos, doença infecciosa grave aguda ou doenças infectocontagiosa, como HIV, Hepatites B e C, e Doença de Chagas, por exemplo, não podem doar.

É importante informar à família em vida sobre o desejo de doar órgãos, para que, posteriormente, o procedimento seja feito.

“Após a declaração formal de óbito, a família será informada quanto à potencialidade de realizar a doação dos órgãos e/ou tecidos. Caso concordem, o hospital comunicará a Central de Transplantes, que é responsável por procurar possíveis receptores tendo como base a compatibilidade entre os envolvidos, e este tomará frente de todo o processo”, declara o profissional.

Ele salienta que é necessária a conscientização da doação de órgãos e a atuação direta na educação como instrumento de promoção à vida.

“Setembro é o mês propício para promover a conscientização, explicar como funciona a doação, desmistificar crenças sobre o tema nos hospitais, escolas, igrejas, na comunidade em geral, em razão que este mês remete a campanha de setembro verde que tem como objetivo conscientizar sobre a importância da doação de órgãos e tecidos”, finaliza.

História que inspira

A empreendedora Elivanya Ferreira, de 30 anos, foi diagnosticada com Insuficiência Renal há alguns anos no Hospital das Clínicas, e foi a partir daí que ela iniciou uma batalha contra o Lúpus, que necrosou seus rins.

“Tive que começar seções de hemodiálise, 3 vezes por semana. O tratamento de hemodiálise, muitas vezes, deixa a pessoa fraca, impossibilitando que o paciente faça atividades após as sessões de diálise, fora outras questões de risco e limitações, emocional, cansaço, restrições na alimentação. A hemodiálise não é apenas um tratamento, pois é o que mantém a vida do paciente renal crônico”, afirma.

Ela conta que sempre sonhou com um transplante, com a esperança de isso mudaria sua vida, o que de fato aconteceu em 17 de janeiro de 2020.

“Sempre quis fazer o transplante. Era uma nova chance de ter uma vida normal e de qualidade. Quando recebi a notícia do transplante na madrugada, a emoção tomou de conta do meu ser. Tenho gratidão pela família que disse ‘sim’ pela doação de órgãos. Foi muito rápido, entrei na fila e logo já estava sendo transplantada”, comemorou.



Elivanya (canto esquerdo) e demais pessoas transplantadas durante ação em jogo do Atlético. (Foto: Reprodução)

Elivanya comenta que, por mais que seja difícil para a família do doador, é importante lembrar que a a doação pode salvar a vida de alguém. “Para quem esta esperando é uma nova chance. A doação é uma continuação da vida.”



“Um transplante fez a linha da minha vida continuar. Diga sim a doação de órgãos e avise sua família”, afirma Elivnya. (Foto: Reprodução)

“Sou eternamente grata, não só por mim, mas por outras pessoas que receberam um órgão. E que essa conscientização sobre doação entre na vida das pessoas para mostrar a importância de conversar com familiares e deixar claro sua vontade em vida em querer ajudar alguém mesmo depois da morte. Não é fácil perder alguém que se ama, mas imaginar que ela estará ajudando na vida de outra pessoa e uma ação linda, pois minha qualidade de vida mudou, minha alimentação, respiração, me sinto bem melhor. Sou grata a Deus e essas famílias. Que o setembro verde concientize mais a vida das pessoas e o amor ao próximo”, finaliza Elivanya, no intuito de promover o Setembro Verde, além de agradecer a equipe de profissionais que a ajudou neste processo.

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