O mundo celebra os mais variados temas, em diversas datas distribuídas pelo calendário. No entanto há aquelas que carregam consigo significados primorosos e de grande relevância para a construção de um mundo mais justo e igualitário.
O dia 02 de abril é marcado pela celebração mundial da Conscientização do Autismo. Esta data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2007, com a finalidade fomentar a conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), e assim promover maior integração de pessoas com autismo na sociedade.
Mas, você leitor, sabe o que é Autismo?
Antes de tudo é necessário compreender que não se trata de uma doença. O Autismo é uma condição de saúde, um transtorno do neurodesenvolvimento, que se manifesta através da dificuldade na comunicação, seja ela verbal ou não verbal e nas interações sociais.
A Psicóloga Juliana Moura, Especialista em Autismo e desenvolvimento Atípico, reforça que:
“Os sintomas do TEA são amplos e podem variar de acordo com a criança e/ou adulto. Em geral, as dificuldades se apresentam sempre no processo de interação social, bem como na comunicação e na presença de comportamentos irregulares e/ou interesses diferentes”
Moura recomenda aos pais, que observem o comportamento de seus filhos, e lista uma sequência de características que podem auxiliar:
“Existem dois tipos de linguagem que podem ser identificadas nas pessoas com o Transtorno: a Linguagem Receptiva e a Linguagem Expressiva. Na Linguagem Receptiva, a criança normalmente não se atenta ao ser chamada pelo nome, não estabelece ou faz pouco contato visual e, por vezes, não se sustenta. Além disso, ela não obedece aos comandos simples do adulto como: senta, levanta, pega, me dá, guarda, dá tchau, entre outros. Por outro lado, na Linguagem Expressiva, a pessoa se comunica usando a mão do adulto para obter o item desejado. Ela não aponta, tem dificuldade para elaborar um pedido, construir frases, repete o que o outro fala.”
O diagnóstico precoce define o melhor tratamento, no entanto há um mais utilizado mundialmente, afirma Juliana.
“O tratamento que é reconhecido e o mais indicado mundialmente são as terapias comportamentais com a ciência ABA - Análise do comportamento aplicada, que através de procedimentos comprovados ensina habilidades e modifica comportamentos”
Dados divulgados pelo “Center of Diseases Control and Prevention” (CDC), nos Estados Unidos, estimam que uma em cada 44 crianças pertença ao espectro Autista. Considera-se que 1% a 2% da população mundial seja autista. Já no Brasil esse número chega na casa dos dois milhões de pessoas.
Origem dos símbolos:
Nos dias de hoje existem alguns tipos de símbolos que são utilizados em ações de conscientização sobre o autismo. Dentre eles está o quebra cabeças, o mais conhecido. Ele foi criado em 1963, por Gerald Gasson, em Londres, e carrega consigo o simbolismo da dificuldade de compreensão das pessoas com espectro autista. Alguns acreditam que é um símbolo polêmico, pois pode passar a ideia de que pessoas autistas não se encaixam na sociedade.
Há também a Fita da conscientização, que fora criada em 1999, e representa a inclusão social, a esperança e a diversidade através da variedade de cores, presentes em peças do quebra cabeças.
Como forma de inovação, foi criado por pessoas autistas o símbolo do infinito com as cores do arco-íris. Ele busca apresentar a representatividade da esperança e diversidade dentro do Transtorno do Espectro autista.
Preconceito, como enfrentar?
A principal arma para se combater a discriminação é a informação. Esta luta é diária. Pessoas que pertencem ao espectro autista enfrentem a todo momento situações adversas, através de falas como “você não parece ser autista”, ou até mesmo recebem como resposta a sua forma de ser, ofensas com palavras depreciativas.
O exemplo ocorrido no dia 24 de março na cidade de Palmas (TO), onde um Doutor em Ciência Política, publicou em suas redes sociais um vídeo proferindo impropérios LGBTIfóbicos ao ver uma vaga de estacionamento reservada com o símbolo que representa pessoas que pertencem ao TEA e confundi-lo a bandeira do movimento LGBTI+.
Tal acontecimento, reforça ainda mais a necessidade de campanhas de conscientização, especialmente dentro dos ambientes educacionais, além de leis efetivas que puna atos discriminatórios.