Menino de 12 anos não vacinado é mais uma vítima da dengue na cidade de São Paulo
Redação DM
Publicado em 24 de abril de 2025 às 14:50 | Atualizado há 5 horas
Um menino de 12 anos, não vacinado, e uma mulher de 71 anos, moradores da região do Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo, morreram após contrair dengue na capital. Os óbitos foram confirmados na última terça (22), segundo a SMS (Secretaria Municipal da Saúde), e com isso chega a sete o número de mortos pela doença na cidade.
Outras vítimas um homem de 74 anos e uma mulher de 34 moravam no distrito do Jardim Ângela. Também morreram de dengue um jovem de 24 anos da Brasilândia (zona norte) e um idoso de 69 anos da Mooca (zona leste). A primeira morte na capital, em 30 de janeiro de 2025, foi de uma menina de 11 anos da região de Ermelino Matarazzo (zona leste). Não havia registro, ao menos até 31 de dezembro, de que a criança tenha se vacinado na rede pública. Todos os sete mortos tinham alguma comorbidade.
A pasta afirmou à reportagem que realizou ações de bloqueio de criadouros de mosquitos e de nebulizações nas regiões em que as vítimas moravam.
De acordo com a secretaria, de abril do ano passado até o momento foram aplicadas 342.138 primeiras doses da vacina contra a dengue, com cobertura de 50,99% do público-alvo, e 167.068 segundas doses (24,9%). O imunizante Qdenga, da farmacêutica Takeda, está disponível para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. A meta é vacinar 90% da população elegível com o esquema vacinal completo, de duas doses.
Dos 96 distritos administrativos de São Paulo, em 23 a dengue avançou com mais intensidade, segundo o novo boletim epidemiológico da SMS. Na semana anterior, 14 deles estavam epidêmicos para a dengue.
O Jardim Ângela tem a incidência mais alta da cidade (780,9) e o maior número de casos (2.727). Até 16 de abril, a zona sul liderava com mais ocorrências da doença, 10.836.
CIDADE DE SÃO PAULO ESTÁ EM EPIDEMIA
Com incidência de 310,6 casos de dengue por 100 mil habitantes, a cidade de São Paulo entrou em epidemia pela doença, segundo dados (provisórios) do Painel de Arboviroses da Secretaria Estadual da Saúde atualizados nesta quinta-feira (24).
O coeficiente de incidência mostra o risco de os moradores ficarem doentes e a probabilidade de novas ocorrências. Acima de 300, indica que a região está epidêmica.
Em nota enviada à reportagem, a Secretaria Municipal da Saúde negou que a cidade tenha entrado em situação epidêmica, embora a OMS (Organização Mundial da Saúde) defina que uma doença é considerada epidêmica quando a incidência atinge 300 casos por 100 mil habitantes ou mais. A pasta define o momento atual como de alta transmissão.
Em números absolutos, o município soma 35.503 casos confirmados de dengue de janeiro a 24 de abril, de acordo com a plataforma estadual. No mesmo período do ano passado havia 368.264 infecções. Desde março de 2024 a capital mantém ativo o decreto de emergência em saúde por dengue.
A SMS afirma, também em nota, que monitora a situação epidemiológica da dengue na capital e realiza diariamente ações de prevenção e combate à doença. Em 2025 já foram mais de 3,8 milhões de ações, incluindo visitas domiciliares, bloqueios de criadouros, nebulizações, aplicação de larvicidas em pontos estratégicos e com drones em locais de difícil acesso, além de campanhas educativas para conscientização da população.
Nesta quarta, o estado de São Paulo alcançou a marca de 514.662 confirmações de dengue, em 2025 número 59,5% menor se comparado ao mesmo intervalo de 2024, quando havia 1.271.934 casos. Mortos pela doença neste ano já são 537 1.295 foram registradas no mesmo período de 2024.
Nathalia Franceschi, assessora em saúde pública do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo afirmou que o governo do estado antecipou o envio de repasses para o combate às arboviroses de março para janeiro.
“Temos duas resoluções pelo secretário [Eleuses Paiva]: uma que antecipou a parcela fixa do IGM [Incentivo à Gestão Municipal] SUS paulista e outra que dobrou o valor do IGM para reforçar as ações de combate às arboviroses no estado de São Paulo. Totalizando isso nos 645 municípios foi um aporte de aproximadamente 228 milhões de reais só em 2025. Antecipamos o repasse para que as ações também pudessem ter sido antecipadas”, diz Franceschi.
De acordo com Franceschi, fatores climáticos e socioambientais, a sazonalidade e a introdução de novos sorotipos explicam o avanço da doença. O tipo 3 reapareceu no país em 2023 na época, a Fiocruz afirmou que o país não registrava epidemias da doença provocadas por essa cepa há mais de 15 anos e circulou também em 2024.
O subtipo continua presente em 2025, mas divide a preocupação dos especialistas com o tipo 4, que no estado de São Paulo circula no DRS (Departamento Regional de Saúde) de Bauru, no interior paulista.
A execução de ações de combate à dengue e outras arboviroses cabe aos municípios. Os estados fornecem orientação, apoio técnico e logístico, desenvolvem estratégias de conscientização e prevenção.
A dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e possui quatro sorotipos: 1, 2, 3 e 4. Quando um indivíduo é infectado por um deles adquire imunidade contra aquele vírus, mas ainda fica suscetível aos demais.
“Precisamos que cada um faça a sua parte, não só a população, mas a sociedade civil, outros setores públicos. A responsabilidade não é só da saúde. Precisamos do apoio, por exemplo, de outras secretarias parceiras.”