A prática de realizar transplantes renais com o paciente acordado, utilizando anestesia espinhal em vez de anestesia geral, está ganhando atenção como uma potencial nova norma em procedimentos cirúrgicos. Este método inovador, já aplicado em algumas cirurgias, oferece benefícios significativos, incluindo uma recuperação mais rápida e a redução dos riscos associados à anestesia geral.
Anestesia espinhal, utilizada em transplantes renais despertos, evita a necessidade de intubação, o que pode causar danos às cordas vocais e atrasar a função intestinal. Além disso, elimina a possibilidade de "nevoeiro cerebral", um efeito colateral comum da anestesia geral, especialmente em pacientes mais velhos. Esses fatores contribuem para uma recuperação mais rápida e menos complicada, como demonstrado em casos recentes no Northwestern Medicine, onde pacientes foram liberados do hospital em menos de 48 horas após o procedimento.
Harry Stackhouse, de 74 anos, que foi submetido a um transplante renal enquanto estava acordado e foi liberado apenas 36 horas após a cirurgia. Durante o procedimento, ele pôde conversar com os médicos e até mesmo observar o órgão doado antes de ser implantado. Este tipo de cirurgia é facilitado por avanços como bloqueios anestésicos direcionados no abdômen e coluna, que evitam o uso de narcóticos opioides e incentivam a alimentação precoce, promovendo uma recuperação mais rápida.
Apesar dos benefícios, a adoção ampla de transplantes renais despertos ainda enfrenta desafios. A experiência e a aplicação dessas técnicas em pacientes com condições subjacentes, como obesidade ou doenças cardíacas, determinarão sua viabilidade geral. Especialistas, como Christopher Sonnenday, diretor do Centro de Transplantes da University of Michigan Health, reconhecem a importância dessa inovação, mas ressaltam que a aplicabilidade mais ampla dessas técnicas dependerá de mais experiência e estudos.