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Pesquisador brasileiro é destaque no The Washington Post

Criador do conceito de “ultraprocessados” ganha reconhecimento internacional

Imagem ilustrativa da imagem Pesquisador brasileiro é destaque no The Washington Post

O pesquisador brasileiro Carlos Monteiro, da Universidade de São Paulo (USP), foi selecionado pelo renomado jornal norte-americano The Washington Post como uma das 50 pessoas que podem fazer a diferença em 2025. Esta é a primeira vez que a publicação divulga uma lista com essa proposta.

Monteiro, que se destaca por suas pesquisas no campo da alimentação, é o criador do conceito de "produtos ultraprocessados". Esses alimentos, amplamente associados a problemas de saúde, como obesidade, passam por um intenso processo industrial. Esse processamento pode envolver modificações químicas, combinação de substâncias alimentares modificadas e naturais, além do uso de aditivos cosméticos. Para identificá-los, é possível consultar suas listas de ingredientes, que frequentemente incluem substâncias raramente usadas na cozinha caseira.

O pesquisador faz parte do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP e, no ano passado, foi incluído na lista dos cientistas mais citados em revistas científicas, de acordo com a plataforma Clarivate.

A popularização do conceito de "comida de verdade" tem relação direta com o trabalho de Monteiro. Esse conceito, que defende o consumo de alimentos naturais e minimamente processados, tem ganhado relevância nos debates sobre alimentação saudável.

De acordo com o The Washington Post, a seleção foi realizada com base em entrevistas com jornalistas da própria publicação, com uma lista inicial de mais de 200 nomes. Após meses de discussões, 50 pessoas foram finalmente escolhidas. "Consideramos quão conhecidos eles são, quão relevantes seus projetos futuros podem ser e o que suas ascensões revelam sobre nossa sociedade em 2025", afirmou o jornal.

O conceito de alimentos ultraprocessados, popularizado por Monteiro, tem conquistado destaque em diretrizes alimentares de vários países. Uma das razões pela qual o pesquisador aparece na lista do Washington Post é a expectativa de que o termo seja incluído nas novas diretrizes alimentares dos Estados Unidos.

"O esperado é que a administração Trump divulgue as novas diretrizes alimentares ainda neste ano", escreveu Anahad O'Connor, responsável pela reportagem sobre Monteiro no Washington Post. "Robert F. Kennedy Jr., indicado pelo presidente Donald Trump para o cargo de secretário de Saúde e Serviços Humanos, é um crítico dos alimentos ultraprocessados. Ele atribui esses produtos à queda na expectativa de vida do país e ao aumento das doenças crônicas, prometendo reduzir o consumo deles."

Em entrevista ao Washington Post, Monteiro destacou a importância de educar os consumidores, mas alertou: "Você não pode simplesmente recomendar que uma pessoa consuma uma pequena quantidade de um produto que é projetado e comercializado para ser consumido em excesso."

Classificação Nova e a divisão dos alimentos

Os alimentos ultraprocessados, apontados por Monteiro, fazem parte da classificação Nova, uma categorização desenvolvida por ele que divide os alimentos em quatro grupos distintos:

Grupo 1: Alimentos in natura ou minimamente processados, como grãos, farinhas, carnes, ovos e leite.

Grupo 2: Ingredientes culinários processados, como manteiga, azeite, sal e açúcar. Esses alimentos, quando usados com equilíbrio, fazem parte de uma alimentação saudável.

Grupo 3: Alimentos processados, como pães artesanais e alimentos em conserva, que resultam da modificação dos alimentos do Grupo 1 por processos simples que podem ser feitos em casa.

Grupo 4: Alimentos e bebidas ultraprocessados, como refrigerantes, pães embalados, salgadinhos e bolachas. Segundo Monteiro, "não são propriamente alimentos, mas, sim, formulações de substâncias obtidas por meio do fracionamento de alimentos do Grupo 1."

A classificação Nova destaca que os alimentos ultraprocessados se beneficiam de sua praticidade de consumo, dos investimentos em marketing e da hiperpalatabilidade, fatores que contribuem para sua popularidade.

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