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Rivotril: alerta ao uso frequente do remédio de 'uso emergencial'

Prestar especial atenção ao receitar e dar orientações claras sobre o uso correto desses medicamentos é importante devido ao risco de dependência

Foto: Reprodução/ Getty Images Foto: Reprodução/ Getty Images

Desde os anos 1960, existem remédios eficazes para tratar ansiedade, fobia social e epilepsia com menos efeitos colaterais do que as opções anteriores. Esses remédios pertencem a classe dos benzodiazepínicos, como o clonazepam, diazepam e lorazepam. O Rivotril (clonazepam) é a marca mais conhecida.

Porém, após décadas de uso, ficou claro que é necessário ter cautela ao usar esses medicamentos e seguir cuidados e orientações médicas precisas. A principal precaução é limitar o uso desses comprimidos a curtos períodos, de poucos dias, ou apenas em situações de emergência, de acordo com especialistas.

Bernik recorda que, ao longo da história, as pessoas sempre buscaram substâncias que acalmassem e relaxassem.

"Desde o tempo de xamãs e curandeiros, as pessoas têm uma demanda por produtos que aliviam a dor, auxiliem na interação social, facilitem o sono ou aplaquem a ansiedade."

Durante grande parte dos séculos 19 e 20, os principais remédios ansiolíticos eram os barbitúricos - o antigo Gardenal talvez seja o mais conhecido dessa categoria.

"Esses medicamentos eram consumidos em excesso, mesmo numa época em que já se sabia que eles estavam relacionados a envenenamento e alto risco de morte", lembra o psiquiatra.

Uma das vítimas do abuso de barbitúricos foi a atriz e modelo americana Marilyn Monroe (1926-1962).

O surgimento e a popularização dos benzodiazepínicos a partir dos anos 1960 representaram um grande alívio. "O aspecto mais positivo desses remédios é a segurança, especialmente quando comparados aos barbitúricos", diz Bernik.

Mas como funcionam esses ansiolíticos? O farmacêutico André Bacchi, professor da Universidade Federal de Rondonópolis, no Mato Grosso, explica que os neurônios se comunicam por impulsos elétricos - é nesse espaço entre uma célula nervosa e outra que esses fármacos agem.

"Nesse espaço entre os neurônios, conhecido como fenda sináptica, os sinais elétricos são transformados em sinais químicos, mediados por neurotransmissores", explica ele.

De maneira geral, as substâncias produzidas pelo organismo têm dois principais efeitos: algumas geram excitação e estimulação, enquanto outras agem como inibidoras e reduzem a atividade cerebral.

Vamos nos concentrar na parte inibitória desse sistema, pois é onde os benzodiazepínicos atuam.

O principal neurotransmissor responsável por "frear" o sistema nervoso é o ácido gama-aminobutírico, ou Gaba na sigla em inglês.

"O Gaba se liga a receptores dos neurônios, que funcionam como um portão na membrana celular. Essa conexão permite a entrada de íons de cloro, que têm carga elétrica negativa e vão diminuir a atividade da célula", detalha Bacchi.

Mas o que o Rivotril e outras drogas têm a ver com esse sistema? Quando alguém está em crise de ansiedade ou epilepsia, por exemplo, o sistema nervoso está hiperativo - daí vêm sintomas como nervosismo excessivo, crises emocionais ou até convulsões.

Outra coisa interessante sobre essa classe de medicamentos é a rapidez. Os efeitos sedativos podem ser sentidos poucos minutos depois de ingerir o comprimido.

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