O câncer de garganta, ou orofaringe, tem apresentado um aumento considerável de casos nos últimos anos. Diversos fatores de risco estão associados à doença, como o tabagismo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. No entanto, o principal deles é a infecção pelo HPV - o papilomavírus humano, que é transmitido através do sexo oral.
De acordo com pesquisadores da Cleveland Clinic, um dos principais centros de tratamento e pesquisa em câncer do mundo, localizado nos EUA, ter múltiplos parceiros sexuais é o principal fator de risco para contrair o HPV oral e desenvolver câncer de orofaringe relacionado ao vírus. Entretanto, as mulheres apresentam menor risco de desenvolver este tipo de câncer, devido à sua maioria já ter entrado em contato com o HPV por via sexual e desenvolvido resposta imunológica a ele.
De acordo com um estudo, pessoas que têm seis ou mais parceiros de sexo oral na vida apresentam 8,5 vezes mais chances de desenvolver câncer de orofaringe em comparação àqueles que não praticam sexo oral. Esse estudo indica que a prática do sexo oral com múltiplos parceiros é um importante fator de risco para o desenvolvimento desse tipo de câncer relacionado ao HPV. Por isso, é importante manter relações sexuais seguras e fazer exames preventivos regularmente para detectar precocemente a presença de qualquer infecção ou anomalia.
Segundo Hisham Mehanna, professor do Institute of Cancer and Genomic Sciences da Universidade de Birmingham, a teoria predominante é que a maioria das pessoas contrai infecções por HPV e é capaz de eliminá-las completamente. No entanto, um pequeno número de indivíduos não consegue se livrar da infecção devido a um defeito específico em seu sistema imunológico. Nesses casos, o vírus é capaz de se replicar continuamente e, com o tempo, pode se integrar em posições aleatórias no DNA do hospedeiro, algumas das quais podem levar ao desenvolvimento de células cancerígenas.
Além do sexo oral com múltiplos parceiros, o cigarro também é um importante fator de risco para o desenvolvimento do câncer de orofaringe relacionado ao HPV. Pessoas que fumam pelo menos um maço de cigarro por dia por dez anos apresentam um risco maior de desenvolver esse tipo de câncer.
Outro fator de risco para o câncer de orofaringe é o consumo abusivo de álcool. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso abusivo de álcool é caracterizado pelo consumo de 60 g ou mais de etanol em uma única ocasião dentro de 30 dias.
Para ajudar a diminuir o risco de câncer de orofaringe relacionado ao HPV, é importante limitar o número de parceiros sexuais, usar camisinha ou uma barreira bucal feita de látex durante o sexo oral, vacinar crianças e adultos jovens contra o HPV, fazer o rastreamento do câncer com exames preventivos regulares, consultar um dentista regularmente e parar de fumar e reduzir o consumo de álcool. Essas medidas são fundamentais para prevenir o câncer de orofaringe e outras doenças relacionadas ao HPV.
O câncer de garganta relacionado ao HPV pode apresentar uma variedade de sintomas, como massa ou edema (inchaço) no pescoço, dor de ouvido, dor ao engolir, ronco que surge repentinamente, dificuldade para comer, mudança na voz (rouquidão), dor de garganta, linfonodos (gânglios) aumentados e perda de peso sem motivo aparente.
É importante ressaltar que esses sintomas podem indicar outras condições de saúde, mas se persistirem por mais de duas semanas, é recomendado procurar um médico para avaliação e diagnóstico preciso. O câncer de garganta relacionado ao HPV é altamente tratável quando diagnosticado precocemente, por isso é fundamental estar atento a esses sinais e sintomas.