Quando você terminar de ler esse texto, pelo menos cinco mulheres terão sido espancadas no Brasil. A violência contra a mulher alcança números assustadores. No ano passado, 536 mulheres foram agredidas por hora, de acordo com o Fórum de Segurança Pública. Dados do Ministério da Saúde mostram como aumentaram as notificações de agressões físicas, violência psicológica, estupro marital, assédio no trabalho e uso de armas de fogo.
Para provocar a conscientização coletiva, a união entre todas e a libertação dos relacionamentos abusivos, a ONG AzMina lança o aplicativo PenhaS, uma plataforma que reúne o compartilhamento de informações, diálogo em ambiente seguro e a participação da sociedade por meio da criação de um grupo de proteção. O app está disponível nas versões Andoid e iOS.
“Há muito o que se fazer para acabar com o abuso contra a mulher, em diversos âmbitos, e o PenhaS é uma das iniciativas para colaborar com a causa do enfrentamento da violência. Essa conexão é transformadora e o empoderamento que entendemos ser necessário é o de ajudar a promover a libertação das mulheres que estão subordinadas a uma situação de dependência, de violência e de opressão”, afirma a jornalista Marília Taufic, coordenadora voluntária do projeto da AzMina.
O aplicativo vem sendo desenvolvido há pouco mais de dois anos, com a mentoria de especialistas no tema, como a promotora de Justiça Silvia Chakian, do Grupo de Enfrentamento a Violência Doméstica (GEVID) do Ministério Público de São Paulo, e de mulheres de diferentes idades e classes sociais que foram ouvidas durante todo o processo de elaboração do projeto.
“O enfrentamento da violência contra a mulher não se restringe apenas à questão do combate, mas compreende também as dimensões de prevenção, da assistência e da garantia de direitos das mulheres e o PenhaS se destaca por conseguir reunir todas essas frentes”, afirma a promotora Silvia Chakian.
Como funciona o aplicativo?
O PenhaS, nome em referência à Lei Maria da Penha, em vigor desde 2006, é formado por três áreas. Uma deles é o EmpoderaPenha. Além de informações básicas sobre direitos das mulheres, apresenta o mapa das delegacias da mulher de todo o Brasil e dos diferentes serviços de atendimento à mulher em situação de violência. Nele, é possível traçar a rota até o local da denúncia. Também existe um feed de notícias sobre o tema, com a colaboração de importantes agências de comunicação, como o Huffpost, JOTA, Agência Patrícia Galvão e Gênero de Número.
A app também tem espaço para a escuta ativa, ou seja, promover a conversa entre mulheres. O DefendePenha é um chat secreto em que a usuária pode trocar informações sobre sua história e reunir forças para buscar saídas. O anonimato é garantido.
Existe um ambiente de pedido de ajuda urgente, o GritaPenha. A usuária cadastra o número de até cinco pessoas de sua confiança, que serão acionadas por SMS quando for necessário. No momento exato da violência, também será possível ativar uma gravação de áudio que vai captar o som ambiente, criando a oportunidade de a vítima produzir provas e evitar o descrédito tão comum quando ela vai denunciar.
“O combate à violência contra mulher não é somente caso de polícia, mas dever de todos. Informação e formação de redes de proteção podem ajudar mulheres a saírem de relacionamentos abusivos e incentivá-las a procurar ajuda", explica Carolina Oms, co-fundadora da ONG AzMina.
Todos os cadastros são realizados com checagem de CPF e verificação de número de celular para que não exista possibilidade da criação de perfis falsos e abusivos. Mulheres que estão sofrendo violência usam o aplicativo de maneira anônima. A entrada é por meio de senhas com sistema de criptografia. O app também possui dispositivo de segurança para evitar que um abusador acesse o conteúdo. Clique aqui para baixar o aplicativo ‘PenhaS’.