É comum as pessoas confundirem quem gosta muito de sexo com um compulsivo sexual e são duas coisas diferentes.
A compulsão sexual ainda não tem uma classificação dentro dos manuais de doenças, como o CID-11 e o DSM-5, que norteiam os profissionais de saúde quanto ao diagnóstico das inúmeras patologias que conhecemos. Porém, já existem critérios bem definidos para caracterizar um compulsivo sexual e acredito que em breve está disfunção sexual estará nos manuais de classificação de doenças.
Mas, afinal o que é um Compulsivo Sexual?
São pessoas que fazem sexo exageradamente, mas não se satisfazem completamente ou se satisfazem só momentaneamente e, por isso, se envolvem em repetidas relações sexuais, o que pode demandar muita energia e tempo voltados para sua vida sexual.
Isso pode comprometer suas atividades sociais, relacionais e laborais, com grandes prejuízos para esses indivíduos.
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O compulsivo sexual não tem controle sobre seus pensamentos. É como se o tempo todo seu cérebro só pensasse em sexo. São pensamentos que chamamos de intrusivos. Eles agem impulsivamente e, com frequência se envolvem em situações sexuais de risco.
Acredita-se que as mesmas áreas cerebrais envolvidas no alcoolismo, no tabagismo, na compulsão alimentar e no vicio em drogas ilícitas, estejam envolvidas na compulsão sexual e haja uma alteração a nível de neurotransmissores, além de uma predisposição genética.
Os comportamentos sexuais de risco são um grande problema para esses indivíduos, que podem contrair várias infecções sexualmente transmissíveis ou gestações indesejadas.
A frequência sexual não é usada como parâmetro para classificar alguém como compulsivo. Algumas pessoas transam várias vezes ao dia, mas se satisfazem e não têm prejuízos nos outros aspectos da sua vida. Não nos prendemos à ideia do que seria uma frequência sexual normal. Esse conceito de frequência normal ou ideal não existe. A frequência ideal é aquela que funciona para aquele casal ou para aquele indivíduo. Existem trabalhos mostrando a média da frequência sexual nos diferentes países. A média da frequência sexual do brasileiro é em torno de 2x na semana. Mas, vale ressaltar que ninguém precisa se preocupar com média e sim com aquilo que funciona pra você!
Geralmente o compulsivo sexual só se dá conta da relevância do seu problema quando começam a aparecerem os problemas no trabalho ou nos relacionamentos. Os parceiros dos compulsivos não conseguem acompanhar esse ritmo sexual exaustivo e por vezes estão sob o risco de contraírem infecções sexualmente transmissíveis devido aos comportamentos de risco.É comum que os primeiros a buscarem ajuda sejam justamente as parcerias e não o compulsivo.
A compulsão sexual atinge principalmente homens, mas as mulheres também podem ser afetadas. Filmes como “Ninfomaníaca” e “A vida secreta de Zoe” ilustram bem a realidade de mulheres compulsivas por sexo e o prejuízo em suas vidas.
A compulsão sexual masculina é retratada no filme “SHAME” , onde podemos observar a importância de um trabalho multiprofissional para que essa pessoa tenha uma vida sexualmente controlada.
É difícil falar em cura para o “vício em sexo”, assim como é difícil falar em cura para qualquer vício. Complexos circuitos cerebrais, envolvendo sistemas de recompensa estão envolvidos em toda essa dinâmica. A associação com doenças mentais como Transtorno Obsessivo Compulsivo e Transtorno de Ansiedade, são muito frequentes.
O tratamento envolve uma equipe multidisciplinar composta por um psiquiatra, terapeuta sexual, psicoterapeuta e grupos de autoajuda.
O DASA , sigla usada para “Dependentes de Amor e Sexo Anônimos” é um desses grupos de autoajuda e surgiu no Brasil em 1993, baseado em programas americanos, como o SLAA, “Sex and Love Addicts Anonymous”. A versão brasileira surgiu primeiramente no Rio de Janeiro e se espalhou por diversas cidades do Brasil. Seu funcionamento é bem parecido com o do AA - Alcoólicos Anônimos. Na pandemia, o modelo de funcionamento online, permitiu que um número maior de pessoas participasse desses grupos.
A uso desenfreado da pornografia costuma ser um recurso muito utilizado pelos compulsivos sexuais, que buscam conteúdos cada vez mais pesados e acabam deixando de lado as parcerias.
Os medicamentos utilizados no tratamento da compulsão sexual são da classe dos antidepressivos e as doses são mais altas, sendo esperada uma diminuição do desejo sexual. Além disso podem retardar o orgasmo e a ejaculação. E são justamente esses efeitos colaterais da medicação que serão aliados para o controle da compulsão.
Saber que essa alteração pode ser controlada já traz grande alento para os pacientes e suas parcerias. Compreender todo esse funcionamento do compulsivo e prestar os esclarecimentos e orientações necessárias ajudará muito nesse controle da compulsão.
Compulsão sexual, hipersexualidade e vicio em sexo são sinônimos para esse problema que merece maior atenção por parte dos profissionais de saúde.