A Receita Federal implementou novas regras para o envio de informações financeiras ao Governo, através da e-Financeira. Esse sistema, que já vinha sendo utilizado para monitorar transações financeiras relevantes, agora ganha novos critérios e limites mais claros, afetando tanto pessoas físicas quanto jurídicas. Bancos, fintechs, seguradoras, administradoras de consórcios e operadores de carteiras digitais estão entre os obrigados a enviar esses relatórios semestrais.
Como funciona a e-Financeira?
A e-Financeira é um relatório digital que reúne informações financeiras de clientes e as envia ao Governo duas vezes ao ano: até o último dia útil de fevereiro, com dados do segundo semestre do ano anterior, e até o último dia útil de agosto, com informações do primeiro semestre do ano em curso. O objetivo é monitorar movimentações acima de limites pré-estabelecidos para combater sonegação fiscal e práticas ilícitas.
Se eu transferir R$4.000 de uma conta para outra no mesmo banco, isso será informado?
Não, pois o valor está abaixo do limite de R$5.000 para pessoas físicas.
Se eu movimentar R$6.000 em janeiro, quando isso será informado?
O dado será incluído no relatório enviado até o último dia útil de agosto.
Quem está obrigado a informar?
De acordo com as novas regras, instituições financeiras como bancos e fintechs, empresas que operam consórcios, seguradoras e administradoras de previdência privada estão obrigadas a enviar dados de seus clientes. Isso inclui movimentações feitas em contas bancárias, poupanças, carteiras digitais, além de aplicações financeiras e rendimentos.
Se eu usar minha conta digital para pagar boletos, essas informações serão enviadas?
Sim, mas apenas se o valor total movimentado no mês ultrapassar R$5.000.
Quais são os limites para envio de dados?
Os limites mínimos variam dependendo do tipo de cliente e da operação. Para pessoas físicas, transações mensais acima de R$5.000 devem ser reportadas. Para pessoas jurídicas, o limite é de R$15.000. Essas movimentações incluem transferências, pagamentos, saques e rendimentos.
Tenho duas contas no mesmo banco, com R$3.000 em cada. Isso será informado?
Sim, porque o total combinado é de R$6.000, ultrapassando o limite mensal.
Se eu gastar R$4.000 no cartão de crédito em um mês, isso será informado?
Não, porque está abaixo do limite de R$5.000.
As novas regras relacionadas ao PIX e cartão de crédito determinam que todas as transações acima de R$ 5 mil realizadas por meio dessas ferramentas sejam monitoradas e reportadas. O limite é por CPF, o que significa que, mesmo utilizando diferentes bancos, os valores serão acumulados e considerados como parte de um único teto diário. Da mesma forma, transações realizadas por empresas que ultrapassarem R$ 15 mil em um mês também devem ser informadas. As informações são enviadas diretamente à Receita Federal, seguindo as orientações do Banco Central, que regula o funcionamento do PIX e de outros instrumentos financeiros.
Se eu receber um resgate de previdência privada de R$6.000, será informado?
Sim, porque o valor ultrapassou o limite mensal.
E se o saldo da minha previdência for R$55.000 no final do ano?
Sim, pois excede o limite de R$50.000.
O que é informado ao Governo?
Os dados enviados incluem nome, CPF ou CNPJ, endereço completo, saldos e movimentações detalhadas. As informações sobre transações financeiras, como rendimentos e tipo de moeda utilizada, também fazem parte do relatório.
Se eu transferir R$5.100 para outra conta, o banco vai informar ao Governo?
Sim, porque ultrapassou o limite mensal de R$5.000.
Além disso, transações feitas com cartões de crédito, débito ou por instrumentos de pagamento eletrônico, como Pix e carteiras digitais, estão incluídas. Para estabelecimentos comerciais, valores recebidos acima de R$15.000 em um mês devem ser reportados.
Se eu vender produtos no cartão e receber R$7.000 no mês, isso será informado?
Sim, porque ultrapassou o limite mensal de R$5.000 para pessoas físicas.
Quando essas regras começam a valer?
As novas regras entram em vigor a partir de 1º de janeiro de 2025. Isso significa que movimentações realizadas a partir dessa data já estarão sujeitas ao envio de informações. Transações com moedas digitais, contas pós-pagas e cartões de crédito serão obrigatoriamente monitoradas.
Com as mudanças, a Receita Federal busca ampliar a transparência das movimentações financeiras e coibir fraudes tributárias. Para a maioria dos cidadãos, as regras terão pouco impacto, desde que as movimentações mensais permaneçam abaixo dos limites estabelecidos. Entretanto, para quem movimenta valores elevados, é importante estar atento, pois essas informações serão analisadas com mais rigor.
Se eu movimentar R$6.000 em dezembro de 2024, isso será informado?
Não, apenas movimentações realizadas a partir de janeiro de 2025 estarão sujeitas às novas regras.
Com as atualizações, a Receita substitui também a Declaração de Operações com Cartões de Crédito (Decred) pela e-Financeira, simplificando os procedimentos para monitoramento de transações.
Dicas para evitar problemas com a Receita Federal no monitoramento de Pix e cartões
Com as novas regras da Receita Federal para monitorar movimentações financeiras, como Pix, cartões de crédito e contas bancárias, é importante tomar cuidado para não ter suas finanças analisadas de forma equivocada. Abaixo, listamos algumas dicas práticas para você se proteger e evitar problemas.
1. Não empreste seu cartão ou conta bancária
Emprestar seu cartão de crédito, débito ou a conta bancária para terceiros pode gerar grandes dores de cabeça. Qualquer movimentação feita nessas contas será vinculada ao seu CPF, e a Receita Federal pode interpretar como renda não declarada. Isso pode levar a questionamentos ou até à malha fina.
Nunca permita que amigos ou parentes usem sua conta para receber ou enviar dinheiro, mesmo que seja "só por uma vez". Sugira que eles usem a própria conta ou criem uma conta digital.
2. Evite movimentações em valores fracionados
Uma prática comum, mas perigosa, é dividir uma transferência grande em valores menores para tentar escapar do monitoramento. Isso pode ser considerado uma tentativa de burlar as regras e chamar ainda mais atenção.
Se precisar transferir valores altos, faça de forma transparente e com justificativa, como um comprovante de origem do dinheiro, caso necessário.
3. Não misture contas pessoais e empresariais
Se você é autônomo ou tem um pequeno negócio, evite usar sua conta pessoal para receber pagamentos de clientes ou movimentar dinheiro da empresa. Isso pode confundir a Receita Federal e gerar suspeitas de irregularidades.
Abra uma conta separada exclusivamente para as operações da sua empresa. Isso facilita a organização e reduz os riscos de problemas fiscais.
4. Monitore suas movimentações financeiras
Com a Receita de olho em transações acima de R$5.000 por mês para pessoas físicas, é essencial acompanhar seus extratos bancários e o uso de cartões. Fique atento ao limite e planeje suas movimentações.
Use aplicativos do banco ou ferramentas de controle financeiro para acompanhar seus gastos. Se ultrapassar o limite, guarde recibos e comprovantes para justificar a origem do dinheiro.
5. Evite receber ou enviar dinheiro para desconhecidos
Receber valores de origem desconhecida na sua conta pode levantar suspeitas na Receita Federal, especialmente se forem transferências de terceiros com quem você não tem vínculo direto.
Antes de aceitar qualquer depósito ou transferência, certifique-se de que a pessoa é confiável e tenha uma justificativa clara para o valor.
6. Guarde comprovantes de todas as transações
Se você movimenta valores altos com frequência, guarde todos os comprovantes, como recibos de transferências, extratos e contratos. Isso é essencial para justificar eventuais questionamentos da Receita.
Digitalize e organize esses documentos em pastas no computador ou em aplicativos de armazenamento na nuvem.
7. Evite transações suspeitas em cartões
Fazer compras no cartão de crédito para terceiros ou realizar gastos que não condizem com sua renda declarada pode levantar suspeitas. A Receita analisa o perfil financeiro para identificar inconsistências.
Use o cartão de crédito apenas para suas despesas pessoais e mantenha um limite condizente com sua renda.
8. Cuidado com transferências entre contas de bancos diferentes
Se você tem contas em mais de um banco, lembre-se de que as movimentações somadas também podem ultrapassar os limites e ser reportadas. A Receita monitora os valores de forma integrada.
Planeje suas transferências e evite fracionar grandes valores entre diferentes bancos sem uma justificativa clara.
9. Evite movimentações em nome de outras pessoas
Fazer transferências ou pagamentos em nome de outra pessoa, mesmo que com boas intenções, pode causar problemas. Essas transações podem ser interpretadas como ocultação de patrimônio.
Oriente familiares ou amigos a realizarem suas próprias transações, usando suas contas e CPF.
10. Regularize sua situação fiscal
Se você possui rendimentos não declarados ou patrimônios não regularizados, este é o momento de colocar sua situação em dia. A Receita Federal está cada vez mais integrada com outras bases de dados.
Consulte um contador ou especialista em impostos para verificar se sua declaração está correta e completa.
Com as novas regras de monitoramento da Receita Federal, cuidar da sua vida financeira se tornou ainda mais importante. Seguindo essas dicas, você reduz os riscos de problemas e mantém suas finanças organizadas. A transparência é sempre o melhor caminho. Se tiver dúvidas, procure um profissional de confiança para orientá-lo.