A Secretária Municipal de Saúde (SMS) de Aparecida de Goiânia informou ontem, 28, que afastou a direção e uma funcionária da Maternidade Marlene Teixeira após o episódio envolvendo Rogério Cardoso de Almeida Filho, recém-nascido dado, inicialmente, como incinerado e depois localizado em uma empresa de coleta de resíduos biológicos.
Além disso, a secretaria também admitiu que o corpo foi acondicionado em um local fora do indicado - em uma geladeira junto com placentas e resíduos. Fotos feitas pela perícia mostram o eletrodoméstico usado para este fim.
Em nota a SMS, afirmou que a unidade estava lotada e a sala usada para guardar o corpo até a chegada da funerária estava ocupada para a realização de atendimentos. (Veja a nota na íntegra no final da reportagem)
O corpo do recém-nascido sumiu na maternidade após ter sido recolhido por engano junto com resíduo biológico, como afirma a SMS, que culpa a empresa que faz a coleta do resíduo pelo acontecimento. A empresa, no entanto, afirma que a falha foi do hospital.
"Segundo eles, os funcionários só tem acesso a esta parte do hospital onde ficam os resíduos e que a orientação do hospital e da chefia deles era pegar tudo que estava lá", disse o delegado Henrique Berocan, responsável pelo caso.
E explicou ainda que, de acordo com as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), placentas descartadas e fetos mortos, assim como o corpo de um recém-nascido, não poderiam estar no mesmo local.
A advogada da empresa de coleta disse que os funcionários também não teriam como saber o que estava no material descartado.
"Ele [saco] não é aberto nem na empresa. Ele é colocado na máquina para tratamento fechado. Do jeito que vem da unidade se saúde ele entra no equipamento", avalia.
Após ser entregue à família, o corpo de Rogério foi sepultado nesta tarde, no Cemitério Jardim da Esperança, em Aparecida. No mesmo período, a polícia começou a ouvir os funcionários da empresa Resíduo Zero Ambiental, responsável pela coleta.
Divergência nas afirmações
Inicialmente, a secretaria havia dito que "o corpo do recém-nascido estava devidamente identificado, acondicionado em refrigeração, quando foi recolhido de forma equivocada pela empresa, que informou erroneamente à Administração da Secretaria que já havia incinerado o material".
No entanto, a Resíduo Zero Ambiental disse que “em nenhum momento a empresa informou que o resíduo coletado havia sido incinerado. A Maternidade e a Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia se precipitaram erroneamente ao afirmarem isso".
Segundo a família, após conseguirem toda a documentação para realizar o enterro do filho, quando chegaram na maternidade juntamente com o serviço funerário, o corpo havia sumido. Após mais de um dia sem saber onde o corpo do filho estava, os pais receberam a notícia de que ele havia sido incinerado por engano.
A Secretaria de Saúde afirmou que encontrou o corpo, ontem, 28, ainda nas dependências da Resíduo Zero Ambiental.
Nota oficial da Secretaria de Saúde:
A Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia esclarece que na última quinta-feira, 24, com a Maternidade Marlene Teixeira funcionando acima da capacidade, todos os ambientes da unidade estavam ocupados por gestantes/parturientes, inclusive o ambiente originalmente destinado para guardar Rogério Cardoso de Almeida Filho. Assim, excepcionalmente, a equipe da Maternidade utilizou a refrigeração onde estão localizadas as placentas para guardar o corpo do recém-nascido, devidamente identificado, como todo o material ali localizado.
A Secretaria informa que já afastou a direção da Maternidade e a funcionária que atestou o recolhimento do material pela empresa e que implementou sindicância administrativa e estabeleceu um Grupo de Intervenção Hospitalar para fiscalização da Maternidade quanto ao cumprimento de todos os protocolos estabelecidos pela Secretaria. Agora, a pasta esclarece que aguarda as conclusões das investigações policiais e que irá aplicar todas as sanções cabíveis aos responsáveis.
*Com informações do G1