Já é de longa data a informação de que exercícios físicos também contribuem para a saúde mental, principalmente auxiliam aqueles que já sofrem de depressão e ansiedade. O que ainda não se sabia era a quantidade de tempo mínima para se chegar a uma situação de menor risco de desenvolver tais doenças. Um grande grupo de pesquisadores do Reino Unido, Austrália e Noruega se uniu para analisar informações coletadas pelos noruegueses ao longo de 13 anos, entre 1984 e 1997.
Esses dados analisados fazem parte de um programa norueguês chamado HUNT (Nord-Trondelag Health Study), e incluem informações sobre os hábitos da população, condições de saúde e amostras de sangue. As informações podem ser usadas para todo tipo de pesquisa da saúde, desde epidemiologia à pesquisa genética. Neste estudo relacionando atividade física e depressão, os pesquisadores observaram que tipo de pessoa sofreu com depressão anos depois da coleta dos dados, e compararam esses resultados com seus hábitos de saúde.
“Sabemos há algum tempo que o exercício tem um papel em tratar sintomas da depressão. Mas esta é a primeira vez que conseguimos quantificar o potencial de prevenção da atividade física em termos de reduzir futuros níveis de depressão”, diz o médico Samuel Harvey, da Universidade de New South Wales (Austrália). Na pesquisa, foram analisados 33.908 adultos saudáveis, sem indícios de ansiedade ou depressão, e seus hábitos de exercícios físicos foram observados. Depois, dados coletados entre 9 e 13 anos mais tarde mostraram quem desenvolveu ansiedade e depressão.
RESULTADOS
Os dados revelaram que, mesmo desconsiderando variáveis socioeconômicas, as pessoas que não se exercitaram de jeito nenhum tiveram 44% mais chance de desenvolver depressão em relação àqueles que se exercitaram pelo menos uma hora por semana. Essa é uma ótima notícia para os adultos que não conseguem se exercitar pelos 150 minutos semanais recomendados pela Organização Mundial de Saúde.
Além disso, os pesquisadores não encontraram relação entre intensidade do exercício e seus efeitos protetores em termos de depressão. A idade ou sexo dos avaliados também não interferiu nos resultados. “A maior parte dos benefícios mentais da prática de exercícios acontece na primeira hora semanal de exercício”, afirma Harvey.
Infelizmente, esses resultados positivos não incluíram a ansiedade. Os pesquisadores observaram que a frequência da prática de exercício não influenciou o desenvolvimento da ansiedade posteriormente na vida da pessoa.
OTIMISMO
Essa pesquisa, porém, não pôde ser feita de forma ideal. Nela, os pesquisadores não conseguiram excluir aquelas pessoas que já tiveram episódios de depressão antes de 1983. Isso significa que possivelmente muitos casos de depressão observados anos depois eram recaídas, e não uma novidade na vida daquela pessoa.
Quem tem um episódio de depressão na vida tem mais chances de ter mais episódios no futuro, por isso a prevenção é chave para esta doença. “Isso tem consequências importantes para a interpretação dos resultados, e sugere que os efeitos protetores do exercício podem ser ainda maiores do que o observado no estudo”, dizem os pesquisadores no trabalho.