Por Felipe Rosa Mendes
O título do US Open conquistado por Emma Raducanu neste sábado, após vitória por 2 sets a 0 sobre a canadense Leylah Fernandez, encerrou um jejum de 44 anos sem conquistas de tenistas britânicas em um Grand Slam. Por isso, a notícia foi recebida com euforia por todo o Reino Unido, inclusive pela rainha Elizabeth II, que escreveu uma mensagem para parabenizar a jovem tenista de 18 anos por aquilo que ela chamou de um "feito notável".
"Envio meus parabéns a você pelo sucesso em vencer o Aberto de Tênis dos Estados Unidos. É um feito notável para alguém tão jovem, e é um testemunho do seu trabalho árduo e dedicação. Eu não tenho dúvidas de que o seu desempenho excepcional e sua adversária Leylah Fernandez irão inspirar a próxima geração de tenistas", diz a rainha, em texto publicado no site oficial da Família Real.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, também mostrou empolgação com a conquista, parabenizando Raducanu com uma publicação no Twitter. "Que partida sensacional! Parabéns, você mostrou habilidade, postura e coragem extraordinárias. Todos nós estamos orgulhosos de você", escreveu o político.
A partida deste sábado não foi histórica apenas em razão da quebra do jejum envolvendo tenistas britânicas. Raducanu saiu da quadra ostentando outras marcas expressivas, como ter se tornado a primeira da história a vencer um Grand Slam após passar pelo qualifying. O caminho foi construído com dez vitórias, sem perder um set sequer até levantar o troféu do US Open no Arthur Ashe Stadium, a quadra central do torneio.
Além disso, a jovem de 18 anos, atual número 150 do mundo, se tornou a segunda jogadora de pior ranking da história a conquistar um Major. Com o título, ela vai integrar o Top 30 pela primeira vez. Essa foi apenas a segunda participação da tenista na disputa de um Grand Slam.
A própria formação da final já havia sido marcante, uma vez que reuniu duas estreantes em finais de Grand Slam. Outro detalhe é que foi a decisão de US Open com finalistas mais jovens desde 1999, ano em que Serena Williams, na época com 17 anos, e Martina Hingis, com 18, decidiram o título. Leyla Fernandez e Raducanu nasceram em 2002, mas a canadense completou 19 anos no último dia 6 de setembro, enquanto a britânica atingirá a mesma idade daqui um mês, no dia 13 de novembro.
Para levantar um troféu de Grand Slam, um tenista precisa vencer sete partidas seguidas. Emma Raducanu venceu dez para se sagrar campeã do US Open, neste sábado. A britânica de apenas 18 anos precisou de três vitórias a mais porque veio do qualifying, se tornando a primeira tenista da história a vencer um Grand Slam, tanto no feminino quanto no masculino, após superar a fase preliminar. O feito histórico veio com triunfo sobre a também jovem Leilah Fernandez, do Canadá, por 2 sets a 0, com parciais de 6/4 e 6/3.
A conquista surpreende também porque Raducanu disputava a chave principal de um Grand Slam pela segunda vez na carreira - a primeira foi em Wimbledon, em julho, quando também se destacou. Atual número 150 do mundo, se torna agora a segunda jogadora de pior ranking da história a conquistar um Major. Ela ainda foi campeã sem perder um set sequer, mesmo superando a quantidade incomum de jogos.
A tenista de 18 anos, 14ª campeã diferente de um Major desde 2015, encerrou ainda um longo jejum, de 44 anos, para o tênis do seu país. Uma britânica não vencia um Grand Slam desde 1977. A última foi Virginia Wade, que assistiu ao feito de Raducanu das tribunas da quadra central do US Open, em Nova York. De quebra, a jovem tenista vai entrar no Top 30 do ranking pela primeira vez.
Antes do título, a final deste ano já era histórica por reunir duas estreantes em finais de Grand Slam. Raducanu e Fernandez, atual 73ª do mundo, fizeram a decisão mais jovem do US Open desde 1999, quando o torneio americano foi decidido pela local Serena Williams, então com 17 anos, e pela suíça Martina Hingis, com 18. Juntas, a britânica, de 18, e a canadense, de 19 completados nesta semana, somam 37 anos. Para efeito de comparação, Serena, maior lenda de sua geração, chegará aos 40 anos no fim do mês.
As duas finalistas deste sábado entraram para a história como as menos experientes em Grand Slam. Elas somam apenas nove participações em torneios deste nível - sete para Fernandez. Além disso, foi a primeira vez que o US Open teve em sua final duas tenistas que não eram cabeças de chave.
Curiosamente, as duas nasceram no Canadá e são filhas de imigrantes, com ampla diversidade multicultural em suas famílias Nascida em Montreal, Leylah tem pai equatoriano - Jorge Fernandez foi jogador de futebol profissional - e mãe descendente de filipinos. Raducanu, por sua vez, tem pai romeno e mãe chinesa. Ela nasceu em Toronto e se mudou com a família para Londres quando tinha apenas dois anos de idade.
Apesar da juventude e da pouca experiência, as duas tenistas mostraram luta e muita fome de vencer desde o primeiro ponto. O jogo começou com Raducanu exibindo mais o seu estilo agressivo, quebrando o saque da rival logo no início e abrindo 2/0. Depois de hesitar nos primeiros pontos, Fernandez reagiu a partir da sua postura mais defensiva, buscando todas as bolas no fundo de quadra.
O empate por 2/2 foi consequência natural do equilíbrio que logo surgiu na partida. Concentradas, mantiveram o duelo parelho até Fernandez voltar a hesitar no 10º game. A britânica aproveitou, obteve nova quebra e fechou o primeiro set.
A segunda parcial começou novamente com Raducanu melhor. Porém, desta vez a canadense reagiu rapidamente e foi a responsável pela primeira quebra do set, abrindo 2/1. A britânica foi ainda mais veloz para reequilibrar o duelo. Faturou duas quebras em sequência, virou o placar do set e abalou de vez a confiança da adversária.
Quando liderava o marcador por 5/2, desperdiçou um match point no saque da canadense, que lutava firme para seguir viva na partida. Quando sacava para fechar o jogo e o torneio, Raducanu precisou mostrar ainda mais poder de superação. A final ganhou ares de dramaticidade quando ela enfrentava um break point e sofreu um corte no joelho ao escorregar na quadra. Após rápido atendimento médico em quadra, evitou a quebra e, em seguida, fechou a final em 1h51min.