Uma escola da cidade de Anápolis, região metropolitana da capital goiana, passou a ser alvo de uma investigação após alunos denunciarem um evento em que supostamente ocorreu uma palestra que defendia a prática da “Cura Gay”. Segundo relatos, a palestrante seria membro de uma igreja evangélica local e se apresenta como “ex-transexual”.
A palestra em tela ocorreu ainda no início deste ano no Centro de Ensino em Período Integral Doutor Mauá Cavalcante Santos (Cepi), no entanto, o fato ganhou forte repercussão apenas neste mês. Em entrevista concedida ao portal G1, o advogado Alex Costa, membro da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Goiás), descreveu o que teria ocorrido no evento.
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“Ela disse que a vida dela estava fadada à condenação, à morte, não se sentia feliz e aceita. Falou que a única solução é ‘destransicionar’, aceitar a identidade de gênero biológica, ir pra igreja, ser cristão, casar-se com sexo oposto, ter filhos e uma família tradicional”
Segundo consta da investigação, a igreja em questão realizara na instituição de ensino uma sequência de três palestras que deveriam, em tese, abordar a temática da saúde mental. O público participante possuía no momento do fato, idades entre 13 e 17 anos, dentre os quais muitos são pessoas LGBTI+.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Educação de Goiás (SEDUC), se posicionou sobre o fato informando que determinou o imediato afastamento da equipe responsável pela gestão do evento até que o caso seja devidamente elucidado. A Seduc salientou não compactuar com quaisquer que sejam as práticas baseadas em atos preconceituosos, afirmando defender a dignidade humana e os preceitos constitucionais. Já a igreja, afirma que as acusações são infundadas.
A triste situação foi denunciada a Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) na última quarta-feira, 25. De acordo com o delegado Manoel Maveric, responsável pela condução do inquérito, um número substancial de alunos e familiares compareceram ao distrito policial para formalizar a notícia do crime.
Vale salientar que a prática da chamada “cura gay” é proibida pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) por meio da resolução 01/1999, além disso, atualmente no Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconhece atos considerados LGBTIfóbicos como crimes de racismo.
Leia a nota da SEDUC na íntegra:
"Em atenção à solicitação de informações sobre denúncia de pregações com conteúdo preconceituoso da igreja ocorridas no Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Doutor Mauá Cavalcante Sávio, de Anápolis, a Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc/GO) informa:
A Seduc Goiás não tem informações oficiais sobre este assunto. Assim que tomou conhecimento do ocorrido, a Secretaria determinou a abertura de um PAD (Processo Administrativo Disciplinar) para apurar as circunstâncias do fato e adotar a devida responsabilização de todos os envolvidos;
A Seduc Goiás destaca ainda que a equipe gestora responsável pela organização da palestra foi afastada até que os fatos sejam apurados. Uma outra equipe, indicada pela Seduc Goiás, está à frente da direção da escola.
A Seduc Goiás ressalta, mais uma vez, que não corrobora, em hipótese alguma, com quaisquer atitudes, atividades ou ações que firam os preceitos constitucionais e a dignidade humana, sobretudo no ambiente escolar, que deve ser plural;"