Nada como uma frase mal-colocada e uma lambança no meio do caminho.
Com esta charge do cartunista Chico Fróes, um dos principais nomes do jornalismo opinativo goianiense, a gente lembra – com tristeza – dos tempos em que os milicos controlavam o cinema brasileiro. Afinal, senhoras e senhores: a sétima arte é o reflexo da nossa sociedade, pasmem, e o presidente deveria saber disso.
Após a criação da Agência Nacional do Cinema (Ancine), a produção audiovisual rompeu aquela histórica rivalidade com a televisão e criou uma indústria do audiovisual. Desde os tempos da Embrafilmes, agência que fomentava o cinema durante a ditadura militar, os filmes brasileiros não tinham inserção no mercado.
Surreal a ignorância do presidente sobre o assunto, não é mesmo? Digo mais: o moralismo cristão da cúpula bolsonarista merece que aquela clássica frase do ator Paulo César Pereio à Sônia Braga, na fita “Eu Te Amo”, seja evocada. “Cala a boca e transa, porra”, como disse o gaúcho diante de uma D.R no longa.
Chega deste falatório. Subo no sótão da cinemateca do meu cocuruto cinematográfico para apresentar a vocês os melhores filmes de todos os tempos. Este cronista, sempre preocupado com os discursos do presidente, separou um guia com as seis melhores fitas do cinema brasileiro.
Vamos lá.
Dama da lotação (1978) – Um verdadeiro clássico dirigido pelo cineasta mineiro Neville D´Almeida. Baseado no conto homônimo do tio Nelson Rodrigues (pai literário deste escriba), a obra até hoje figura no seleto rol dos campeões de bilheteria.
Eu Te Amo (1981) – Estrelado por Sônia Braga e Paulo César Pereio, o longa do diretor Arnaldo Jabor é uma daquelas fitas que fazem parte da história do cinema brasileiro. “Cala a boca e transa, porra”, diz Pereiro, vagada, à estonteante Sônia Braga, que, além de linda, também é contrária ao desmonte da cultura.
Eu (1987) – O mais freudiano dos filmes desta lista. Dirigido pelo genial Walter Hugo Khouri, o longa, acima de tudo, é um tapa na cara dos evangélicos que rodeiam o governo federal. Sensualidade às alturas com a atriz Christiane Torloni e o ator José Mayer. Filmaço.
Lamarca (1994) – Outro longa que deixaria o presidente Bolsonaro em chilique. Estrelado pelo ator Paulo Betti, o filme narra os últimos dias da vida do guerrilheiro Carlos Lamarca. Conta também o porquê de o militantes abandonar o exército para ingressar na luta armada. O longa faz parte da chamada retomada do cinema brasileiro, na década de 1990.
O Que É Isso Companheiro (1997) – Baseado no livro-reportagem do jornalista Fernando Gabeira, a obra conta como foi o processo para sequestrar o embaixador dos Estados Unidos durante os anos mais turbulentos da ditadura. O filme mostra como foi a captura e, por conseguinte, as torturas às quais Gabeira foi submetido pelos agentes da repressão.
Cão Sem Dono (2007) – Tainá Muller no papel da jovem modelo Marcela. A história é ambientada em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, e mostra o relacionamento da protagonista com o tradutor de russo Ciro (Beto Brant). Sensual, delicado e elegante. Eis os adjetivos que resumem “Cão Sem Dono”.
E você, amigo cinéfilo, o que não pode faltar em sua lista dos principais filmes brasileiros de todos os tempos? Conte-me.