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OPINIÃO

Mídias digitais e suas nuances

“Mãe, não se esqueça do meu Ipod no meu aniversário”, assim pedia com muito entusiasmo uma criança, pois completaria sua coleção tecnológica.

Computadores, tablets, vídeo games com recursos de movimento e acesso à internet são praticamente comuns entre crianças e jovens, cada dia estão mais conectados a tudo, interagindo sempre com auxílio das redes sociais. Existem escolas que oferecem recursos tecnológicos como aulas com mídias interativas, tablets estão substituindo livros impressos, enfim, tudo em torno de mídias digitais. Isso tudo uma “grande maravilha”...

Jovens estão cada vez mais vidrados em smartfones. Um celular com internet, aliado a pitada de redes sociais, podendo resultar em uma exposição perigosa da privacidade. “Ufa... Mais um dia, tenho que ir cedo pra a aula”, uma foto de um jovem com o cenho fechado ilustra a postagem dele em uma rede social.  E assim durante todo o dia, fotos e postagem são mostradas a todos, a fim de descrever o dia a dia, passo a passo. Em uma roda de amigos, seja em um shopping, ou em um bar, lá estão os smatfones ligados, comunicando entre si, mesmo um estando ao lado do outro, sabe-se lá o porquê.

A tecnologia avança de forma assustadora, todos os dias novidades são anunciadas, uma verdadeira corrida na disputa de qual marca sai na frente, surpreendendo consumidores, crianças, jovens e adultos. Diante de todo esse avanço tecnológico, várias marcas brigam entre si na conquista do consumidor, consequentemente os preços despencam, ganhando espaço em todas as classes sociais.

Nem só de maravilhas vivem os aparelhos digitais, não podemos deixar de citar os benefícios que ela traz e continua trazendo dia após dia. Quando assistimos alguma cobertura jornalística ao vivo, ou notícia em site, de fatos que acabaram de acontecer, são resultados da grande interação que nós vivemos hoje, uma verdadeira globalização tecnológica que corre em nosso sangue, está vivo mais que nunca. De mãos dadas com os benefícios da digitalização, vêm os fatos negativos que preocupam. Crimes também ganham endosso tecnológico, como fraudes bancárias via internet, como clonagem de cartões, transferências de dinheiro de uma conta para outra sem autorização, sem contar o falso sequestro por telefone, que todos os dias várias famílias se tornam vítimas. Não podemos deixar de citar a pornografia na web, podendo resultar em crimes mais aterrorizantes como a pedofilia. Infelizmente, um detalhe que pesa sobre nós, “não temos”, ou melhor, “não tínhamos” uma legislação forte e contundente para punir com rigor crimes cibernéticos. Vale bem lembrar que uma atriz famosa teve que parar nos calabouços obscuros da internet para que fossem tomadas as devidas previdências legais, assim criou-se a Lei Carolina Dieckmann. Nossa legislação penal estava arcaica, não alcançando os criminosos digitais. Se fosse a filha do Zé ou outro anônimo, nada disso teria acontecido. Tínhamos  uma sociedade “moderna” com leis obsoletas, mas será que as autoridades estão acompanhando com presteza e sapiência os crimes cibernéticos?

Se voltarmos um pouquinho no tempo, quando não tínhamos essa vasta gama de opção tecnológica, crianças se divertiam com carrinhos, punham realmente sua criatividade em ação. Quem não tinha brinquedos, criavam sua própria diversão, e assim uns se interagiam com outros, como brincadeira de queimada, pique – esconde entre outras. Hoje, só os jogos digitais têm espaço em nossos lares, deixando de lado aquele contato interpessoal necessário. Tudo hoje se resume a quatro paredes, e lá um vídeo game, computador e muitas redes sociais. Até as amizades estão digitalizando, um verdadeiro perigo.

Diante de tanta tecnologia, temos que abrir um debate em favor, lógico do avanço tecnológico, mas não deixando de lado as relações interpessoais que tem grande importância para o desenvolvimento do caráter da pessoa. Se Ernesto Sabato, estivesse vivo, provavelmente criticaria com grande veemência essa rápida evolução da internet. Não podemos deixar que as relações entre pessoas se resumam a conexões via internet. Um abraço, um aperto de mão, vai muito bem, obrigado!

(Eduardo Castro da Silva, historiador)

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