Talvez você ainda não se deu conta de que, para milhões de brasileiros, viver se tornou difícil demais. Diariamente, dezenas de pessoas batem às portas da Paróquia Santa Teresinha para suplicarem, não apenas por uma cesta básica ou algum remédio, mas para dizer que a água e a luz estão cortadas, o gás acabou; precisam de uma consulta médica e também de um exame, mas não conseguem. A maioria dessas pessoas chegam humilhadas, em desespero mesmo; muitas estão sem trabalho.
Em alguns momentos, me vejo pressionado e obrigado a responder a essas urgências, e também, muito constrangido, quando não há como fazê-lo. Hoje mesmo, um casal chegou à Paróquia bem cedo e, somente voltou para casa, quando receberam a cesta e o talão de luz quitado. Tenho certeza de que para esse casal também não foi fácil esperar pela ajuda.
O Brasil passa fome de justiça, de solidariedade, de compromisso com a vida. Ainda preferimos não nos comprometer e viver cuidando apenas de nós mesmos, ou seja, da nossa satisfação pessoal, tanto é que nos hospitais muitos pacientes estão sozinhos, sem nenhuma companhia. Nos presídios, a situação não é diferente.
Por outro lado, a família padece a dor do adultério, da infidelidade fomentada e sustentada pela indústria do sexo:
“Não há ferida mais dolorosa e violência mais brutal e humanamente mais indigna do que a sexual, principalmente, quando ela rebaixa o ser humano ao nível de mercadoria.”
Fico indignado quando alguém me diz: “Padre, agora, pelo menos nos outdoors as mulheres estão menos peladas.” A pornografia encontra espaço até mesmo entre as crianças, porque o dinheiro justifica tudo.
Quanta dor e humilhação no coração de quem foi traído! Quanto sofrimento estampado nos rostos dos filhos, cujos pais se separaram! Algo ainda que me deixa mais estarrecido é que as “moças de família” fazem questão de se envolverem com homens casados e, muitas vezes, com o consentimento dos pais. Tudo hoje é permitido, ainda que seja às custas do sofrimento alheio. Afinal de contas, “eu tenho direito de ser feliz”.
Em qualquer lugar, em qualquer evento, percebe-se a falta de bom senso, de sensibilidade, particularmente, nas mulheres, que destituídas de amor próprio e de respeito pelo sagrado, vestem-se muito mal.
Preciso ser o oposto do que o mundo é
Preciso preservar os bons costumes
Preciso ter atitude
Largar o meu assento e andar com Deus
Colidir com o mundo e ficar de pé
Nesta atual realidade da sociedade brasileira, quem deseja viver a família e pela família, precisa ser mais seletivo, precisa buscar amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo; precisa ter a coragem de dizer que não está de acordo com as propostas deste mundo, no qual a justiça tem dois pesos e duas medidas. Ah! por favor, desliguem-se das novelas e dos telejornais que só transmitem morte, viver é bem melhor, lembrem-se só temos hoje para amar, e o amor exige tempo de qualidade.
(Luiz Augusto, padre)