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OPINIÃO

Meu Shangri-lá e o Nirvana eterno moram bem aqui pertinho. É o berababão da minha infância e do meu eu interior!! – Parte ll

Eu trocava gibi nas portas dos cinemas (aprendi a ler e escrever antes dos sete anos sem nunca ter ido à escola) em todos sábados e domingos. À noite corria atrás de vagalumes (“vagalume tem tem seu pai taqui sua mãe também”). Fiz muita cirurgia em sapo e calango; esperava com muita paciência na fila pra “furunfar” a Dora Doida e a Zica Gaga (as únicas que davam e faziam caridade “pra nóis” engraxates e “míninos” de menos de 12 anos). Pratiquei homéricas disputas tipo “campeonato de lançamento à distância de caldinho do piu piu” (nunca ganhei)!
Engraxei sapatos; fui jornaleiro, balconista e entregador. Catei esterco; vigiei carro; fui gandula do Beraba Sport (melhor time profissional do BerabaBão). Catei e vendi ferro veio; vendi pirulito; kibe; bolo, etc. Caçei preá (piriá) e rã nos banhados e córregos da cidade (ribeirão da Medalha) quando pescavamos também cascudo, bagre, lambari, lobó e cará; caçavamos tanajura para assar sua gostosa “bundinha” (sabor de amendoim torrado), dentre outras inúmeras e titânicas aventuras de moleque feliz que nunca me impediram de lançar- me nos estudos com afinco e dedicação. Eu vendia “cola” nas provas e deveres de casa; inclusive para o filho da diretora que lutava e pagava muito bem para se sentar ao meu lado durante todo o Curso Primário no Grupo Escolar Dom Eduardo da Mercês!
Trabalhei com afinco, eivado e revestido de muita desenvoltura e pragmatismo alegre à caça de escassos “choraminguados” essenciais a fim de complementar o sustento da família. Já fui balconista, vendedor e até “babá de porco” e faxineiro de motel, dentre outras atividades; sem porém nunca perder o foco no bem viver infantil, além da classe e o rebolado!!
Então, esse “lenga-lenga” de menor não poder trabalhar a fim de ajudar no sustento familiar é lorota fantasiosa de petistas e “cumunistas” a fim de enfiarem o aviltante Bolsa Família na guela abaixo dos pobres coitados, e assim dominar esses incautos mais desfavorecidos, explorando assim seus ingloriosos votos.
BerabaBão é terra energizada e muito radioativa que se interdigita e se interage simbiótica e sinecologicamente com espamos energéticos de violentas ondas magnéticas gravitacionais e telúricas de grande potencial. Possui diamantes, vulcões, terremotos, dinossauros e muitas assombrações, bebâdos, doidos e zumbis. Por isto Chico Xavier foi pra lá como tarefa superior e celeste a fim de preparar uma nova civilização; a verdadeira “Pátria do Alvorecer”. Era eu, na infância, beneficiado na fila do Centro Espírita do Chico (Casa da Bênção). “Nóis minino pobre”, porém muito mais ricos, éramos agraciados com roupas, alimentos, material escolar, guloseimas e muitas orações dos voluntários encarnados e desencarnados (me arrepio todo quando me lembro) naquela fila do bem, quando dois anjos desencarnados, a mando, acho que de Emannuel (São Miguel Arcanjo), como meus guardiôes celestes, me adotaram pelo resto da vida (Anjos Chico e Severino).
Estão comigo até hoje e já me livraram e me tiraram de centenas de íveis e perigosíssimas enrascadas (topo contar. Já relatei até no Jô Soares). Mas, sobretudo, guiaram meus passos de “Minino do Pé Perebento” (vide série de crônicas publicadas aqui no DM), defendendo-me e mostrando-me a verdade da sagrada e imperiosa sabedoria da vida, principalmente através de duas máximas sagradas: “O mundo conspira e se afasta para deixar passar quem sabe onde vai. E as vistas são amplas e incomensuráveis para quem chega no topo do morro pelo lado mais recheado de pedregulhos, íngrime, espinhoso e de difícil escalonamento.”
Hoje tenho dó de quem não teve uma infância deste naipe, pois considero-os como cidadãos de 2ª classe; como também sinto pena de quem nunca serviu o nosso outrora glorioso Exército Brasileiro. Com honras fui deslocado para lutar no Escalão Avançado do Gabinete do Ministro, quando antes servi na tropa (Infantaria).
Meu misericordioso leitor (com licença do meu amigo guru e baluarte jornalista escritor Henrique Gonçalves Dias, a quem muito admiro). “Cê concorda ou não que Shangrilá e o Nirvana Eterno moram aqui pertinho? Dentro do meu Eu Interior”!!?? Continuo com dó de você que nunca teve um Shangri-lá e Nirvana Eterno por perto!!. Segue na próxima (Parte III).

(João José, geólogo da Amazônia, comendador do Araguaia, servidor do Radam Brasil / IBGE, ex-professor da UFMG, articulista e cronista do DM)

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