Ao longo dos anos, a construção civil se modernizou e, mesmo diante dos desafios, continua demonstrando força ao se manter entre as principais atividades que impulsionam a economia brasileira. Para se ter uma ideia, seupeso no Produto Interno Bruto (PIB) gira em torno de 6,5%. E não é só isso. Estima-se que o setor seja responsável por gerar emprego e renda para 13 milhões de pessoas em toda a sua cadeia produtiva.
O segmento desempenha importante papel na realização do sonho da casa própria, assim como coopera diretamente para o fornecimento de serviços básicos à população. Em seu período promissor, observado principalmente entre 2007 e 2013, pode-se dizer, seguramente, que favoreceu (e ainda hoje favorece) o crescimento das cidades e a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros.
Nos anos áureos, os investimentos do Governo Federal, seja com o Programa “Minha Casa, Minha Vida”, ou com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), assim como a oferta abundante de crédito, foram decisivos para o desenvolvimento do setor. Foi quando empresários, trabalhadores e governos descobriram a importância de trabalhar juntos e em parceria.
Mas nem toda essa experiência positiva foi capaz de resistir à crise. Em 2015, o PIB da construção registrou a maior retração dos últimos 12 anos. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o segmento amargou queda de 7,6%. Foi a segunda queda consecutiva na produção da construção civil no Brasil e mais expressiva desde 2003 (-8,9%). Em 2014 o setor já havia registrado redução de 0,9% em suas atividades.
A Caixa Econômica Federal até divulgou recentemente novas regras para imóvel usado, elevando de 50% para 70% o limite de financiamento para trabalhadores do setor privado e para 80% para clientes do setor público. O banco também voltará a financiar o segundo imóvel, mercado do qual tinha saído em 2015. Alguns vão dizer que tais medidas estimulam o mercado de imóveis novos, pois o dinheiro da venda do usado normalmente viabiliza a entrada na compra de um novo. Mas não é bem assim.
Isso porque, por outro lado, a Caixa anunciou também que a taxa balcão – para não clientes do banco – passa de 9,9% para 11,22% ao ano, para compra de imóveis pelo Sistema Financeiro Habitacional (SFH). Já para o Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), que costuma financiar imóveis acima de R$ 750 mil, a taxa para não clientes subiu de 11,5% para 12,5% ao ano. Vale lembrar que o último reajuste ocorreu em outubro do ano passado. Em resumo, isso significa prestação mais onerosa para o comprador.
Mas nem tudo está perdido. No dia 30 de março, o Governo Federal lançou a terceira etapa do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV3). Nesta nova fase serão contratadas mais 2 milhões de unidades habitacionais em todo o País até 2018. Nos próximos dois anos serão investidos cerca de R$ 210,6 bilhões, dos quais R$ 41,2 bilhões são do Orçamento Geral da União.
Sabemos que o MCMV3 é insuficiente para fazer a construção civil retomar o ritmo da atividade e reduzir o estoque, até porque o programa sofreu cortes significativos. O ideal mesmo seria aumentar o limite de financiamento para o imóvel novo e a acessibilidade ao crédito. Porém, para tanto, há ainda um longo caminho a percorrer, o qual passa necessariamente pela superação da crise política e econômica, além da reconquista do otimismo dos empresários e investidores. Mas sem desânimo. Avante, sempre confiante!
(Moisés Carvalho Pereira, diretor da Buriti Empreendimentos)