“Aquele de hoje não usar os olhos para ver a verdade, terá de usá-los amanhã para chorar pelas suas culpas”.
A vida do homem sobre a terra transcorre no parêntese do tempo. Em algum momento da cadeia de intermináveis eventos que explicam o mundo existente, Deus – ou qualquer nome com que se possa chamá-Lo -, tem de estar presente, e dentro da ciência geral dos princípios e causas (filosofia), Deus não e uma hipótese cuja existência é possível, mas um Ser impossível de não existir. Portanto, tudo o que Dele provir, seus valores, suas leis e mandamentos, o seu reino, os seus eleitos, devem ser respeitados, cultuados e obedecidos. Ele afirmou que é um pai, e deseja que os homens O conheçam como tal. Porém, na verdade muitos pais e filhos não conhecem os capítulos mais importantes da história um do outro, apenas o prefácio. Nunca perguntaram quais as razões de suas lágrimas e conflitos mais marcantes. Não sabem, sequer, quais os seus projetos. O resultado? Suas relações são distantes, frias e vazias. A rotina social e o consumismo deixam-nos atônitos com a vida. O incomum torna-se comum. Raramente as pessoas indagam: sou um aparelho de consumo, ou um mundo a ser descoberto? Não percebemos que existir como um ser consciente é o enigma dos enigmas. Devemos sempre nos lembras que os seres humanos são andarilhos que vagueiam no traçado da existência em busca de grandes respostas, no pequeno parêntese do tempo que lhes foi dado aqui na terra. O caminho dos homens deve ser aquele indicado por Deus, através de Jesus Cristo, Seu filho unigênito, e devemos encontrá-lo, antes que os nossos costumes e dogmas cristãos sejam corrompidos pelos vícios, pelas mentiras, pelos crimes contra a vida e a sociedade, pelos maus exemplos, e pela barulheira infernal que leva à transe demoníaco. Que a família seja destruída pelos maus costumes, que nossa literatura e nossa arte, dois fatores básicos da educação sejam prostituídas, e que o espírito da Fé seja minado e destruído por conceitos e imagens distorcidas. Para que não seja preparada e decretada a agonia e a dependência das famílias, porque a dependência causa a fome, e a fome cria escravos.
Ao ler a edição do dia 13 do mês em curso, deste conceituado órgão de informação, mais precisamente na coluna de Opinião, detive-me no artigo do nosso querido Arcebispo Metropolitano de Goiânia, Dom Washington Cruz, um trabalho magnífico, verdadeiro e corajoso, no qual ele convida os católicos e as pessoas de boa vontade a defender o ponto de vista das famílias, das escolas e da igreja, como instrumentos capazes de fornecer aos jovens e à sociedade, uma boa e justa convivência das pessoas. O ponto central de seu argumento prende-se ao fato de que certos meios de comunicação (em que pese seu lado positivo) semearem – por vezes – mentiras, maus exemplos, falsidades e confusão, ferindo a sensibilidade de muitos brasileiros, especialmente os jovens. Família, escola e igreja, são três conceitos correlatos, três pólos sobre os quais gira todo sentido de vida, sem eles o homem perderia sua função histórico-social e, com isso, a consciência e a posição do seu destino. A tecnologia, apesar de expandir o mundo das idéias e do conhecimento, e, portanto ser extremamente útil à sociedade, pode trazer algo dramático e prejudicial para a consciência das pessoas. Todos os dias os meios de comunicação (cada vez mais sofisticados), entram em nossos lares mostrando programas, “artes” promíscuas, noticiários, novelas, saturados de agressividade contra seus semelhantes, inadmissíveis ante nossa tradição e nossa história sócio-religiosa. Ninguém pode eliminar as áreas da emoção e dos exageros arquivadas nos labirintos da consciência. As feridas da memória nunca serão deletadas: apenas reabertas. Jogando com as palavras facciosas, e explicando tudo à sua compreensão, artistas, intelectuais, e uma parte da sociedade defendem a permissividade e a mistificação dos excessos, sem qualquer vínculo com a ordem moral, educativa, legal e religiosa. Com isso, os contra-valores passados por esses programas televisivos estão ligados a tantos outros igualmente devastadores para a formação das gerações que surgem e se sucedem. Se as informações forem colocadas de forma técnica e ilustrativa, são construtivas na formação moral e religiosa das pessoas. A tecnologia pode em questão de minutos construir projetos e expectativas, mas, de igual modo, pode destruir vidas, pessoas, valores, tradições, crenças, costumes, moral, princípios de fé.
Num Estágio mais adiante da nossa sociedade, caso não haja uma freada brusca nesta correria louca e cega pelas coisas ilusórias trazidas pela magia da modernidade e da liberdade total, a juventude que se ver criada em abertura abrangente procurará maior liberdade de atitudes, pensamentos, e quer ser livre. Lendo romancistas e poetas mais ousados, vendo imagens pornográficas, cenas eróticas, o lar lhe parece pequeno e procura a felicidade nos excessos dos prazeres mundanos, tornando-se refém e escrava da pretensa liberdade, corrompida pelas imagens da permissividade alarmante, a que a impele os agentes de propaganda e do ensino pela imagem, sem nenhuma revisão séria e breve. É o Brasil deteriorando-se para o futuro. A liberdade não consiste na devassidão e no direito à licença. Também o direito do indivíduo não consiste no direito de incitar a si mesmo e estimular aos outros. A liberdade do ser humano consiste na consciência dos seus direitos e, ao mesmo tempo, no conhecimento dos direitos que não possui. É, pois, a convivência com a razão, que nos liberta e nos prende. A palavra liberdade põe as sociedades humanas contra toda força, contra todo poder, mesmo o de Deus e o da natureza. Diante do falso sentido desta palavra os homens praticam, consentem e se sujeitam às mais berrantes injustiças e insensatez. Se nada for feito, para conter esse estado de coisas, somente pouco número de anos nos separa ainda da completa ruína social, moral e familiar dos homens que devem convencer-se da realidade do perigo que nos cerca, e que possamos examinar o anzol que nos está sendo preparado e, talvez, caindo na realidade sejamos bastante inteligentes para não o engolir. Nós vivemos numa sociedade onde reina a licença de costumes e, muitas vezes, se tem que tolerar como aceitável uma situação inapelavelmente tida como imoral, em que a moralidade ainda respira não por princípios voluntariamente aceitos, mas por força de uma religião em que os sentimentos de fé e moral são abafados por crenças cosmopolitas. A própria liberdade poderia ser inofensiva e existir entre os homens, sem prejudicar a liberdade da comunidade, se repousasse nos princípios de justiça, igualdade e fraternidade humana, fora de tudo que estabeleça a subordinação das pessoas, e anticristã. Criemos, pois, o mais breve possível, em nossa sociedade, uma consciência progressista e cristã. Condenem a destruição da vida e da liberdade, declarem boicote a tudo que for contra a nossa consciência, nossa crença, nossos costumes e tradições. Rejeitem as mentiras, as ofensas, as apologias ao mal. Iniciem, em suma, por todos os meios possíveis e pacífico um novo modo de vida, apoiando incondicionalmente as escolas, as famílias, a igreja, para que voltem a ter as mesmas orientações, a mesma dignidade, a mesma função primitiva, recuperando o seu valor e a sua finalidade. Vamos dialogar, discutir, escrever, evangelizar, orar, cantar hinos de louvor e graças, para que a nossa sociedade não se dispa dos valores naturais, nem seja amortalhada por um manto sinistro que a vem envolvendo pelo mais profundo silêncio do mundo dos mortos, onde em resumo da vida, todas as vozes que se levantem em favor do bem, se calarão. Meus irmãos!... Minhas irmãs!... não percamos de vista o caminho de nossa salvação. Não vamos vaguear sozinhos pelas curvas da nossa existência. Estejamos unidos, sejamos corajosos e dedicados às nossas obrigações e à Deus. Sigamos, sem medo de errar, Àquele que disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Não sejamos indiferentes, descuidados. Não deixemos de ser resolutos. Vamos restabelecer a nossa história, honrar os nossos antepassados, a nossa crença, e não esqueçamos de nossos filhos, se não lhes quisermos deixar uma herança (vida) vergonhosa e um futuro indeciso. Não deixemos que esta pergunta nos persiga por muito tempo: Para Onde Caminha a Humanidade?
(Edmilson Mello, escritor)