A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), defendeu nesta quarta-feira, 9, a votação de um novo pedido de convocação do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, que foi preso preventivamente na manhã de hoje por suspeita de uso do aparato estatal para interferir no segundo turno das eleições de 2022.
"A prisão hoje do Silvinei é a constatação real de que a CPMI adotou uma linha de investigação correta em consonância com os fatos", disse Eliziane em coletiva de imprensa. "Hoje, mais do que nunca, a partir dessa prisão, está provada a necessidade de reconvocação", defendeu a relatora, que não descarta convocar o ex-presidente Jair Bolsonaro para depor.
"Estamos centrados neste momento em outros nomes, que estão no entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas não descarto a possibilidade de ter que ouvi-lo na comissão", disse a senadora.
Eliziane ainda propôs realizar um processo de acareação das versões de Silvinei e de outros servidores da PRF. A relatora quer confrontar Silvinei mais uma vez com as ordens de serviço, os relatórios e as diárias pagas pela corporação para que fossem realizadas as operações de abordagem dos veículos que transportavam eleitores aos locais de votação.
"Ele está preso porque, dentre outras questões, há um fato fundamental: ele, de fato, tentou impedir o resultado eleitoral. Ele atrapalhou o processo eleitoral", afirmou Eliziane.
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Durante o primeiro depoimento de Silvinei à CPMI, Eliziane chegou a insinuar a possibilidade de efetuar a sua prisão por mentir ao colegiado. Questionada nesta quarta-feira se a comissão falhou ao não prender depoentes que mentiram, a relatora argumentou que tem demonstrado as inconsistências durante os depoimentos, mas que cabe ao presidente da comissão Arthur Maia (União Brasil-BA) decretar a prisão por falso testemunho.
Em seu depoimento à CPMI, Silvinei negou que policiais da instituição tenham sido usados para boicotar ou dificultar o deslocamento de eleitores no dia da votação no ano passado. Ele ainda usou parte do tempo para blindar o ex-presidente Jair Bolsonaro das acusações de uso da estrutura da PRF no pleito de 2022.
Operação da PF
Silvinei é o alvo principal da Operação Constituição Cidadã da Polícia Federal (PF), que investiga o suposto uso da máquina pública para interferir no segundo turno do pleito do ano passado, com o direcionamento de recursos, por parte de integrantes da PRF, para dificultar o trânsito de eleitores no dia 30 de outubro de 2022.
"Os crimes apurados teriam sido planejados desde o início de outubro daquele ano, sendo que, no dia do segundo turno, foi realizado patrulhamento ostensivo e direcionado à região Nordeste do país", diz a corporação.
Relatório divulgado pelo Ministério da Justiça em abril mostrou intensa atuação de agentes da PRF, entre os dias 28 e 30 de outubro, na região onde se concentra o maior reduto eleitoral do presidente Lula.
Silvinei Vasques assumiu a chefia da PRF em abril de 2021, quando foi empossado o ex-ministro da Justiça Anderson Torres - alvo de investigação por suposta omissão ante os atos golpistas de 8 de janeiro.
Na véspera da eleição, o então diretor-geral da PR chegou a usar sua conta para pedir o voto no então presidente Jair Bolsonaro. Ele publicou nos stories uma foto da bandeira do Brasil e escreveu: "Vote 22, Bolsonaro presidente".