O caso da morte da ciclista Cibelle de Paula Silveira, de 31 anos, que foi baleada na cabeça durante uma pedalada que realizava na BR-060, em um trecho entre Goiânia e Abadia de Goiás, ganhou novos rumos com relação à autoria do crime. A princípio, três homens confessaram o assassinato e acreditava-se que a motivação seria latrocínio, roubo seguido de morte. No entanto, após investigações da Polícia Civil apontam que o advogado e marido da vítima, Eduardo de Oliveira Francisco, de 33 anos, foi o mandante.
A mulher foi assassinada no dia 30 de novembro de 2015 enquanto pedalava juntamente com o esposo e um amigo do casal. Em um trecho da via, dois homens se aproximaram em uma moto e uma bicicleta e dispararam contra Cibelle. Ela foi levada para o Centro de Atenção Integral à Saúde (Cais) do setor Bairro Goiá, no entanto, chegou a unidade sem vida. Os acompanhantes não tiveram nenhum ferimento.
Depois de investigações preliminares, a Polícia Militar prendeu três suspeitos. Um deles identificado como Pedro Henrique Domingos de Jesus Félix, chegou a gravar um vídeo confessando o crime e citou que teve ajuda de um adolescente.
Após dez dias do crime, o inquérito policial já havia sido concluído e remetido ao Ministério Público. O rapaz que havia confessado o homicídio e o adolescente foram denunciados por latrocínio. Já o terceiro detido, não foi denunciado já que comprovou-se que ele não teve participação.
Reviravolta
Depois de dois meses da divulgação do laudo cadavérico da vítima, o caso que seguia em tramitação no Judiciário, ganhou novos rumos. Segundo o delegado Thiago Martimiano, Cibelle apresentava lesões antigas. O fato levantou a hipótese que ela poderia ser vítima de espancamento.
“Abri um procedimento para apurar informações, já que o processo já estava no Judiciário. O laudo mostrava que a Cibelle tinha hematomas nas coxas, pescoço, costas. Algumas das lesões eram antigas. Aí ouvimos o relato de amigos dela, e até colegas de trabalho, que contaram que ela sempre apresentava marcas pelo corpo, muitas vezes usava roupas de mangas compridas para escondê-las”, disse à TV Anhanguera.
Na ocasião, o delegado falou novamente Pedro Henrique, que modificou a versão inicial e afirmou ter sido contratado pelo marido da vítima para assassiná-la.
“Ele contou que o Eduardo foi até a casa dele em um Honda City branco, exatamente igual ao carro de Cibelle, e ofereceu R$ 30 mil para que ele matasse a mulher. Deste valor, o marido deu R$ 5 mil de entrada e ficou de passar o restante depois. Porém, como nunca pagou, Pedro Henrique decidiu contar a verdade”, informou à reportagem.
De acordo com o laudo cadavérico e as novas afirmações dos depoimentos dos principais suspeitos, o delegado conversou com o marido da ciclista. “Ele negou tudo, disse que não sabia de nada disso e que ela tinha sido vítima de roubo”, afirmou.
As novas informações foram reunidas pelo delegado e apresentadas ao Ministério Público. O órgão entendeu que o caso trata-se de homicídio e não latrocínio. No final de novembro deste ano, Pedro Henrique foi denunciado por homicídio qualificado, o adolescente por participação e Eduardo como mandante do crime.
Motivação
Segundo o delegado Thiago Martiminiano, as investigações apontam que o relacionamento do casal era conturbado e para ele, o marido mandou assassinar a esposa por questões financeiras.
“Depois da morte dela, ele recebeu cerca de R$ 50 mil do seguro de vida dela. Além disso, ela tinha uma herança, que era um dinheiro de uma indenização da morte do pai dela, que foi atropelado. Ele também ficou com o carro da mulher e ainda exigiu dinheiro da família da vítima para deixar a casa em que vivia com ela. Tudo isso mostra que ele tinha interesses”, comentou.
O delegado disse ainda que Eduardo era bastante ciumento. “Ele desconfiava da Cibelle, achava que ela podia ter algum relacionamento com um amigo de pedal, então, a seguiu várias vezes durante os passeios. Ela já tinha relatado aos amigos a situação e, inclusive, um dia antes de ser morta, fez uma postagem em rede social sobre violência doméstica”, afirmou.
Defesa
Por meio de nota à imprensa, o advogado de Eduardo, Marco Sérgio informou que o cliente não cometeu o crime.“O processo tramita em segredo de Justiça e Eduardo vai provar a sua inocência. Peço que aguardem a resposta da Justiça, acreditamos no oder Judiciário e certamente será absolvido diante das provas dos autos”, diz trecho.
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