O piano continua sendo o instrumento maior dos virtuoses, tanto pela extensão das oitavas, capacidade de travar polifonias complexas e a possibilidade de realizar texturas inimagináveis. Sua tessitura é agradável tanto aos concertos solos como aos arrebatadores movimentos sinfônicos. O Auditório do Lílian Centro de Música, localizado na rua 88, n. 246, Setor Sul, será testemunha, nesta sexta-feira, 3, de uma apresentação com dois pianistas cuja arte transborda a beleza e rigor de Rachmaninoff e outros, caso de W. Lutoslawski, Ravel e Schubert. O melhor e incrível: a entrada é franca.
Toda esta arte será revelada justamente no piano – arma transgressora e educadora para ouvidos acostumados a sonoridades sem imaginação.
João Elias Soares e Lígia Moreno são os responsáveis pela missão de transportar os ouvidos lamacentos do cotidiano até águas turbulentas e virtuosas do classicismo, romantismo e mesmo modernismo - o polonês Lutoslawski, por exemplo, da mesma terra de Chopin, morreu em 1994 e deixou um monumental produto sonoro ainda a ser desvendado pelas atuais e futuras gerações.
João Elias Soares é um experiente instrumentista: participou de diversos master classes internacionais e venceu o mais importante concurso nacional para pianistas profissionais e adultos, o Arnaldo Estrella (2010). Tem no currículo apresentações em todos os continentes.
Por sua vez, Lígia Moreno foi a única pianista brasileira a receber bolsa para participar do III International Piano Festival em Oxford, Inglaterra, por indicação da pianista Cristina Ortiz. Em 2006, obteve o 1º lugar no II Concurso Internacional Grieg-Nepomuceno, tendo após a vitória empreendido uma turnê pela Noruega. É atualmente pianista e professora da Universidade de Brasília (UnB).
PÓS-FERIADO
A apresentação acontece em um dia seguido de feriado, mas o repertório é revigorante e merece atenção de ouvintes que buscam transcender ao trivial das salas de concerto e dial das rádios. A apresentação da “Suite No.2 Op.17”, por exemplo, já foi um desafio enfrentado por gênios do quilate de Nelson Freire e Martha Argerich. Ver-ouvir ao vivo é incrível e chocante.
Por sua vez, o espetáculo anuncia a interpretação da inicialmente enigmática e depois encantadora “Fantasia em Fá menor D.940”, de Schubert. Não é de se fazer a crítica antes, mas o repertório já é grandioso. Aguarda-se agora a interpretação de dois pianos ao mesmo tempo, logo mais às 18h30.