Welliton Carlos
O ministro Joaquim Levy deve entregar hoje o cargo de ministro da Fazenda para a presidente Dilma.
Conforme presentes em reunião com o responsável pelas finanças do governo, ele se despediu ontem, quinta-feira, de inúmeros agentes públicos que atuam no ministério.
Hoje, pela manhã, o ministro manteve o mesmo procedimento com quem se encontrava pela frente. Detentor de um ar sempre misterioso e de frases simbólicas, ele tem dito que "chegou a hora".
Logo após ser empossado, Levy reafirmou a necessidade de que o governo realizasse contenção de despesas. Diminuir a máquina e cortar programas sociais foram algumas das sugestões do ministro.
Como não conseguiu ter suas propostas aprovadas tanto no governo quanto no Congresso, o ministro optou por abandonar a pasta mais importante da gestão pública.
Na reunião de ontem, no Conselho Monetário Nacional, era visível sua intenção em abandonar a pasta. A possibilidade de agravamento da recessão, de inflação em dois dígitos e crescimento negativo tornaram-se rotinas insustentáveis para o ministro, que se esquivou da forma que pode para não confundir as finanças com a política.
MERCADO
O mercado teme que a presidente Dilma procure um nome político para substituí-lo. Conforme os investidores, seria melhor que o governo tentasse um técnico, como Levy.
O medo do descompromisso fiscal pode agravar o despenho do mercado brasileiro, caso seja anunciado hoje que ele deixará o ministério.
Um dos nomes cotados para substituir Levy é do ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes, que estaria próximo de Dilma, por conta da defesa intransigente contra o impeachment. Outro cotado é o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro (PTB-PB). O senador Romero Jucá (PMDB-RR) foi convidado, mas disse não.
A gota d´água tem sido as desavenças com o ministro Nelson Barbosa (Planejamento).
As propostas de ajuste fiscal protocoladas por Levy não saíram do papel. Ao contrário, Barbosa impôs a redução da meta de superavit de 1,1% (tese mais próxima de Levy) para 0,15%.
Foi Nelson Barbosa também que modificou a mensagem de déficit enviada para o Congresso.
Enquanto Levy foi realista e revelou o rombo de R$ 119,9 bilhões, Barbosa fez com que Dilma enviasse um rombo de R$ 30,5 bilhões, bem menor, no Orçamento 2016.