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Endividamento se intensifica com a crise do covid-19

Endividamento se intensifica e pode ser um dos efeitos da crise causada pelo covid-19. De acordo com a Sondagem do Consumidor, publicada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), 28,6% dos brasileiros está em situação de "estresse financeiro".

Esse indicador mede parte da população que está se endividando ou gastando suas reservas para pagamentos correntes. Medido desde 2009, o percentual referente a abril deste ano é o novo recorde.

Mesmo as medidas tomadas pelo governo de inserir recursos na economia, tanto o auxílio emergencial, quanto o benefício pago a quem teve jornadas e salários reduzidos, não conseguiram repor os ganhos antes da crise. Além disso, parte dos dependentes desses pagamentos, declaram atraso para receber o dinheiro e isso os obriga a atrasar os compromissos.

A coordenadora de sondagens do Ibre/FGV, Viviane Seda, afirma que a redução de renda é tamanha e todo recurso será consumido com o básico para sobrevivência sem margem para o pagamento de dívidas.

Segundo a economista, a situação irá atingir até as faixas de renda mais altas. Portanto, enquanto os mais pobres terão que gastar tudo que recebem, os mais ricos controlam o consumo por conta da incerteza da economia, emprego e com o avanço da pandemia. Porém, o impacto deve continuar até o retorno das atividades.

Seda afirma que irá demorar para que as pessoas se restabeleçam. Segundo ela, as dívidas precisam ser prolongadas e o crédito indireto, por meio de parcelamentos, deve contribuir para o consumo no futuro.

Entrevistados indicam que a melhor saída é a tomada de crédito

O consumo preso pela queda de renda fez com que a cesta de gastos do brasileiro mudasse, passando a priorizar itens essenciais. E à medida que a renda cai, o preço desses produtos sofre influência.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) houve paralisia da inflação, com mudança de apenas -0,01% no IPCA-15 de abril. Porém, a alimentação em domicílio subiu 3,1%.

Uma pesquisa da empresa de inteligência Boa Vista, divulgou na última quarta-feira (29), que 56% dos entrevistados não poderá pagar as dívidas em dia por mais de dois meses. Já a metade deste grupo não se garante nem no primeiro mês para começar a se endividar.

Para os entrevistados pela pesquisa da Boa Vista, a melhor saída é a tomada de crédito. Os mais requisitados são o empréstimo bancário (21%), compras no cartão de crédito (14%), empréstimo consignado (12%) ou em financeira (11%), chegando até o cheque especial (8%).

Porém, o Banco Central divulgou na última quarta que a disposição dos bancos em oferecer crédito neste cenário não acompanha a demanda. O saldo total para as pessoas físicas avançou apenas 0,3%.

O professor de finanças do Insper, Ricardo Rocha, afirmou que os bancos estão prolongando o prazo de carência das dívidas para até 180 dias para evitar empréstimos. Segundo ele, se a taxa de juros estiverem baixas e o risco mais visível, o sistema financeiro retorna para o crédito.

Renegociação em tempos de crise financeira

Após análises de risco, todos os grandes bancos divulgaram planos de renegociação ou adiamento de pagamentos sem aumento de juros.

  • Banco do Brasil: Carência de 60 a 180 dias para pagamentos das primeiras parcelas em novas operações de crédito, criação de linhas de crédito consignado e crédito salário, além de maiores prazos de pagamentos que chegam a 72 meses no crédito automático e a 96 meses no crédito salário;
  • Bradesco: Antecipação de IR e 13º salário a 1,79% de taxa mensal, prorrogação por 60 dias de dívidas contratadas e pagas em dia, além de manutenção da taxa contratada, com juros proporcionais à carência requisitada;
  • Itaú Unibanco: Alongamento de contratos por até seis anos e extensão de parcelas para as linhas de empréstimo pessoal, crédito imobiliário, cheque especial, cartões de crédito e financiamento de veículos por até 120 dias;
  • Caixa: No Crédito Imobiliário, a Caixa criou a possibilidade de pausa ou de pagamento parcial de até três encargos, ou renegociação dos contratos que tiverem atraso de até 180 dias, para possibilitar o acesso à pausa emergencial;
  • Santander: Prestações vencidas a partir de 16 de março foram adiadas e o valor não será alterado, faturas do cartão com vencimento desde 15 de abril podem ser parceladas em até 24 vezes com desconto de 50% na taxa de parcelamento e 60 dias de carência, financiamento de veículos também será adiado por dois meses sem alterar taxas de juros.

O professor da FGV especializado em risco de crédito, João Carlos Douat, alega que esse processo irá transformar a cabeça do credor, com disposição de estar mais perto do cliente e entender as necessidades.

O líder da vertical de empréstimos da Associação Brasileira das Fintechs Fabio Neufeld, afirma que as empresas não estão pensando em parar com o aumento da demanda por crédito. Segundo ele, os associados estão reavaliando políticas de crédito e formas de cobrança.

Desemprego é um dos impactos da crise

Além disso, o desemprego o é outro dos impactos diretos no endividamento das famílias. O IBGE divulgou na última quinta (30) que, no Brasil são 12,9 milhões de trabalhadores parados.

Trabalhadores enfrentam dificuldades para se cadastrar no seguro-desemprego

A crise gerada pela pandemia do novo coronavírus provocou cerca de 150 mil pedidos de seguro-desemprego a mais que no mesmo período de 2019, segundo estimativas do governo federal, na última terça-feira (28). Somando-se a eles todos os trabalhadores informais que requisitaram o auxílio emergencial.

Segundo a economista da Tendências Consultoria, Isabela Tavares, as medidas do BC, até então anunciadas, facilitam a negociação de prazos, mas não são capazes de socorrer o aumento na inadimplência, de dívidas bancárias, no comércio, água e luz, com a crise atual.

*Com informações do G1

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