O ex-ajudante de ordens do ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL), Tenente-coronel Mauro Cid, relatou em depoimentos prestados à Polícia Federal (PF) que foi o responsável pela organização, negociação e venda de joias recebidas em viagens oficiais do então governo. Ele revelou aos agentes que entregou o dinheiro oriundo das transações ilegais em espécie diretamente nas mãos de Bolsonaro. As informações foram reveladas pela revista Veja.
Cid estava preso de maneira preventiva há mais de quatro meses, no âmbito da investigação que apura a falsificação de cartões de vacinação de diversas autoridades brasileiras, incluindo o ex-presidente Bolsonaro e sua filha mais nova. A esposa e filha de Cid também foram envolvidas neste escândalo de tentativa de fraude sistemas do SUS. Ele argumentou que tomou tal atitude por medo de perseguição a sua filha e demais pessoas.
“Eu estava com medo de perseguição, a gente não sabia o que ia acontecer. Estava com medo de a minha filha não poder ir para a escola, a minha esposa não poder entrar no mercado” Tenente Coronel Mauro Cid
O ex-ajudante de ordens assinou recentemente um acordo de colaboração premiada, homologado pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A delação permitiu, dentre outras situações, que Cid possa responder ao processo em liberdade, desde que cumpra com algumas determinações impostas pelo magistrado. Ele está impedido de manter contato com outras pessoas investigadas, mesmo que por intermediação de seus advogados, não pode se ausentar do país, deve fazer uso de tornozeleira eletrônica e se apresentar ao poder judiciário uma vez por semana.
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De acordo com os registros do depoimento do Tenente-coronel, Bolsonaro estaria preocupado com sua situação financeira, prejudicada pelo recebimento de várias condenações ao pagamento de multas. Cid salientou que, apesar de alguns considerarem a venda dos presentes pertencentes ao Estado Brasileiro, algo imoral, eles acreditavam que não se tratava de uma ação ilegal. Sustentavam a tese de que os itens seriam de natureza personalíssima, ou seja, pertenceriam ao então mandatário do Palácio do Planalto.
“O presidente estava preocupado com a vida financeira. A venda pode ter sido imoral? Pode. Mas a gente achava que não era ilegal” afirmou Cid.
Fato é que, apesar de acreditarem nesta frágil teoria, adotaram um método controverso, alguns dos presentes sequer foram apresentados ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica, órgão responsável pela catalogação e direcionamento dos itens, ou seja, havia a constante intenção de burlarem o procedimento legal previsto.
Questionado sobre a minuta de decreto golpista encontrada em seu aparelho de celular, Cid refutou a ideia de golpe. Segundo ele, por ocupar o cargo de ajudante de ordens, recebia conteúdos dos mais absurdos possíveis, sendo que alguns sequer eram repassados ao agora inelegível, ex-presidente da República.
“Eu recebia um monte de besteira nesse sentido, de gente que defendia intervenção, mas não repassava para o presidente. Qual o valor daquele texto encontrado no meu celular? Tenente Coronel Mauro Cid
O conteúdo da delação apresentada por Mauro Cid, ainda segue preservado por segredo imposto pela justiça.