Uma explosão provocada por um homem-bomba deixou 34 pessoas mortas e mais de 150 feridas nesta segunda-feira (30) em uma mesquita no quartel-general da polícia em Peshawar, no Noroeste do Paquistão. O incidente, segundo fontes da agência de notícias France Press, ocorreu durante as orações da tarde na cidade, que fica perto da fronteira com o Afeganistão. Parte do teto da mesquita e de seus muros ficaram destruídas, e sobreviventes feridos foram resgatados dos escombros.
"Estou aqui na cena dos fatos, e as atividades de resgate estão em curso", disse o vice-comissário da cidade, Shafiullah Khan. "Mais corpos estão sendo retirados. Neste momento, nossa prioridade é salvar quem está soterrado."
Um jornalista na cena do incidente viu as equipes de resgate transportarem dois corpos sem vida em uma ambulância. Os mortos são em sua maioria policiais, e a expectativa é de que o número de vítimas aumente conforme os trabalhos de resgate avançam.
"As equipes de resgate estão ocupadas com a remoção dos destroços. Quando os destroços forem retirados, então estaremos em uma posição de dizer se foi ou não um ataque suicida", disse Alam Khan, um porta-voz da polícia de Peshawar.
Os responsáveis pelo ataque, disse em nota o primeiro-ministro Shehbaz Sharif, "não têm nada a ver com o Islã". Segundo o premiê, que prometeu uma estratégia compreensiva antiterror na província de Khyber Pakhtunkhwa, da qual Peshawar é a capital, "os terroristas querem criar medo ao mirar naqueles cujo ofício é proteger o Paquistão".
O centro onde fica a mesquita é uma área de alta segurança, perto dos tribunais, de residências oficiais e da Assembleia Provincial. O complexo inclui também as sedes dos departamentos policiais de contraterrorismo e investigação.
Em março de 2022, um ataque suicida em Peshawar foi reivindicado pelo Estado Islâmico do Khorasan, ou Isis-K, na sigla em inglês, deixando 64 mortos, o mais letal em solo paquistanês desde 2018. O grupo não assumiu a autoria do incidente mais recente.
O Isis-K surgiu em 2014, durante os 20 anos de invasão dos Estados Unidos e de seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que começou nas semanas seguintes aos ataques de 11 de Setembro de 2001 nos EUA.
Washington acusava o Taleban, à época à frente de Cabul, de abrigar Osama bin Laden, o chefe da Al-Qaeda e cérebro por trás dos maiores atentados terroristas da História americana. Ele, contudo, só seria morto dez anos depois, em maio de 2011, em Abbottabad, no Paquistão, a cerca de 200 km de Peshawar.
A invasão chegou ao fim com uma retirada caótica em agosto de 2021 que coincidiu com o retorno do Taleban ao poder após uma ofensiva relâmpago, piorando a drástica situação humanitária e econômica deixada pelas duas décadas de ocupação. O Isis-K, contudo, também é inimigo dos Taleban, e faz com frequência ataques terroristas em território afegão.
O Paquistão também enfrenta uma deterioração da situação de segurança desde a mudança no país vizinho. Após vários anos de calma relativa, o país voltou a ver ataques frequentes do ramo paquistanês dos taleban, o Tehreek-e-Taleban Paquistão (TTP), do Isis-K e de grupos separatistas do Baluquistão, região no Planalto Iraniano que compreende partes do Irã, do Afeganistão e do Paquistão.
A relação do Paquistão com Cabul é marcada por demandas para que o Taleban e grupos adjacentes parem de usar seu território para planejar ataques. As autoridades talibãs, contudo, negam que isso ocorra. (Com agências internacionais).