Muitos confundem Mediunidade, Metapsíquica e Parapsicologia, devido à tênue linha que as diferencia.
Segundo o “Dicionário Aurélio”, a Parapsicologia, é “a ciência que estuda experimentalmente os fenômenos ditos ocultos (comunicação com o espírito dos mortos, dissociação da personalidade, comunicação telepática etc.)”. Em outras palavras, é o estudo que procura dar definição lógica aos acontecimentos que fogem à razão do homem. Mas, queiram ou não, muita coisa escapa à sua capacidade de análise.
A Mediunidade é a faculdade psíquica que os médiuns possuem, manifestada de forma mais ou menos intensa, e por meio de uma variedade significativa de tipos (videntes, psicógrafos, audientes, musicistas, de intuição, de cura, etc.).
Metapsíquica ou Metapsiquismo indica, segundo interpretação da Psicologia, “um corpo de doutrinas, sem base no método científico, que se funda na aceitação da realidade dos espíritos, fenômenos espiritistas, criptestesia (percepção extrassensdorial) etc”.
Mas vamos ater-nos à Parapsicologia.
Em Anhanguera-SP existe o “Centro Latino de Parapsicologia”, dirigido pelo padre jesuíta Oscar Quevedo, um histórico inimigo da fé espírita, que a combate de certa forma até fanática, procurando justificar na Parapsicologia os fenômenos mediúnicos e atribuindo a eles atos do demônio, fenômenos químicos, físicos ou naturais. O padre Quevedo não aceita os fatos como os que ocorrem na “Casa de Dom Inácio”; prefere apenas dar satisfações à sua religião, sem aquilatar a seriedade dos trabalhos espirituais, que, segundo ele, está comprovado que existem pessoas com poderes especiais capazes de captar forças externas; tudo depende do uso que delas se faz.
Entretanto, fatos concretos mostram que os fenômenos operados por João Teixeira de Faria e muitos outros acontecem por determinação divina, que permite aos espíritos iluminados derramarem por toda parte a fé e a esperança.
Em fevereiro de 1981, certa vez um grupo de senhoras, que haviam sido curadas por ele, estavam temerosas de que denúncias levadas ao conhecimento da polícia pudessem redundar na prisão de seu benfeitor. As senhoras pediram a Dercil de Sá Abreu, prefeito da cidade de Anápolis-GO, que mandasse uma pes-soa idônea para observar e analisar as intervenções do médium, que estava sendo vítima de perseguições da classe médica local. O prefeito, então, designou o parapsicólogo Ranulfo Barbosa, então consultor técnico do seu Gabinete com a incumbência de atender o pedido daquele grupo.
Para não prejulgar, o parapsicólogo foi a Abadiânia, onde assistiu a tudo e constatou que João é médium de efeitos físicos e possui qualidades excepcionais, as mesmas que foram constatadas pelo próprio parapsicólogo em Zé Arigó. Ranulfo estava misturado na multidão que assistia aos trabalhos, quando a entidade (naquela oportunidade, Dom Inácio de Loyola estava incorporado), como que para provar sua força espiritual, chamou-o:
– Irmão, venha cá!
E pegou-o para auxiliá-lo nas operações de catarata, extirpação de tumores e um sem-fim de outras moléstias, todas desenganadas pela Medicina.
Apesar de todas as operações que ajudou a fazer, na condição de enfermeiro improvisado, a que mais lhe chamou a atenção e o convenceu da seriedade do trabalho de João Teixeira foi a de um paciente, conhecido seu, que, em razão de queimaduras, tinha vários hematomas. Sua pele era escamosa, à semelhança de couro de jacaré, exalando um mau cheiro insuportável. Dom Inácio, através de João Teixeira, pegou um chumaço de algodão e molhou-o um pouco com a água que dera a Ranulfo para beber e, em seguida, passou nas bordas da ferida, enchendo-a com algodão seco e ateou fogo.
Da ferida queimando-se desprendia um odor de podre, até que o cheiro ficou semelhante a carne assada, quando se acalmaram as labaredas. E João, com outro algodão embebido de água, acabou de limpar o local. O paciente nada sentiu, e dias depois se encontrava totalmente curado, pois o próprio parapsicólogo, conhecido do paciente, pôde acompanhar a progressão de sua cura.
Um outro conhecido parapsicólogo, Jorge Damas, em entrevista publicada no Jornal Correio do Planalto, de Anápolis (edição de 14.8.81), testemunha a paranormalidade de João de Deus, que, certo dia, em Abadiânia, também como para mostrar sua força espiritual, chamou o parapsicólogo para auxiliá-lo nas cirurgias, tendo este dado testemunho do que ocorreu, demonstrando que não existe farsa na “Casa de Dom Inácio”.
(Liberato Póvoa, desembargador aposentado do TJ-TO, escritor, membro-fundador da Academia Tocantinense de Letras jurista, historiador e advogado - [email protected])