Estresse e depressão estão entre os principais problemas psicológicos enfrentados por profissionais que sofrem pressão excessiva no ambiente corporativo. Segundo o Ministério da Previdência Social, a pressão e a jornada prolongada para conseguir cumprir metas e prazos são alguns dos fatores que mais contribuem para as faltas dos colaboradores ao trabalho. Além disso, também podem prejudicar o bem-estar do colaborador, levando até mesmo ao afastamento temporário de suas atividades profissionais.
É claro que a pressão em excesso atrapalha a performance profissional e até a vida pessoal e social do trabalhador. Mas será que uma certa pressão do chefe, aplicada da forma correta, não pode ter um lado positivo, no sentido de desafiar a entregar mais e melhor, tornando-se um profissional mais completo?
Durante toda a vida passamos por momentos de maior pressão, começamos a sentir isso ainda na escola, passando pela convivência em família, os relacionamentos pessoais, entre outras áreas. Porém, de modo geral, a pressão no ambiente de trabalho, que ainda é vista como "vilã", é a que mais afeta a vida das pessoas. É preciso aprender a lidar com ela para que não prejudique o desempenho, a qualidade do trabalho e o alcance dos resultados.
No ambiente de trabalho as relações precisam ser saudáveis, tanto por parte do líder como também do colaborador, pois é nesse local que ambos passam a maior parte do seu tempo. No entanto, a pressão por resultados e performance sempre existirá, e é preciso saber lidar com isso e identificar como podem atuar a favor da carreira profissional. Muitos profissionais se apegam apenas ao lado negativo da pressão exercida por seus superiores, e não percebem que perdem a oportunidade de sair da zona de conforto, usando a pressão como uma grande mola propulsora para alavancar a carreira de forma mais rápida e precisa. É bastante comum que o profissional se acomode após algum tempo em uma mesma função ou empresa, e é fundamental fugir dessa armadilha no momento certo, sem prejudicar a performance ou até mesmo a reputação profissional. Nesse sentido, a pressão pode passar de "vilã" a aliada.
Ainda existem empresas que vêem a pressão como "teste de sobrevivência", onde somente os mais fortes "sobrevivem" e permanecem na equipe. Mas isso também depende muito da afinidade de valores entre colaborador e empresa, e de uma postura pró-ativa por parte do colaborador em relação ao trabalho. Se ele realmente "veste a camisa" e gosta da filosofia daquela empresa, fica mais fácil que os desafios sejam entendidos e que ele cumpra o que é esperado.
É claro que conhecer bem o meio em que se trabalha não significa que a pressão não irá existir. Ela muitas vezes se intensifica porque a empresa passa por um momento que não é tão positivo, porque clientes estão insatisfeitos ou não renovaram o contrato, entre outras dificuldades. Além disso, exigir mais desse ou daquele profissional para ver até onde ele pode ir muitas vezes não significa que ele é ruim e será demitido. Muitas vezes é para verificar como o profissional se comporta diante daquela pressão. Isso pode acontecer quando a empresa acredita que aquela pessoa tem potencial para alçar voos maiores dentro da hierarquia, e quer testá-la antes de oferecer uma promoção.
Por isso, é importante saber lidar com a pressão e buscar encará-la mais como uma fonte de motivação e como impulsionadora para o crescimento profissional e pessoal do que como algo negativo. Assim, quando a pressão do seu chefe for moderada e aplicada da forma correta, lembre-se de que ela poderá te levar a realizar coisas que não teria feito em condições normais, com mais controle da situação. Nessas horas, não reclame da pressão, e sim a veja como um degrau para desenvolver novas habilidades, em prol do seu crescimento.
(Alexandre Lacava, especialista em vendas, negociação e liderança, atua como palestrante e coach. É autor do livro "7 passos para ser um líder de vendas")