Quando jovem, ainda um ser inocente, já escondia um amor com medo de perdê-lo, e já perdi por gostar de enviar cartas de amor mostrando um sentimento profundo. Já segurei nas mãos de alguém por medo e tive tanto medo ao ponto de nem sentir minhas mãos dela. Já exclui de minha vida pessoas que amava e com o tempo me arrependi disso, mas já era tarde demais. Já passei noites chorando até pegar no sono e quando conseguia dormir o dia já clareava e eu estava infeliz ao ponto de nem conseguir abrir os olhos. Já acreditei em amores perfeitos, mas no fundo, sabia que não existia. Já amei pessoas que me decepcionaram, mas também já decepcionei pessoas que me amaram. Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem eu era e foi aí que tive tanta certeza da minha existência ao ponto de querer sumir, mas não entendia por que. Não gostava de mentiras, mas cheguei a mentir pela pessoa, a famosa mentira do bem, mas me arrependi depois, Gosto da verdade, mas também já me arrependi muitas vezes. Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para, mais tarde, chorar quieto em meu canto. Eu já sorri derramando lágrimas de tristezas, e no fim, chorei de tanto rir. Já acreditei em pessoas que não valiam à pena e deixei de acreditar nas que realmente valiam. Tive crises de risos quando não podia e muita falta de alguém, mas nunca lhe disse por que sorria e o porquê de sua falta. Gritar, eu já fiz isso muito, e gritava quando deveria no momento estar calado, mas já fiquei calado quando deveria gritar.
O tempo passou e carcomeu o meu rosto, todavia, ainda ouso falar o que penso para agradar uns, mas esqueço que posso estar desagradando outras. Hoje falo o que penso, mas, antes eu pensava para não magoar outros. Já fingi ser o que não sou para agradar uns, mas já fingi ser o que não sou para desagradar outros. Já contei piadas e mais piadas, sem nexo, sem graça, apenas para ver um amigo feliz. Já inventei histórias surreais com final feliz para dar esperança a quem precisava. Eu posso afirmar que já sonhei demais ao ponto dele me confundir com a realidade. Nunca tive medo do escuro e ele sempre me ajudou a repensar, concentrar e olhar a claridade de um modo diferente. Caí inúmeras vezes diante de algumas adversidades que a vida nos impõe, mas me reergui, esmo pensando que não conseguiria reerguer. Já me reergui várias vezes achando que não cairia mais, mas o destino é cruel. Só peço que evitem me dar fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre, e às vezes, é preciso errar pra a gente enxergar o erro cometido. Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração. Não me façam ser o que não sou e nem me convidem a ser igual, porque sinceramente, quero ser diferente. Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, precisos de asas, pois não sei voar com os pés no chão. Sou sempre eu mesmo, mas com certeza não serei o mesmo pra sempre! Quando se fala de sabores gosto de bebidas suaves, sucos gelados e café adocicado; não gosto de idéias insanas, de escrita sem nexo, de pensamentos obscuros, complexos e de sentimentos fracos, mas tenho um apetite voraz e até delírios loucos quando se fala em viajar. Se me vir arrumando as malas você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer: E daí? Eu adoro voar porque o amor está no ar!.
(Vanderlan Domingos de Souza, advogado, escritor, missionário e ambientalista. É vice-presidente da União Brasileira dos Escritores, membro da Academia Morrinhense de Letras, membro da Alcai – Academia de Letras, Ciência e Artes de Inhumas, membro da Conbla – Confederação de Letras de Artes de São Paulo. Foi agraciado com Título Honorífico de Cidadão Goianiense. Escreve todas as quartas-feiras para o Diário da Manhã)