De textura refrescante, com perfume de cachaça branca, sabor de gim brasileiro e aroma cítrico, o drinque Meu Caju dá boas vindas como escolha certeira para temperar os paladares de pais e filhos neste domingo, 13. Tem cajuína artesanal e falernum. Seu gosto - autêntico e saboroso - faz as vezes de guia turístico pelas sensações etílicas do Brasil.
Um dos eixos da casa se estrutura sob o pilar da brasilidade. Dentre os grandes sabores do bar, destaca-se o ousado Amazon Punch. Trata-se de coquetel exótico, brasileiríssimo: cachaça, mel de cacau, cajá e formiga saúva - ingrediente, convenhamos, inusitado.
Há duas opções: você pode biritar esses drinques no sacrossanto conforto do lar desde que compre os insumos no mercado, ou - se estiver em confortável situação financeira - convém apanhar um táxi agora mesmo, ir até o aeroporto Santa Genoveva e adentrar no primeiro avião com destino à capital paulista. É na cosmopolita cidade onde se instala o JW Marriott Hotel.
Chegando lá, verá um amplo lobby com pisos de mármore. Aí fica o Bar Caju. Aos fundos, localiza-se uma escada vermelha dourada que leva os visitantes ao centro de eventos. A tonalidade escura das madeiras se mistura à cor bege de estantes, cadeiras, mesas e abajures. Obras de arte assinadas por Burle Marx decoram paredes na companhia de Antônio Malta e, passando pela recepção, está o Caju e sua carta recheada por sabores da alta coquetelaria.
Uma vez instalado no bar, é recomendável - óbvio - pedir o carro-chefe da casa, o Meu Caju. Mas se você gosta mesmo de clássicos, como gostavam os bebuns Ernest Hemingway ou Henry Miller, pule para o Boulevardier. Primo do Negroni, o coquetel seduz pelo gosto amadeirado, fortíssimo ao primeiro trago, com o gim sendo trocado pelo bourbon (uísque americano). É um clássico entre os bons de copo. Se o paizão gosta, não tem erro. Não tem.
O Boulevardier está em alta nos bares, ainda que não seja novo. Criado em 1927 pelo escritor Erskine Gwynne, extrapatriado em Paris e fundador da revista literária “The Boulevardier”, o drinque chegou a ser decretado, em 2018, como o coquetel do ano. Quem bateu o martelo foi a “The Economist”. Vá com sede, porém se lembre de que a birita cai pra lá de bem a um paladar já habituado ao gosto marcante do uiscão. Boêmios profissionais têm esse talento.
Sofisticado e delicioso, o Manhattan surgiu no século 18, quando se teve ideia de que misturar bourbon, vermute e angostura daria certo. Se você duvida, taí sua longevidade. Possui um sabor adocicado, mas intenso. É um aperitivo forte, ideal para antes das refeições. Só que convém bebê-lo com moderação, caso não seja habituado a sessões etílicas. Se Boulevardier remete a sensualidade cantada pelo francês Serge Gainsbourg, Manhattan lembra Frank Sinatra enxugando todas num clube jazzístico esfumaçado de Nova Iorque.
Mas nem todos preferem biritas pesadas. Se for o caso do seu pai, a sugestão é apresentá-lo a um licor interessante. A base é simples: London Dry Gin, limão siciliano, chambord, amora e framboesa. “O gelo que sua ex te deu não vinha com London Dry Gin licor chambord francês. Cure coração partido com o coquetel The Bramble”, define Leonardo Félix, bem-humorado. Tirando esse detalhe, existe lá seu prazer em saboreá-lo - com o pai, lógico.
O Bar Caju reúne ainda outras delícias em sua hipnotizante carta de bebidas, como é o caso do Cosmo-Not Milk Punch. Criado por Gustavo Rômulo, mixologista do estabelecimento (uma espécie de Neymar das bebidas), é um drinque frutado feito com chá de flores e frutas vermelhas com toque de especiarias e rum. Essa birita é difícil de preparar em casa, mas - se for ao Marriott no Dia dos Pais ou por agora - não o evite. Beba-o, e sem dó.
Tudo isso, aos exigentes, talvez não seja o bastante para compor uma criação de beleza, mas isso vai por água abaixo assim que se beberica os drinks: tão bom que nos instiga a mais e mais. Os créditos se dirigem ao bartender Leonardo Félix, à frente do Bar Caju, sobre cujo balcão este repórter repousou os cotovelos na semana que se finda. Quem reverencia um uisquinho, que tal um Old Parr, hein? Nunca é demais um birinaite, cá pra nós.
O bar funciona até 1h e, pelo menos duas vezes por semana, tem música ao vivo. À frente, está o restaurante ítalo-brasileiro Neto, comandado pelo chef Icaro Rizzo. São pratos italianos com roupagem brasileira. As receitas clássicas da cozinha mediterrânea ganham o tempero nacional, mas com organização sazonal e com insumos de pequenos produtores. Um dos melhores pratos é a stracciatella: azeite de manjericão, pó de azeitonas. Ah, e no Caju é servido ainda pizza de aliche que se aclimata ao sabor dos drinques. Vamos às boas.
O repórter viajou a convite do JW Marriott Hotel