“Janela Intrusa” surge para envolver o público em uma trama onde a fofoca e a inveja são os personagens principais. A peça, escrita por Marília Ribeiro, coloca em cena a complexidade das relações humanas através de duas vizinhas, Sra. Neide e Sra. Jaime. Suas vidas estão conectadas pela janela que divide suas casas, mas une suas histórias.
A peça destaca-se por sua estrutura dramática inovadora, onde os diálogos entre os dois núcleos familiares são alternados de forma dinâmica e simultânea. Segundo Marília Ribeiro, a inspiração para escrever a peça veio da observação das pessoas e de como elas constantemente se comparam, gerando frustração e inveja.
No centro da narrativa está Sra. Neide, uma mulher elegante e solteira, e seu jardineiro, Ricardo, um artista místico que guarda segredos profundos. Do outro lado da janela, Sra. Jaime está presa em uma teia familiar de trambiques e esquemas políticos com seu filho Eduardo e sua nora Marlene.
A peça explora como essas famílias, separadas fisicamente mas unidas por uma constante vigilância mútua, revelam mais sobre si mesmas ao observar a vida alheia.
Marília detalha o processo criativo por trás dos personagens, explicando que inicialmente eram uma só personagem, mas aos poucos foram ganhando características específicas.
A dinâmica das cenas simultâneas é outro ponto forte da peça. A estrutura foi inspirada na poesia concreta, dividindo os núcleos para mostrar a necessidade de comparação.
As ações de uma família interferem diretamente nas reações da outra, criando uma espécie de sonoplastia ao vivo. Marília destaca o desafio de colocar essas cenas de forma que o olhar de uma família interferisse na ação da outra.
O cenário de “Janela Intrusa” é simples, mas altamente simbólico. Uma janela redonda, representando um olho gigante, simboliza a constante vigilância entre as vizinhas. “Todos usamos óculos no figurino para ver e tentar entender o outro,” descreve Marília.
A cadeira misteriosa, construída por Ricardo, é fundamental na trama. Ela representa o estado de busca contínua e, ao sentar-se nela, os personagens atingem uma revelação e libertação.
Sobre a temática contemporânea da peça, Marília comenta que “a peça revela o espectador para ele mesmo, mostrando como julgamos e invejamos os outros. Com as redes sociais, essa dinâmica se intensifica. As pessoas estão constantemente comparando suas vidas com as dos outros.”
Marília Ribeiro também reflete sobre a evolução da dramaturgia brasileira, “Precisamos melhorar sempre, buscar novas formas e sermos referência mundial. A dramaturgia brasileira é rica e viva, e o teatro nunca vai morrer porque ele depende da palavra e do corpo vivo.”
Direção de Luiz Cláudio e no elenco Raquel Veloso, Cayé, Helena Moraes, Lucas Felipe e da própria autora, Marília Ribeiro, “Janela Intrusa” não é apenas uma peça sobre a vida de duas vizinhas; é uma reflexão sobre a natureza humana, a busca incessante por aquilo que o outro possui e como isso nos afasta de nossa própria riqueza.
A estreia, aguardada com grande expectativa, é um convite para o público olhar além das janelas e talvez, encontrar uma nova perspectiva sobre suas próprias vidas.
Acontece na sábado, 15, domingo, 16 e segunda-feira, 17, com apresentações às 20h no Cine Teatro Novo Ato - rua Dr. Sebastião Fleury Curado, 193 qd 24 Lt 18 Crimeia Leste. Goiânia/GO. Os ingressos antecipados pelo https://www.sympla.com.br/janela-intrusa__2486645
Entrada gratuita